29/05/2016 às 10h00min - Atualizada em 29/05/2016 às 10h00min

Nosso grande problema é o lixo ou as pessoas que não sabem onde jogar o lixo?

Oferecer informação é apenas o primeiro passo para se educar.

Lixo provavelmente de alguma obra ,parte dele queimado, jogado ao lado de placa proibindo esse descarte. Ao fundo, flores. Poderiam ser apenas flores, se as pessoas fossem um pouco mais sensíveis.
Natania Nogueira(*)

Eu deveria começar uma aula com a questão título deste texto. Com certeza a maioria dos meus alunos vai concordar que o lixo é o menor dos problemas. O maior mesmo é quem produz e não sabe descartar corretamente. Imagino que muitos deles secretamente (ou talvez descaradamente) façam parte do significativo número de pessoas que descartam incorretamente o lixo. Infelizmente, maus hábitos não se curam apenas com informação.
 
Por isso, entendo que EDUCAÇÃO PATRIMONIAL é muito mais do que informar mas, acima de tudo, conscientizar.
 
E tem diferença?
 
Claro que tem!
 
Eu posso saber que algo é ruim como, por exemplo, descartar lixo em terrenos à beira da estrada onde há um aviso enorme dizendo "proibido jogar lixo", mas mesmo assim eu o faço. É como o menino ou menina que todo dia joga o papel de bala do chão da sala de aula, mesmo tendo uma lixeira à sua frente. Ele sabe que não deve, mas não vê importância naquilo.


 
Placa na BR 116 (que precisa ser trocada com urgência) avisa que não se poder jogar lixo no terreno à beira da estrada.
 
Claro, as pessoas sabem a diferença do que é certo ou errado, mas optam em fazer o errado porque fazer o certo não tem significado algum para elas. Falta-lhes a consciência acerca das consequências das suas ações. 
 
Conscientizar é tocar a alma, por assim dizer. É despertar a sensibilidade, é dar condições a uma pessoa de escolher o certo não porque ela sabe mas porque entende que é o melhor a se fazer. Oferecer informação é apenas o primeiro passo para se educar.
 
Assim, projetos de educação patrimonial devem levar em conta a formação da sensibilidade acerca da necessidade e da importância da preservação. O indivíduo deve sentir-se parte da comunidade, deve valorizar o lugar onde mora, a escola onde estuda a praça que frequenta. Isso é educar, e educar não é fácil.
 
Escolas e órgãos públicos que promovem projetos de educação patrimonial precisam estar preparados para entender a diferença entre informar e educar para a preservação. Professores devem ter material de suporte, mas junto a este material eles devem receber orientação sobre as melhores estratégias, os melhores caminhos a se tomar para conscientizar o outro, seja ele aluno de uma escola ou membro de uma comunidade.
 
Então, eu vou insistir numa coisa que acho fundamental: a formação. O professor deve ser orientado sobre como trabalhar temas como educação patrimonial. Ele deve ser o primeiro a ser sensibilizado, para que possa sensibilizar seus alunos. Muitas vezes dá-se mais importância ao estar na sala de aula do que o preparar para a sala de aula. 
 
As escolas, em minha opinião, deveriam transformar horas de reunião em horas de formação. Entendo formação como preparação, instrumentalização do professor para o trabalho diário, como oficinas, cursos etc. Muitas vezes temos na própria escola material humano para isso e não valorizamos. Professores que podem dar dicas de como produzir determinado material didático, de como lidar com certo tipo de aluno ou de situação, que podem compartilhar experiências.
 
Enfim, sensibilizar é formar professores melhores, alunos mais motivados. Só assim, vamos aprender de realmente que se deve respeitar o aviso de não jogar lixo na beira da estrada e que não custa nada dar mais alguns passos e jogar o papel no lixo.


 
     
    (*)Natania A. Silva Nogueira-Professora da Educação Básica-Mestra em História-Historiadora
 


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