29/08/2014 às 22h51min - Atualizada em 29/08/2014 às 22h51min

O passado esquecido

    Leopoldina, uma cidade de passado histórico cultural rico, como nenhuma outra cidade da região da Zona da Mata mineira, a cidade conhecida como Athenas da Zona da Mata, que com o passar dos anos tem negligenciado sua história. Por que isso tem ocorrido?Como?O que deve ser feito?

 

   Leopoldina tem uma história muito rica, por aqui estiveram a Família Real, na época do Brasil colonial, leopoldinenses de destaque na música, como Serginho do Rock, nas artes plásticas, como Funchal Garcia e escritores, sem falar nos que adotaram Leopoldina de coração, como o poeta Augusto dos Anjos, que adorava seu maravilhoso e exuberante pé de tamarindo.

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A cidade das grandes obras, por onde passa uma das maiores rodovias federais, a BR-116, inaugurada pelo próprio Presidente Getúlio Vargas, a cidade em que a sua fábrica de tecidos foi espelhada no modelo inglês, consistia que os empregados deveriam morar perto do emprego para gerar comodidade e conforto para os mesmos, sem falar nas casas de modelo europeu construídas pela cidade.

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 Mas onde foi parar toda essa cultura? Demolida, mau tratada ou esquecida em qualquer canto da cidade.

 

   Cito o exemplo do marco comemorativo, feito na época em que o então Presidente Getúlio Vargas esteve na cidade para inaugurar a rodovia BR-116, esse marco hoje se encontra próximo ao córrego do bairro Três Cruzes. Cito exemplos ainda das casas do bairro da fábrica, que devido à falta de conhecimento das pessoas, algumas já foram demolidas, modificadas e perderam sua essência. Outras casas antigas da cidade, principalmente na Rua Cotegipe, foram demolidas por falta de cuidados, e com o tempo sofreram degradação, tornando-as impossíveis de serem habitadas, o que vem ocorrendo ainda recentemente.

 

O mais importante disso tudo, é que o escritor Mario de Freitas, em poucas edições de seu livro ´´ Leopoldina do meu tempo ``,registrou tudo,inclusive uma situação a qual quero compartilhar com todos vocês:´´ Durante os dias cheios de alegria e dulçor permanecidos nessa terra,eu conheci algumas senhoras centenárias e muitas na iminência de alcançar a tão festejada idade.A mais conhecida nessa época era Dona Luizinha Fernandes,que,pela situação privilegiada de sua casa-que hoje está toda mutilada aí na rua Gotegipe - onde ela,sempre debruçada à janela,se inteirava dos acontecimentos reinantes na cidade.

 

   Essa mansão merecia até ser preservada pela municipalidade, pois, além de ser uma das mais antigas, teve o privilégio de hospedar suas Majestades Imperiais D.Pedro II e a Imperatriz Dona Tereza Cristina, quando de sua visita em 30 de Abril de 1881.

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   O Dr. Carlos Luz, em louvável iniciativa, mandou afixar ao lado da porta de entrada uma placa comemorativa na manhã de 30 de abril de 1926, com festividade, como, aliás, já comentei aqui outra ocasião sendo eu um dos convidados, pois, poucos dias tinha que havia chegado à cidade.

    Lamentavelmente a placa desapareceu e as telhas de cerâmica portuguesa e, bem assim, as calhas e condutores de cobre trabalhados que figuravam no artístico beiral da casa, foram vendidos por aqueles que a adquiriram logo que Dona Luizinha e suas filhas Eliza, Chiquita e Adelaide mudaram-se para o Rio. ``

 

     Em poucos parágrafos pude apresentar o que ocorreu com algo bem importante de Leopoldina. Existe uma lei relacionada ao patrimônio histórico da cidade, pena que esta foi esquecida. A lei de n°1.662, autoriza o Poder Executivo Municipal, instituir o Instituto Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Leopoldina e dá outras providências. Esse instituto deveria cuidar do tombamento de bens imóveis e móveis, realizar pesquisas, cuidar de forma ativa dos bens e dentre outras funções, iria ser instituído como entidade autônoma, na forma de Pessoa Jurídica, sancionado pelo então Prefeito Dr. Osmar Lacerda França e assinado juntamente com o seu então secretário Vicente Tomáz Schettino, na data de 13 de abril de 1984.  Pergunto: então por que não fazer uso dessa lei?

 

Isso seria um grande passo para Leopoldina, salvar o pouco patrimônio histórico que ainda resta.

 

 

    Leopoldina tem como utilizar a cultura para arrecadar recursos que poderiam ser reinvestidos nesta preservação, basta a Prefeitura e a ACIL, se unirem e realizarem cursos para os lojistas, apoiar e incentivar mais o artesanato da cidade, e outras manifestações culturais, promover o tombamento do Patrimônio material e imaterial da cidade e utilizá-los como espaços relacionados ao setor cultural, aproveitar os distritos, como Piacatuba e Tebas por exemplo, para realizar turismo ecológico e cultural, além de um investimento  considerável com propaganda sobre o que Leopoldina tem a oferecer para o Brasil e quiçá, o mundo.

 

Seria interessante também se pensar no resgate da história de nossa cidade, através de depoimentos das pessoas que viveram e também ouviram essa história e que a cada ano vão nos deixando e reconhecendo que as novas gerações pouco conhecem a esse respeito.

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