18/09/2018 às 14h36min - Atualizada em 18/09/2018 às 14h36min

Das salas de aula de Minas Gerais à sala de concertos da Orquestra Filarmônica

7 mil alunos de escolas de nove macrorregiões do estado dão seus primeiros passos na música clássica, entre eles estudantes de Leopoldina.

Ir a uma apresentação de uma grande orquestra em uma sala especialmente projetada para concertos sinfônicos tornou-se uma realidade para 7 mil alunos dos quatro cantos do estado. Tudo aconteceu nos dias 3, 4 e 5 de setembro, na Sala Minas Gerais, casa da Orquestra Filarmônica. Foram cinco concertos seguidos, com 150 escolas e instituições da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de Alfenas, Almenara, Angelândia, Antônio Carlos, Araçuaí, Arcos, Barbacena, Belo Vale, Bonfim, Buenópolis, Campina Verde, Carangola, Caratinga, Carmo da Cachoeira, Coluna, Conceição da Aparecida, Coronel Fabriciano, Cruzília, Espinosa, Francisco Sá, Governador Valadares, Guidoval, Indianópolis, Ipatinga, Itabira, Itajubá, Itaobim, Itaúna, Ituiutaba, Jacuí, Janaúba, Januária, Jenipapo de Minas, Juiz de Fora, Lavras, Leopoldina, Manhuaçu, Miraí, Monte Carmelo, Montes Claros, Ouro Preto, Paracatu, Paraguaçu, Passos, Patrocínio, Paula Cândido, Piranga, Pirapora, Poço Fundo, Ponte Nova, Sabinópolis, Santa Maria de Itabira, Santa Rita do Sapucaí, Santos Dumont, São Domingos do Prata, São Francisco, São Sebastião do Paraíso, Sete Lagoas, Timóteo, Ubá, Uberaba, Uberlândia, Unaí, Várzea da Palma e Viçosa.

Tudo começou na sala de aula, onde monitores de música, ao vivo ou por videoconferência, desvendaram para professores e alunos eventuais mistérios sobre música clássica. O passo seguinte foi vivenciar os Concertos Didáticos da Orquestra Filarmônica. Do total de participantes, 3.200 estudantes vieram do interior por meio do projeto “Diálogos com a Capital”, que os convida a sair da escola, observar os problemas, desafios e potencialidades de suas cidades. De acordo com a Coordenadora de Educação Integral e Integrada da Secretaria de Estado de Educação, Cecília Resende Alves, “hoje a educação discute os projetos de vida da juventude. Mas, um projeto não se estabelece sem experimentações que deem oportunidade para esses estudantes pensarem grande. E os Concertos Didáticos permitiram que os jovens pudessem ver e saborear algo que as cidades onde eles vivem normalmente não oferecem. Acredito que a música é arte que inspira e que certamente dará bons frutos no futuro desses alunos”, afirma.

A professora Ivonete Ferreira e os jovens da Escola Estadual Betânia Tolentino Silveira enfrentaram 12 horas de viagem de Espinosa, município do norte de Minas, até Belo Horizonte. Mas, garantiram que o esforço valeu a pena. “Meus alunos ficaram eufóricos com a viagem e a visita à Sala Minas Gerais. Como eles passaram por uma preparação na escola, esse momento foi como uma aula prática, que deixou todos boquiabertos”, conta. Para Wilian Nunes, um dos alunos de Ivonete, participar dos Concertos Didáticos foi a realização de um sonho. “Sempre tive vontade de assistir a um concerto e, como toco flauta, tenho, ainda, o sonho de participar de uma orquestra. Nunca tinha visto e nem ouvido nada igual”, exclama o jovem de 15 anos.

Sob regência do maestro Marcos Arakaki, o programa dos concertos contou com as obras O Moldávia, de Smetana; Sonho de uma noite de verão, op. 61: Marcha Nupcial, de Mendelssohn; Série Brasileira: Batuque, de Nepomuceno; e Guilherme Tell: Abertura, de Rossini. Apesar da maioria dos jovens nunca terem estado em um concerto antes, muitos ficaram surpresos ao reconhecer alguns trechos das músicas apresentadas. Foi o caso da aluna Mariana Simões, da Escola Estadual Professor Botelho Reis, de Leopoldina, que ficou de ouvidos e olhos atentos durante toda a apresentação: “reconheci pelo menos duas obras”, comenta. Ela diz que já tem o hábito de ouvir música orquestral, principalmente enquanto lê e antes de dormir. “A música é parte da minha vida e posso dizer que esse foi o melhor passeio que já fiz até hoje”, comemora Mariana.

Em meio aos estudantes que participaram dos Concertos Didáticos de 2018, Hugo Maia, da Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek, de Passos, foi um dos poucos que pôde orgulhar-se de ter assistido à Filarmônica de Minas Gerais pela segunda vez. Isso porque, em junho deste ano, a Orquestra realizou uma turnê a Passos e ele teve a oportunidade de acompanhar a apresentação. “O concerto na minha cidade foi muito legal, principalmente porque é um tipo de atração que não temos por lá. Mas, estar na Sala Minas Gerais fez toda diferença”. A turma de Hugo foi acompanhada pelo diretor da escola, o professor Itamar José de Oliveira Junior, que conta: “Há um mês nós já sonhávamos com esse momento. Agora, é repassar para os colegas que não puderam vir”, comenta.

Parcerias

Com a edição de 2018 dos Concertos Didáticos, a Orquestra Filarmônica colaborou para os primeiros passos na música clássica de 49 mil estudantes. “É algo de enormes proporções. Os Didáticos fazem parte da nossa programação há 10 anos e constituem uma iniciativa importante dentro de nosso compromisso de ampliar o acesso e difundir o repertório sinfônico brasileiro e universal”, afirma Diomar Silveira, diretor presidente do Instituto Cultural Filarmônica, organização da sociedade civil responsável pela administração da Orquestra.

Para a sua realização, em 2018 os Concertos Didáticos contaram com as parcerias do Ministério da Cultura, Banco Votorantim e CBMM como apresentadores, o apoio cultural do Instituto Unimed-BH, bem como de pessoas físicas que doam parte de seu imposto de renda diretamente para o programa Amigos da Filarmônica. Além dos recursos financeiros, houve muito trabalho colaborativo entre a Filarmônica, a Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e a própria Secretaria de Estado da Educação.

“Todos nós, na Filarmônica, realmente acreditamos no poder transformador da música. Por isso, nesse momento, nossa sensação é de alegria, pois estamos seguros de ter plantado uma sementinha que vai germinar no interesse dos estudantes pelo repertório clássico”, diz o maestro Marcos Arakaki.

Plataforma educacional

A plataforma educacional da Filarmônica abrange diferentes segmentos: Concertos Didáticos (para estudantes do ensino fundamental e médio), Concertos para a Juventude (para a escuta da música clássica em família), Concertos Comentados (palestras para o público dos concertos de série), Festival Tinta Fresca (para novos compositores brasileiros), Laboratório de Regência (para jovens regentes) e Concertos de Câmara (para todas as idades, com vistas à aproximação das pessoas da diversidade de timbres existentes em uma orquestra).

Além da experiência presencial em salas de concerto, professores, alunos e público em geral têm, por meio do site da Orquestra, que conta com ferramentas de acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva e visual (www.filarmonica.art.br), acesso a textos sobre obras e compositores, sons, características e curiosidades sobre os instrumentos de orquestra, livros de introdução ao universo orquestral dirigidos a crianças, adolescentes e adultos, bem como vídeos sobre preparação de um concerto e especificidades dos repertórios.

Maestro Marcos Arakaki

Regente Associado da Filarmônica, Marcos Arakaki colabora com a Orquestra desde 2011. Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o primeiro lugar no Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes (2001) e no Prêmio Camargo Guarnieri (2009). Foi semifinalista no Concurso Internacional Eduardo Mata (2007).

O maestro foi regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), bem como titular da OSB Jovem e da Sinfônica da Paraíba. Dirigiu as sinfônicas do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo, Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica e Orquestra Experimental de Repertório. No exterior, regeu as filarmônicas de Buenos Aires e da Universidade Autônoma do México, Sinfônica de Xalapa, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e BoshlavMartinuPhilharmonic da República Tcheca.

Arakaki tem acompanhado importantes artistas do cenário erudito, como Pinchas Zukerman, Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, SofyaGulyak, Ricardo Castro, Rachel Barton Pine, ChloëHanslip, LuízFilíp, Günter Klauss, Eddie Daniels, David Gerrier e Yamandu Costa.

Natural de São Paulo, é Bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista, na classe de Violino de Ayrton Pinto, e Mestre em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts. Participou do Aspen Music Festival and School, recebendoorientações de David Zinmanna American Academy of Conducting at Aspen. Esteve em masterclasses com Kurt Masur, Charles Dutoit e Neville Marriner.

Seu trabalho contribui para a formação de novas plateias, em apresentações didáticas, bem como para a difusão da música de concerto em turnês a mais de setenta cidades brasileiras. Atua como coordenador pedagógico, professor e palestrante em projetos culturais, instituições musicais e universidades.

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fez seu primeiro concerto em 2008. Diante de seu compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal, a Filarmônica chega a 2018 como um dos mais bem-sucedidos programas continuados no campo da música erudita, tanto em Minas Gerais como no Brasil. Reconhecida com prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, a nossa Orquestra, como é carinhosamente chamada pelo público, inicia sua segunda década com a mesma capacidade inaugural de sonhar, de projetar e executar programas valiosos para a comunidade e sua conexão com o mundo.

Números da Filarmônica de Minas Gerais em 10 anos (até último concerto de junho de 2018)

1 milhão espectadores

769 concertos realizados

1.000 obras interpretadas

104 concertos em turnês estaduais

38 concertos em turnês nacionais

5 concertos em turnê internacional

90 músicos

550 notas de programa publicadas no site

179 webfilmes publicados (19 com audiodescrição)

1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral

4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica

3 CDs pelo selo internacional Naxos (Villa-Lobos)

1 CD pelo selo nacional Sesc (Guarnieri e Nepomuceno)

3 CDs independentes (Brahms&List, Villa-lobos e Schubert)

1 trilha para balé com o Grupo Corpo

1 adaptação de Pedro e o Lobo, de Prokofiev, para orquestra e bonecos com o Grupo Giramundo

Enviado por Pollian e Eliziário  e Raquel Braga da Personal Press
 
 


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