18/11/2022 às 08h12min - Atualizada em 18/11/2022 às 08h12min

Busto de Vitalino Duarte será inaugurado domingo, 20/11, Dia da Consciência Negra

Luciano Baía Meneghite
A ideia surgiu há alguns anos no Movimento Negro de Leopoldina. A instalação na praça Félix Martins de um busto de Vitalino Duarte seria uma forma de reconhecimento oficial não só a um artista popular leopoldinense, mas à contribuição fundamental da população negra para a história de Leopoldina.

Em 2017 a proposta foi apresentada na Câmara Municipal pelo então vereador Rosalvo Domiciano Flausino (PDT). Reapresentada a Indicação nº 160/2020 pelo vereador Rogério Campos Machado “Suino” (PSC) a ideia não saiu do papel.

Após a polêmica do anúncio de confecção da estátua da Princesa Leopoldina, inaugurada em 06 de setembro de 2022, o prefeito Pedro Augusto (PL) tendo junto o secretário de Cultura Alexandre Carlos anunciou em 02/08 a doação de dois de seus salários para a confecção do busto de Vitalino Duarte. A obra de autoria de Luciomar Escultor foi finalizada pela Fundição Ana Vládia de Contagem –MG.

A inauguração do busto está marcada para as 10h no local da antiga cascata na praça Félix Martins.

Homenagens anteriores

O carnavalesco Vitalino Duarte chegou a ser homenageado em vida na década de 1990, recebendo a Medalha do Mérito Leopoldinense por indicação da então vereadora Iolanda Canguçu André (PT).

Pouco antes de morrer Vitalino foi homenageado por mim, Luciano e minha mãe Zezé através de um boneco gigante no carnaval de 2003. O boneco continua desfilando em todos carnavais.

Em 2014 o Poder Executivo apresentou projeto de lei de incentivo à cultura que homenagearia o poeta Augusto dos Anjos, mas após emenda do então vereador Oldemar Montenari (PT), recebeu o nome de “Lei Vitalino Duarte”, sendo aprovada por unanimidade e sancionada e regulamentada pelo prefeito José Roberto de Oliveira (PSC). Apesar de criada, levou anos para sair de fato do papel; ainda de forma tímida.Em 21 de setembro de 2022 o prefeito Pedro Augusto ampliou o repasse de verbas para a Lei.
 

Vitalino da arte, Vitalino Duarte

 
Por Luciano Baía Meneghite.
 
O que faz de uma pessoa um grande artista? É a capacidade de interpretar perfeitamente como ator? É a beleza de uma voz potente e afinada ou a inspiração para compor grandes canções? A habilidade para se tocar um instrumento ou desenhar, pintar e esculpir?

Tudo isso caracteriza um grande artista; mas pode uma pessoa sem qualquer dessas qualidades ser um grande artista? Não digo dessas celebridades descartáveis fabricadas pela mídia, mas artista mesmo. Vitalino Duarte era.
Talvez alguém ache mais apropriado chamá-lo de animador cultural, mas certamente ele preferiria ser chamado de artista.

O menino nascido na Fazenda Copacabana em 15 de agosto de 1932, filho de Vitalino Izá Duarte e Maria Amélia Duarte, que só estudou até a segunda série primária, se não tinha certos dotes artísticos, tinha espírito livre de artista. O serviço na roça não o prendeu como nada o prendia, a não ser o gosto pela arte popular e pelas tradições.

Vindo para a cidade fez bicos diversos para sobreviver, sem nunca se afastar das festas folclóricas e religiosas. E assim nasceu o palhaço ou Papai Noel sempre com um megafone em punho a anunciar pelas ruas da cidade suas festas ou promoções do comércio.

No carnaval tornou-se mestre marcando presença por cinco décadas seja com sua boneca baiana ou com a simples, mas marcante “Escola de Samba Acadêmicos de Leopoldina”.

No rádio era presença constante, seja cantando, apresentando ou apenas como convidado.

Se não falava, lia ou interpretava bem, tinha carisma e teimosia suficientes e isso o fez peça fundamental na preservação e propagação das tradições culturais de Leopoldina e região.

Com defeitos e qualidades de qualquer ser humano e muitas limitações, principalmente financeiras, influenciou gerações. Se nunca se casou, nem teve filhos biológicos, deixou muitos filhos de sua arte. Vitalino da Arte, Vitalino Duarte. Trocadilho óbvio, mas inevitável.


 
 
Nos últimos tempos um problema em uma das pernas o fazia andar com dificuldade. Após algumas semanas internado em Juiz de Fora, Vitalino Duarte faleceu em 19 de abril de 2003.


Vitalino e Luiz Otávio Meneghite em transmissão de carnaval na década de 70 para a Rádio Leopoldina. Acima Jorge Antônio, Zé Brando (De branco) entre outros.
(Acervo jornal Leopoldinense)
 


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »