18/03/2019 às 09h12min - Atualizada em 18/03/2019 às 09h12min

É muito mais que só festa

Luciano Baia Meneghite
Bloco caricato Bão Igual Bosta descendo o morro do Pirineus (Foto: João Gabriel Baía Meneghite)
 
Milhares de pessoas se divertindo em um bloco carnavalesco sem nenhum tipo de briga ou tumulto e sem ninguém urinar em ninguém ou qualquer baixaria.  Uma animada charanga e bonecos gigantes que sempre chamam a atenção. Muitos elogios e todo o comércio pelo caminho vendendo tudo. Foi o que ocorreu na terça de carnaval com o desfile do ‘Bão Igual Bosta’.

O que a maioria não tem idéia é que a coisa tinha tudo pra dar errado. Poucos patrocinadores, verba curtíssima e falta de estrutura e mão de obra. Como organizador, ganhei muitas dores de cabeça, não só em sentido figurado, mas literal mesmo. Claro que houve a boa vontade de alguns colaboradores a quem já agradeci, mas a coisa saiu na base do sacrifício mesmo.

Existe a chamada indústria do carnaval, que gera sim muitos dividendos ao país, mas como bem disse Luiz Carlos Magalhães, presidente da Portela, escolas de samba ou blocos não são indústrias, nem devem ser como tal. Têm características próprias e objetivos diferentes. Além do trabalho que realizam, precisam sim de algum tipo de subsídio governamental. Neste carnaval no Rio tiveram que lidar com limitações financeiras e ainda assim fizeram bonito.

Numa cidade como Leopoldina em que as agremiações carnavalescas não contam grande infraestrutura e seus organizadores não vivem exclusivamente para elas, torna-se difícil mantê-las vivas. Veja a situação do Cutubas, Com sede própria no centro da cidade e praticamente inativo. O mesmo ocorre com a Unidos dos Pirineus com sua quadra eternamente inacabada.

 Gozadores falam de “cabeças de burros” enterradas nesses locais. Nem tão enterradas, mas atravancando o caminho de outros com certeza.  É aquela turma do “Me dá um dinheiro aí”.  Quando se metem a fazer algum evento, ao final, como conta um carnavalesco do Pirineus; “Jogam o dinheiro no teto. O que ficar lá em cima é da escola.”

Nada de errado ganhar dinheiro com o carnaval, muito pelo contrário. Quem dera que todos ganhassem. Tudo feito às claras, sem  pernada em ninguém. Pra isso é preciso que carnavalescos, comércio e prefeitura abram a mente e enxerguem as grandes possibilidades  turísticas, culturais e o retorno financeiro que o carnaval pode oferecer. 

Isso não se resume a distribuição ou não de subvenção. É muito mais que isso.
A primeira coisa a se fazer é uma reunião. Não daquelas feitas para marcar outra reunião, mas para todos falem e todos ouçam. As soluções aparecerão.


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