09/08/2017 às 09h25min - Atualizada em 09/08/2017 às 09h25min

Poesia de Fabrício Manca ‘Sapin’ fica entre as 30 publicadas no livro do Festival

“Agradeço a todos que me apoiaram, principalmente os amigos e familiares que compareceram no evento", disse Fabricio no retorno a Leopoldina.

Paulo Lucio ‘Carteirinho’
O leopoldinense Fabrício Manca, popularmente conhecido como ‘Sapin’, que trabalha como carteiro na Agência dos Correios, representou a cidade de Leopoldina e os Correios, no 4º Prêmio SESI de Literatura, evento que aconteceu no dia 5 de agosto, no Teatro SESIMINAS, em Belo Horizonte, onde declamou a poesia de sua autoria intitulada ‘A pedra’. Uma torcida organizada por amigos e familiares alugou um ônibus para ir a Capital vibrar com Fabrício.

Na sua quarta edição, o Prêmio SESI de Literatura recebeu 625 inscrições, de 306 instituições e indústrias de 92 municípios de Minas Gerais, um crescimento de mais de 25% em relação à edição de 2016.
 
Infelizmente, Fabrício Manca (popular Sapin) não foi um dos premiados no Festival Literário do SESI. Porém, ficou muito feliz de ter participado do Festival.  Das 625 obras enviadas, sua poesia ficou entre as 30 classificadas, sendo escolhida por membros da Academia Mineira de Letras para ser publicada no livro do Festival SESI Literatura em Prosa e Verso, que foi lançado durante o evento. Fabrício Manca – ‘Sapin’ que autografou livros para seus convidados, parentes e amigos.

"É uma honra muito grande ter uma poesia analisada por membros da Academia de Letras. Honra maior ainda é saber que essa poesia foi classificada para a final e publicada no livro do Festival. Agradeço a todos que me apoiaram, principalmente os amigos e familiares que compareceram no evento", disse Fabricio no retorno a Leopoldina.  
 
Os vencedores:

 
Categoria Prosa

1º - Luan Domingues de Oliveira Alves, Graham Packaging do Brasil, Poços de Caldas (“O vendedor de tempo”)
2º - Wellington Pinto Coelho, Cemig Distribuição, Belo Horizonte
(“O muro”)
3º - Layane Michelly Almeida, Telemar Norte Leste, Belo Horizonte (“Tereza”)

Categoria Verso

1º - Marcelo Soares Firmino, Líder Indústria e Comércio de Estofados, Carmo do Cajuru (“Por que não lhe escrevo um conto”)
2º - Marina Faria Silva Fernandes, Thyssenkrupp Brasil, Ibirité
(“O menino e o rio”)
3º - Fernando Márcio Soares Pimentel, Cemig Distribuição, Belo Horizonte (“Tudo prosa”)
 
A poesia de Fabrício Manca

A pedra
(Fabrício Manca)

A pedra que acertaste em minha testa
É tão fria quanto tua mão que a molesta
Tão rígida quanto seu coração sombrio
Na noite que juraste ferir-me por amor
Restou-me apenas espinhos de uma flor
Que morrera de tristeza, câncer e frio
Perdi o caminho de casa naquela noite triste
Vi as desgraças reunidas, mas tu, tu não viste
Testemunhei a queda humilhante dos vitrais
Vi a agonia divertir-se enquanto esquartejava
Minha alma, tu não vira, a essa hora já estava
Recolhendo os cacos da dor que me ardia mais
Meu coração, assim como fígado de Prometeu
Regenerou-se tão rápido quanto você o comeu
Para que no dia seguinte voltasse a devorá-lo
E assim, dia a dia, o meu sofrimento eterno ia, ia…
E quanto maior meu coração, mais você o comia
Eternizando assim a agonia de não poder pará-lo
Eu era um desgraçado esmolando flor no paraíso
Oferecendo a eternidade em troca do seu sorriso
Ao som sarcástico das gargalhadas dos cupidos
Que no submundo do Éden, traficavam os amores
Arrancando a alma e a dignidade desses senhores
Em troca de todos os valores não correspondidos
E assim, no nível mais inferior da minha loucura
Eu observava tua cria porca com tamanha paúra
Que em meio a tantas quimeras e abstrações
Era ela, a fera mais desorientada, rústica e louca
Que carregava no vermelho quente da sua boca
O sangue fresco de todos os sôfregos corações
Como Atlas que carregava o peso do firmamento
Sobre minhas costas eu tinha todo o sofrimento
Dos bilhões de amores perdidos naquele segundo
Eu gemia só, aquela dor, com tamanha intensidade
Que tal era o peso do desespero da humanidade
Era assim, sobre minhas costas, o peso do mundo
Era a voz da alma que me esgoelava toda tristeza
E na afasia desesperadora da minha língua presa
Eu ruminava restos podres de poesias esquecidas
Eu era como o beato que se entrega ao ateísmo 
O Poeta desacreditado que se joga nesse abismo
Onde jazem todas as inspirações desaparecidas
Não, não me negaram flores no dia seguinte
Não me era o Natal, era-me sim, por conseguinte
O dia derradeiro em que hoje comemoro a morte
O dia em que os monstros me comeram a psique
Com a beleza de quem monta um piquenique
Para devorar o fraco que se mostrar mais forte
E foi de manhã, numa súbita crise de sanidade
Que me vi dominar o amor com tanta habilidade
Que ele me parecia no colo, um filhote vulnerável
E antes que crescesse e me devorasse por inteiro
Fiz com que gritasse e se escondesse no bueiro
Onde esconde todo sentimento hostil e miserável
A pedra ainda ardia minha testa quando adormeci
E durante o sono, em um pesadelo, foi que eu vi
Que amar tanto assim, é que me foi o maior erro
Eu acordei na mais completa e absoluta solidão
E descobri sob os escombros do meu coração
Que o amor morreu e eu não fui ao seu enterro


Fabrício (E) com o seu amigo Paulo Lúcio


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