19/06/2017 às 09h10min - Atualizada em 19/06/2017 às 09h10min

Os cinco princípios básicos da doutrina espirita

Maurício Teixeira
1 - Crença na existência de Deus

No homem selvagem como no homem civilizado, a ideia de Deus está presente e, salvo exceções, a procura pelo entendimento da divindade sempre foi questão que incomodou e incomoda o ser humano.

Nesta busca, por nos faltar o sentido do entendimento ou, por simples questão de imaturidade espiritual para tanto, tentamos entender o Criador com as nossas perspectivas, nossas características, no vão desejo de acomodar o incognoscível em nossa frágil mente humana, tal como se quiséssemos ajuntar as águas de todos os oceanos num único balde com capacidade para cinco litros.

Assim, vemos que a visão de Deus se alterou, nas várias épocas da humanidade, de acordo com a capacidade intelectual ou com os interesses a serem defendidos, até a completa inversão do conceito imagem e semelhança, pois a Bíblia diz que assim Deus fez o homem, mas com tantas adaptações e distorções da imagem do Senhor, acabou que foi o homem quem fez um Deus à sua imagem e semelhança.

Inicialmente foi, Deus, conhecido como sendo os fenômenos da natureza, para depois ser interpretado como a causa destes fenômenos naturais e, mais tarde, como um ser com características humanas.

A crença de que Deus é um velho de barbas brancas e cajado, sentado num trono, num antropomorfismo quase irracional, ainda subsiste e, aliada a ela, como se não bastasse dar-Lhe forma, o homem cercou-O de características humanas, como: raiva, ódio, desprezo, ira, parcialidade e terror, de tal forma que a termologia “temor a Deus” se vulgarizou.
Alguns tentam explicar que este “temor” quer dizer, na realidade, respeito, mas, convenhamos, existe enorme diferença entre ambas as palavras!

Allan Kardec, o bom senso encarnado, nos leva a um pensamento lógico: como não temos capacidade de entender as Suas características, pelo menos podemos compreender algumas que Ele, para ser Deus, não poderia deixar de ter.

Assim, começamos a conhecê-lo, não pelo que Ele é, mas pelo que Ele não pode deixar de ser!

Então Deus, para ser Deus tem, necessariamente que ser:

Eterno, pois Se Ele tivesse tido um começo teria saído do nada, ou teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.

Imutável, uma vez que se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o universo não teriam nenhuma estabilidade.

Imaterial, ou seja, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria; de outro modo não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.

Único, já que se houvesse vários deuses, não haveria unidade de desígnios, nem unidade de poder na ordenação do universo.

Todo-poderoso, porque é único. Se não tivesse o soberano poder, haveria alguma coisa mais ou tão poderosa quanto Ele; não teria feito todas as coisas e as que não tivesse feito seriam obras de um outro Deus.

Soberanamente justo e bom.  A sabedoria providencial das Leis Divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e essa sabedoria não permite duvidar de sua justiça nem de sua bondade.

Na visão espírita, Deus, conforme as características que Ele não pode deixar de ter, é a “Inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas. ”
Seu poder se mostra em suas obras (basta darmos uma olhadinha no universo) que, sendo perfeitas como Ele, já são criadas em forma de lei, imutáveis, inderrogáveis.
Seu ilimitado amor fez com que nos criasse e ao universo e este mesmo amor faz com que todos nós, os seus filhos, sejamos amados igualmente e igualmente respeitados.
Sua justiça nunca é exercida sem acompanhamento da bondade.

Embora chamá-lo de Pai já devesse ser a característica dos Cristãos, uma vez que este conceito foi inúmeras vezes proferido por Jesus, muitos ainda preferem ser chamados servos. O Espiritismo resgata a paternidade divina e nossa divina filiação, trazendo-O mais para o nosso entendimento.

Bem verdade que ainda estamos muito longe de entender Deus em sua perfeição infinita, mas como somos seus filhos, espíritos em evolução, esperamos, num amanhã, infelizmente distante, nos chegarmos mais próximos a Ele e O sentirmos, como Jesus O sentia... O vermos, como Jesus O via ... O amarmos, como Jesus O amava... e termos tal intimidade com Ele para podermos chama-lo “Abbá” (papai), como Jesus o chamava!  
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