27/04/2024 às 17h29min - Atualizada em 27/04/2024 às 17h29min

Leopoldina: 170 Anos de Memórias, Educação e Cultura

Amanda Almeida (*)
Amanda Almeida Professora de História
Nas dobras do tempo, entre o Morro do Cruzeiro e o famoso Ribeirão do Feijão Cru, ergueu-se Leopoldina, uma cidade que há 170 anos vem tecendo suas memórias. No coração da cidade, pulsam as tradições educacionais que moldaram gerações de leopoldinenses. O Gynnasio Leopoldinense, o Grupo Escolar Ribeiro Junqueira e o Grupo Escolar Botelho Reis que sempre foram como faróis de luz, guiando os jovens pelo caminho do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de nossa cidade e região. Próximo das escolas, encontramos o Clube dos Cutubas, um espaço de encontro e celebração da cultura afro-brasileira, onde os tambores ressoam em celebração à nossa ancestralidade e diversidade. Lugar simbólico, de resistência e luta pela igualdade.

Porém, as tradições de Leopoldina vão além das raízes africanas, somos herdeiros dos povos originários que há séculos habitam estas terras, guardiões da sabedoria ancestral. Ao lado das tradições afro-brasileiras e indígenas, ecoam também os murmúrios da língua sírio-libanesa nos estabelecimentos comerciais e dos sabores da culinária italiana, trazidos pelos imigrantes que aqui encontraram um novo lar. É na mistura de idiomas, aromas e sabores que encontramos a riqueza e a diversidade que nos tornaram únicos e especiais.

Entre os filhos desta terra, destacam-se Jeronyma Mesquita, feminista, importante sufragista e defensora dos direitos das mulheres; Funchal Garcia, artista completo, pintor e escritor de talento incomparável; Vitalino Duarte, mestre de todas as artes e Dona Roxinha, a benzedeira mais famosa, cujo carinho e sabedoria curaram muitos corações; Serginho do Rock, poeta e músico que tinha paixão por Leopoldina; Dr. Ormeo Junqueira Botelho, visionário empresário à frente de seu tempo; Augusto dos Anjos, poeta paraibano que se eternizou por aqui, além de tantos outros leopoldinenses que escreveram suas histórias e marcaram nossas memórias.

E no meio dessa rica tapeçaria cultural, desenha-se o traçado da BR-116, estrada que corta nosso município como uma ferida aberta, trazendo consigo o progresso e o desafio de conciliar o passado com o futuro. É preciso caminhar com cuidado sobre essa linha tênue, lembrando sempre das histórias que se perderam no asfalto e dos sonhos que ainda precisam ser realizados.

Neste aniversário de 170 anos, olho para trás com gratidão pelos passos que nos trouxeram até aqui e para frente com esperança pelos passos que ainda daremos juntos. Que Leopoldina siga sendo não apenas um ponto no mapa, mas um ponto de encontro de culturas, memórias e sonhos, onde cada um de nós encontra seu lugar. Que os próximos 170 anos sejam marcados por muitas conquistas, mais inspirações e mais amor por esta terra que chamamos de lar. Viva Leopoldina!

(*) Foi Superintendente de Cultura na Secretaria Municipal de Cultura de 2014 a 2020, atuando no Museu Espaço dos Anjos e no Centro Cultural Mauro de Almeida Pereira. É membro da Academia Leopoldinense de Letras e Artes, ocupando a cadeira 25, cuja patrona é Jeronyma Mesquita. Atualmente, é professora de História na Escola Municipal Ribeiro Junqueira desde 2021.


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