24/09/2015 às 19h55min - Atualizada em 24/09/2015 às 19h55min

Escola Estadual Emílio Ramos Pinto será fechada para abrigar Universidade

Plano de expansão da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais pode investir até seiscentos mil em reforma do prédio e ampliar oferta de cursos em Leopoldina.

João Gabriel B. Meneghite
O diretor educacional da SRE - Leopoldina Sidilúcio Ribeiro Senra e a diretora da UEMG durante coletiva de imprensa (Foto: João Gabriel B. Meneghite)

A tradicional Escola Estadual Emílio Ramos Pinto (Anexo) será fechada ainda neste segundo semestre de 2015. A notícia pegou toda a comunidade de surpresa. Segundo a diretora Ana Maria Mamede, sua primeira preocupação foi com os alunos “Fizemos uma série de questionamentos e reivindicações para que essa decisão não os afete a sua vida escolar”, comentou a diretora.

O diretor educacional da SRE – Superintendência Regional de Ensino de Leopoldina, Sidilúcio Ribeiro Senra, fez algumas reuniões nos últimos dias com representantes da comunidade escolar para explicar o projeto de ampliação da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais, mas vem enfrentando resistências.

 

Na manhã desta quinta-feira, 24 de setembro, alunos da escola aproveitaram o evento organizado pela Polícia Militar no centro da cidade, onde várias escolas da cidade fizeram uma caminhada pautada na Semana Nacional do Trânsito, para manifestar sobre o fechamento da escola. Os alunos exibiam faixas e cartazes demonstrando indignação com a decisão.

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No início da tarde, Sidilúcio Senra e Beatriz Bento Cerqueira, diretora da UEMG em Leopoldina, se reuniram com os vereadores na Câmara Municipal de Leopoldina, para explicar o projeto de ampliação da Universidade. Já no final da tarde,  eles se reuniram com a imprensa.

Foi esclarecido que no prédio onde funciona a E.E. Emílio Ramos Pinto agora vai funcionar a Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG, que deverá ampliar a ofertas de cursos superiores em Leopoldina, entre eles o de licenciatura em história e diversas especializações nas áreas de educação.

O prédio pertence à Prefeitura de Leopoldina e é pleiteado pelo Estado para abrigar a UEMG através de um termo de cessão de uso de imóvel. O objetivo é que o prédio passe por uma reforma com investimentos previstos de quinhentos a seiscentos mil reais, revelou a diretora da unidade em Leopoldina Beatriz Bento.

Beatriz e Sidilúcio demonstraram preocupações em relação à interpretação da sociedade para com o projeto, já que envolve o encerramento das atividades de uma escola pública. “É importante que a população entenda a oportunidade histórica que Leopoldina está tendo com este projeto de expansão da UEMG”, comentou Sidilúcio.

  Beatriz Bento explicou que foram analisadas as mais diversas possibilidades de prédios em Leopoldina, inclusive onde funcionou a Clínica São José, local, que segundo ela, era uma das opções mais propícias. No entanto ela revelou que a UEMG não tem verba para aquisição e reforma ao mesmo tempo. Apenas recursos de custeio estão previstos no orçamento e nestes termos, foi decidido que o prédio que atenderia de melhor forma o plano de expansão da Universidade seria o da Escola Estadual Emílio Ramos Pinto.

Sobre o destino dos alunos matriculados no ensino fundamental e médio da escola, o diretor educacional da SRE-Leopoldina comentou que eles podem ser transferidos para outras escolas que os pais ou responsáveis escolherem. O diretor lembrou que naquela região há outras escolas e que os alunos não terão problemas em relação à distância.

 

Sobre a situação funcional dos servidores da escola, o diretor da SRE-Leopoldina informou que atualmente a escola encontra-se com vinte e dois servidores, entre professores, serviçais e pessoal de secretaria, que serão alocados para outras unidades educacionais que escolherem. Já os quinze servidores atingidos pela Lei 100, poderão concorrer a designações, comentou Sidilúcio. “Fizemos uma análise e constatamos que alguns desses servidores passaram em concursos e outros ainda poderão concorrer a designações, pois eles têm tempo no Estado e poderão pegar aulas em outras instituições”, completou.

 

Em relação aos serviços administrativos de secretaria como expedição de certificados, históricos escolares, a atividade continuará normalmente, pois estão previstas para acontecer apenas o encerramento das atividades pedagógicas até o final do ano letivo, sendo as atividades administrativas prorrogadas até que se conclua todo o processo de encerramento, previsto para 2016.

A Escola Emílio Ramos Pinto é integrante da rede estadual e atende o ensino fundamental e o ensino médio. Recentemente ofertava cursos técnicos do PRONATEC, chegando a formar duas turmas do Curso Técnico de Contabilidade.

Em carta enviada à redação do jornal Leopoldinense um aluno pede ajuda para manter a escola em funcionamento. “Nossa escola já sofreu muito preconceito e hoje, graças a Deus, estamos vencendo todos eles. A escola está repleta de bons alunos que amam a instituição. Isso não pode acabar deste jeito”, escreveu o aluno.

 

Vereadores vão tentar reverter a situação para Universidade coabitar com Escola.

O Diretor Educacional da Superintendência Regional de Ensino de Leopoldina Sidilúcio Ribeiro Senra revelou que esteve reunido com o presidente da Câmara Municipal de Leopoldina, Ivan Martins Nogueira, demais vereadores e professores para discutir sobre a situação. Sidilúcio revelou que os professores compreenderam o projeto de expansão da UEMG, mas demonstraram preocupações em relação à situação funcional e da continuidade das atividades da Escola.

Foi apresentada a minuta da ata da reunião realizada no dia 08/05/2015 entre SEE/MG - Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais e UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais, realizada na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

O assunto da ata tratava da cessão do prédio da Escola Estadual Emílio Ramos Pinto para a UEMG. Na reunião foi apresentado um parecer da SEE relatando a situação atual da escola como dados relativos à matrícula e número de servidores. Na reunião ficou definida a decisão que culminou no encerramento das atividades da escola. Ainda nesta reunião foi demonstrada a preocupação de um diálogo permanente com a comunidade escolar afetada para que não haja distorções sobre o assunto.

Os vereadores se comprometeram em tentar intermediar uma negociação com estado para que a decisão seja revertida e que a Escola funcione coabitada com a Universidade.

Beatriz Bento Cerqueira, diretora da UEMG em Leopoldina, disse que vai viajar para Belo Horizonte e apresentar as sugestões dos vereadores. Ela comentou que não vê nenhum problema em coabitar com escola e que este novo cenário será apresentado para os envolvidos na decisão.

 

História da Escola

O então Colégio Nossa Senhora do Espírito Santo foi criado em 1971 pela Diocese de Leopoldina e através de um convênio com o Estado de Minas Gerais, transformando em classes anexas da Escola Estadual Professor Botelho Reis até o ano de 1976. Por isso, ficou popularmente conhecida como ‘ANEXO’.

A Escola Estadual Emílio Ramos Pinto foi criada pelo Decreto nº 17.775, publicado no Minas Gerais em 21 de fevereiro de 1976. Sua instalação oficial se deu no dia 15 de Março de 1976, no governo Darcílio Junqueira Reis, sendo o prédio de propriedade do município de Leopoldina.

 

O seu nome é uma homenagem ao educador Emílio Ramos Pinto que dedicou 50 anos de sua vida à causa da Educação, especialmente em Leopoldina.

► Emílio Ramos Pinto

O seu primeiro diretor foi o professor Marcelo Barroso Domingues, ocasião em que o prédio ainda funcionava como Classes Anexas  à E. E. Professor Botelho Reis.  Também passaram pela direção da escola o professor Luiz de Melo Sobrinho (1977-1987); a  professora Maria Rodrigues Montes (Fevereiro-março/1987); a professora Clarice Maria Franzone de Abreu (1987-1998); o  Jorge Manoel Coimbra (1998-2001); a professora Maria Aparecida Netto Silva (2002) e no ano de 2002 a direção foi assumida pela supervisora Ana Maria Mamede, que permanece até os dias atuais.

No ano de 2002 foi implantado na escola o Ensino Médio a pedido da diretora Ana Maria Mamede, que também conquistou cursos profissionalizantes para escola, que formou turmas do curso Técnico de Contabilidade do PRONATEC. 


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