“O morro não tem vez... E o que ele fez já foi demais... Mas olhem bem vocês... Quando derem vez ao morro toda cidade vai cantar...”
Soa meio sem imaginação, mas não tem como não lembrar da composição de Tom Jobim e Vinícius de Moraes ao ver as imagens da multidão que acompanhou o bloco Bão Igual Bosta, Unidos dos Pirineus, Bloco da Bento, Pérola Negra e demais integrantes do Pé de Cachorro, Fajardo, Cooper Beer e outros que desceram o morro do Pirineus por volta das 19h.
Quando comecei a escrever este texto e a selecionar as imagens registradas por meu irmão Biel, eram quatro da manhã. Tô muito cansado, mas insisto. É meio estranho ser e dar a notícia ao mesmo tempo, mas tento ser o mais honesto possível.
Como presidente da Unidos dos Pirineus e organizador do Bão Igual Bosta, se dissesse que não fico feliz, estaria mentindo, mas longe de deslumbramento, pois não fiz nada sozinho. Tive uma diretoria, que também tá longe da perfeição, mas tem muita vontade de acertar. Além de alguns colaboradores, a quem vamos agradecer nominalmente.
Houve mil dificuldades e empecilhos colocados no caminho. Alguns erros nossos, mas tudo superado pela avalanche de alegria de milhares de pessoas presentes. Duas... três mil? Não sei, mas formaram uma multidão. Completamos 18 anos de Bão Igual Bosta sem nenhum fato grave. Também comemoramos os 70 anos de fundação da Sociedade Recreativa Carnavalesca Unidos dos Pirineus.
Foram quatro bonecos gigantes presentes, Outros seis não puderam desfilar por falta de verba e tempo para reformá-los. Na correria esquecemos o estandarte do bloco na concentração. Mas a bandeira da Unidos dos Pirineus foi bem defendida por Bia e João Lucas do Pérola Negra. Convocados de última hora, assim como a bateria comandada por Douglas, Nino e cia, não esperávamos deles perfeição técnica, podem melhorar muito, mas emoção não faltou. Os metais convocados por Naná também chamaram atenção.
O bloco percorreu cerca de um quilometro da concentração na Cohab Velha até a Praça do Urubu, que permaneceu lotada até o início da madrugada.
Assista um trechinho da apresentação:
Os motivos da não ida à avenida Getúlio Vargas
Independente da minha opinião pessoal, respeitei a opinião da imensa maioria que optou por não acompanhar o carro de som até a avenida.
Ritmistas e carregadores dos bonecos estavam exaustos pelo trajeto e pelo forte calor. Não tínhamos peças para revezamento para mais um quilometro de desfile.
A porta-bandeira já queixava-se de dor no braço. Muitos foliões também cansados.
Claro que também houve um sentido de protesto pela opção da Prefeitura em financiar atrações de fora e não destinar subvenção às agremiações de Leopoldina, mas não foi o motivo principal do não comparecimento à avenida. Houve até quem defendesse a ida para mostrar nosso valor. Pedi ao George Marques que cantava no carro e aos músicos que chamassem quem quisesse acompanhá-los, mas poucos se dispuseram e não seria eu a impor nada.
A verdade é que entre a "Passarela da Princesa" e a passarela do povo, venceu a segunda.
Agradecemos à Secretaria Municipal de Cultura, ao secretário Alexandre Carlos Moreira, sub-secretário Claúdio, Flávio do som pela cessão de sonorização, banheiros químicos e segurança. Aos patrocinadores e colaboradores anônimos ou não.
Foto: João Gabriel Baía Meneghite
