O prefeito Pedro Augusto, bem antes de fazer o carnaval, vinha anunciando pelos quatro cantos da cidade que Leopoldina teria o melhor carnaval de todos os tempos. Não parou por aí, disse que seria o melhor carnaval da região. Confesso que achei muita prepotência por parte dele, afinal, primeiro faz para depois avaliar e quem deve avaliar não é quem faz, mas quem participa, no caso o povo.
Como participante avalio que tivemos um excelente carnaval, mas longe de ser o melhor de todos os tempos, até porque, tivemos excelentes carnavais em Leopoldina, inclusive a prefeitura homenageou grandes carnavalescos da cidade: Vitalino Duarte, Florêncio, Dona Creusa, Maria Amália, Noca da Portela, Dr. Lisboa, Funchal Garcia, Túfi Jorge e Zé Bandido. Pessoas que marcaram época.
Sinceramente, não vi nada nesse carnaval que marcasse época. Algo que venha ser lembrado por várias gerações. Os shows contratados foram mais do mesmo, música com pouca ligação com o carnaval e com a cidade, inclusive, com músicos de fora tocando alta hora da noite.
Alguns vão dizer que foi bom, pois a rua estava lotada. Mas rua cheia é uma tradição da cidade. Por aqui qualquer movimento enche a rua. Falo isso por experiência própria. Em 2019 fazia parte da organização da torcida Fla-Lelê e fizemos um grande evento no centro da cidade na final da Libertadores, a qual o Flamengo acabou ganhando. Na época contratamos som, DJ, grupo de samba, tenda, telão... O centro ficou tomado de rubro-negros. Isso fez com que nós da organização ficássemos orgulhosos, achando que a multidão estava ali por causa do nosso evento.
Passados três anos, novamente uma outra final da Libertadores com o Flamengo disputando. Dessa vez a Fla-Lelê não fez nada e mesmo assim tinha uma multidão no centro da cidade, um número igual ou até maior que 2019, sendo que não tinha nenhuma atração, apenas o jogo e os tradicionais carros de som pra lá de barulhentos. Quando vi essa cena percebi que em 2019 não fizemos nada demais, na verdade, apenas oferecemos para o público que já tem costume de ir para o centro da cidade, seja por futebol, eleição, shows... uma estrutura com mais qualidade. Apenas isso.
Falando em estrutura, nesse ponto podemos elogiar o prefeito e sua equipe. Com certeza foi uma das melhores. Tenho apenas uma crítica, o carnaval ter sido feito na Avenida, para mim deveria ser no centro devido ter mais espaço e conforto. No centro temos três praças: Félix Martins, General Osório e João XXIII; que permitem aos foliões um conforto melhor para aqueles por ventura cansaram e queiram descansar um pouco, sair um pouco da multidão, sentar, pegar um ar, conversar, paquerar, namorar... Na Avenida não tem lugar para isso, as pessoas tiveram que ficar em pé o tempo todo ou sentar no chão sem nenhum conforto. Até mesmo opções de lanches, bebidas, bares, banco, taxi... no centro tem mais, logo, o centro da cidade é para mim o local ideal. Mas o prefeito queria que todos vissem a estátua da princesa e o asfalto que fez, por isso o carnaval aconteceu na Avenida.
Tirando essa parte da Avenida, a estrutura foi muito boa. Inclusive nos distritos, bairros e blocos. Falo por experiência própria, ajudo organizar o bloco Cooper Beer e tivemos ajuda da prefeitura com: carro de som, banheiros químicos, tendas, som e segurança. Todos os blocos que cadastraram tiveram essa ajuda o que forneceu para os participantes mais qualidade e conforto. Vale destacar que em 2020 o prefeito Zé Roberto fez o mesmo, inclusive com direito a trio elétrico. Logo, o que a prefeitura fez não foi nada de novo.
Para 2024 pode-se pensar em ir além dessa estrutura fornecida, como também ajuda na parte musical. Quase todos os blocos têm alguma atração artística a qual a prefeitura poderia financiar, até porque, os valores dos shows que ela contratou foram absurdos. Ao invés de contratar shows caros é muito melhor pegar parte desse valor e financiar as atividades musicais dos blocos.
O show mais barato que a prefeitura pagou dá para pagar todas as atividades musicais de todos os blocos, nos quatro dias de carnaval e ainda sobra dinheiro. É fácil fazer isso, basta a empresa que fica responsável pela contratação dos shows entrar em contato com os blocos e colocar as atividades musicais deles no pacote. Não precisa dar dinheiro para os blocos, basta acrescentar as atividades musicais dos blocos no contrato com a empresa.
Falando em blocos, esse é o jeito de ser fazer carnaval nos últimos tempos. Cada ano que passa novos blocos surgem. Esse ano tivemos a criação de três novos blocos: Bloco da Bento (UEMG), Maria vai com as outras e Bloco da Democracia. Esses se somaram a diversos outros já existentes: Equipe Folia, Bunecão e Brejaeu, Pó de Giz, Cooper Beer, Pé de cachorro, Bão Igual Bosta, Fajardo, Descamisados, das Baianas, Corujão da Madrugada, Unidos de Ribeiro Junqueira, Unidos de Abaíba.
A tendência é cada vez mais blocos surgirem, se espalhando por toda a cidade. Sendo o autêntico carnaval, feito pelo próprio povo, com muita criatividade e inovação. Acontecendo de dia, tarde e noite. Sendo em todos os dias de carnaval. Cabe a prefeitura incentivar cada vez mais os blocos, algo fácil e barato, criando novos carnavalescos que marcarão época. No dia que isso acontecer teremos o melhor carnaval de todos os tempos.
Contratar gente de fora para tocar música na madrugada a fora, sendo música sem sentido com o carnaval e a cidade e achar que isso é o melhor carnaval de todos os tempos tá de brincadeira. Passou longe, muito longe. Mas foi bom, até porque não tem como ser ruim. Foi bom igual bosta.
