11/07/2022 às 13h35min - Atualizada em 11/07/2022 às 13h35min
As crianças catadoras de latinhas
Vitória Tavares
Imagem meramente ilustrativa /Foto de tobkatrina depositodephotos Por Vitória Tavares
Ontem eu estava em um show no Parque de Exposições daqui.
Olhando para o show, escutei alguém perguntar:
- Moça, posso pegar essa latinha, ela tá vazia?
Olhei pra trás e tive que olhar pra baixo pra ver quem tinha perguntado. Um serzinho que não parecia ter mais que 4 anos.
Falei que podia, me abaixei e perguntei e nome dele.
- Benito. (Nome fictício)
Benito ainda tem feições de bebê. Bochechas gordinhas e dentes de leite. Saiu com a latinha e foi pra perto de outras pessoas que também estavam catando.
Fiquei observando e vi que a cada latinha encontrada, ele e uma outra criança um pouco mais velha, comemoravam.
Um funcionário de um dos bares revirou uma lata de lixo grande no chão, e lá foi ele e as outras pessoas revirarem o lixo em busca de latinhas. Que pra eles, significa sobreviver.
Depois sentamos em uma mesa próxima. Pedi um guaraná. Benito voltou.
- Tia, tá vazia?
- Oi, não tá, mas você gosta de guaraná?
- Gosto
- Então pode tomar e depois você fica com a latinha, tá bom!?
E ele saiu levando a latinha.
Lembrei dos meus filhos, pensei neles em casa. Provavelmente já estão dormindo, quentinhos e alimentados”. Deu aquele aperto no peito de quando a vida nos mostra o quanto ela é injusta pra muita gente.
E há quem irá dizer, daqui uns anos quando as coisas não derem certo pra essa criança, como já não estão dando, que ele não se esforçou o suficiente. Que não batalhou tanto. Que a culpa é dele.