21/05/2020 às 09h13min - Atualizada em 21/05/2020 às 09h13min

BARBEARIA DO NATINHO – Leopoldina-MG – Anos 1960

Edson Gomes Santos
Numa época em que os gêneros  masculino e feminino – macho é macho e fêmea é fêmea – tinham que ser “respeitados”, ficou definido que as barbearias seriam ambientes exclusivamente masculinos e os cabelereiros, femininos.

Àquela época não podiam ser “confundidos” barbeiros e cabelereiros... cada qual no seu lugar.

Cabelereiros, homens, naquela época, só me lembro de dois: O Sr. Mendonça, pai do Tuzinho, Juamiro Mendonça, e o Sr. Correia, ambos com salões na Rua Cotegipe.

Já barbeiros, havia muitos, tais como Sr. Osório Mendonça; Deusdedith; Delvoux; José Parreira; Fizinho; Oldemar Montenari; Jair; e, dentre eles, o Natinho.

Natinho trabalhava na Rua Cotegipe, numa loja térrea da residência do Sr. Otaviano Toledo; sua clientela era diversificada, e a todos ele atendia com a mesma competência, presteza e educação, independentemente do status do atendido.

O que mais chamava atenção naquela barbearia era o nível das conversas ali trocadas.

Não eram ouvidas nem divulgadas fofocas ou más-línguas; falava-se de política; de cultura; e, até, de futebol... porém mantendo-se os respeitos mútuos entre os dialogadores... sem baixarias... xingamentos... faltas de educação.

Natinho exigia RESPEITO, daí sua barbearia deter clientela diversa e respeitosa.

Meu pai, Eduardo Santos, comportamento formal, sentia-se “em casa” naquela barbearia.

Lembro-me de haver um “lance” do Natinho, do qual jamais me esqueci, que, agora, registro nesta crônica.

Natinho era fumante e, como todo fumante, refugava quaisquer críticas àquele vício e com ele convivia no dia a dia, plantando malefícios à saúde.

Tempo vai, tempo vem, não sei o porquê, certo dia Natinho resolve parar de fumar.

Atendendo um cliente; cigarro aceso no cinzeiro; Natinho, como que comprometendo-se  consigo e com os clientes à espera de atendimento, exclama, em voz pausada e segura:

- Neste momento PARO DE FUMAR PARA SEMPRE!E esmaga o derradeiro cigarro no cinzeiro...

E, parou!!! Tempos depois, contratado pela extinta Caixa Econômica de Minas Gerais, para tristeza dos clientes, fechou sua barbearia e assumiu, com garbo, a nova atividade.

NATINHO era e é apelido; origem?... não sei; seu nome?...nunca me preocupei em sabê-lo; quem me informou seu nome foi o Luiz Otávio Meneghite, porém, tenho certeza de que o cidadão educado, competente, trabalhador, estudioso, batizado e registrado como Sebastião Manoel Campos, será - para sempre, em nossas memórias, causos e vivências – lembrado, simplesmente, como  NATINHO.ABRAÇÃO PROCÊ!!!
 
Edson Gomes Santos, Divinópolis, jan/2020
 
 
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