01/10/2018 às 21h25min - Atualizada em 01/10/2018 às 21h25min

Cachoeiro de Itapemirim, cidade cidadã

Cachoeiro foi a primeira cidade brasileira a ter um dia da cidade – 29 de junho. Esta efeméride vem ocorrendo todo ano desde 1939. Para a celebração da data é escolhido o Cachoeirense Ausente Número Um, que representa todos os demais.

Tive a alegria de ser Cachoeirense Ausente Número Um em 1985. É título que considero muito mais importante do que se tivesse ingressado na Academia Brasileira de Letras ou recebido o Prêmio Nobel de Literatura. Quem não é cachoeirense, pensa que estou exagerando. Quem é cachoeirense subscreve esta declaração.

Os princípios, que orientaram minha vida de Juiz de Direito, foram princípios que bebi e sorvi em Cachoeiro de Itapemirim.

Cachoeiro sempre foi e continua sendo uma escola de cidadania e dignidade humana.

Quais foram as figuras mais importantes de Cachoeiro, ao longo da História? Os poderosos, os ricos, os senhores deste mundo? De forma alguma.

Em Cachoeiro, as figuras mais importantes e amadas sempre foram aquelas pessoas que serviam de exemplo ao povo, por sua coerência ética, por sua capacidade de zelar pelo bem coletivo, por sua firmeza em abominar todos os preconceitos.

Que povo elegeria como símbolo de sua cidade um Poeta?

Que povo ergueria, na Praça, não apenas o busto deste Poeta, mas transformaria este Poeta em síntese da alma coletiva?

Que povo faria de Newton Braga sua senha de identificação?

Ou faria da condição de cachoeirense o passaporte para entrar no Céu, paráfrase de uma crônica de Rubem Braga?
A alma cachoeirense tem várias características que a singularizam:

a) ninguém precisa demonstrar ao cachoeirense que ele tem uma alma própria; este sentimento é intuitivo;

b) cachoeirense quando encontra outro cachoeirense, em qualquer país do mundo, reconhece no conterrâneo um irmão;

c) ser cachoeirense fica acima de diferenças religiosas, políticas ou ideológicas; em tempos de ditadura no Brasil, cachoeirense politicamente proscrito compareceu a sepultamento de ente querido em Cachoeiro, protegido pela fraternidade dos conterrâneos, de modo a não ser preso.
 
João Baptista Herkenhoff é Juiz de Direito aposentado (ES), palestrante e escritor.
E-mail: [email protected]
Site: www.palestrantededireito.com.br
 
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