15/10/2022 às 19h26min - Atualizada em 15/10/2022 às 19h26min

Desempenho dos candidatos de Leopoldina

Paulo Lúcio Carteirinho
No último texto falei dos números da votação em Leopoldina de forma geral, destacando a votação nacional, estadual e a polarização entre esquerda e direita. Nesse texto destacarei a votação dos candidatos locais.
 
O primeiro ponto a destacar foi a excelente votação do Roberto Brito que teve 7.305 votos a mais que na última eleição. Em 2018 ele teve 20.746 votos e nessa eleição 28.051 votos, sendo que em Leopoldina ele passou de 10.822 votos em 2018 para 16.470 votos nessa eleição, aumento de 5.648 votos dentro da cidade. Robertinho teve mais da metade dos votos de Leopoldina.
 
Esse aumento da votação de Robertinho em Leopoldina se deu por 2 motivos: 1) a cidade teve menos candidatos locais, em 2018 concorreram 4 candidatos (Robertinho, Godelo, Jacques Vilela e Dr. Marco Antônio), nessa apenas dois (Robertinho e Pastor Heloyr); 2) José Eduardo ajudou muito Robertinho, mesmo eles não terem dobrado, a campanha dele reforçou o voto bairrista.
 
Falando no José Eduardo, ele fez sua estreia na política e foi muito bem, digo dentro de Leopoldina. Dos 18.817 votos que teve, 13.011 votos foram em Leopoldina, um pouco abaixo da metade dos eleitores.  Fora de Leopoldina ele não foi tão bem, teve  5.806 votos.

Rogério Suíno não se saiu bem, teve em Leopoldina apenas 932  votos, fora da cidade apenas 158 votos, totalizando 1.090 votos no geral.
 
Robertinho foi bem fora de Leopoldina, teve 11.581 votos em outras cidades. Mas quem se saiu melhor foi Pastor Heloyr, dos 17.725 votos que teve, 16.870 votos foram fora de Leopoldina. Na cidade mesmo ele teve apenas 855 votos.
 
Os candidatos de Leopoldina passaram longe de serem eleitos. O que mais se aproximou foi Robertinho que ficou como primeiro suplente. Para ser eleito precisaria de 5.570 votos a mais, tendo em vista que os votos dos que foram eleitos foram altos, tendo em vista a diminuição de partidos, o que fez com que tivéssemos menos candidatos e com isso os votos dividiram menos, ficando mais concentrados.
 
Em 2018, por exemplo, a deputada que entrou com menos votos foi Andreia de Jesus (PSOL) que teve 17.689 votos. Nessa eleição, o deputado com menos votos foi Rodrigo Lopes (União Brasil) que teve 28.270 votos. A votação do menos votado aumentou em mais de 10 mil votos e para 2026 esse número tende a ser maior, pois teremos menos partidos ainda, tendo em vista muitos não terem atingido a cláusula de barreira e terão que se unir ou se federar.
 
Sabendo disso, os candidatos locais terão que investir mais nos votos fora da cidade e não é tão simples consegui-los, até mesmo por causa do discurso bairrista. Vale destacar que quase toda cidade tem candidatos, Cataguases por exemplo, teve nessa eleição 8 candidatos (3 estaduais e 5 federais); Muriaé 7 candidatos (4 estaduais e 3 estaduais). Os candidatos dessas cidades usaram a mesma tática do Robertinho e José Eduardo: temos que votar em candidatos da cidade. Com isso, quando os candidatos de Leopoldina foram buscar votos nas cidades vizinhas não conseguiram, pois, a maioria dos eleitores de lá fez o mesmo que os eleitores daqui, votaram em candidato da cidade. Ou seja, o feitiço virou contra o feiticeiro.
 
Mas esse voto local é limitado, chega no máximo a 50%. A outra metade é dividida entre candidatos de fora, prevalecendo o voto ideológico e partidário. Eu mesmo votei ideologicamente. Aí entra a falha dos candidatos locais, eles não têm partidos e ideologia de fato. Inclusive, esconderam em quem votaram para presidente.
 
Quem acha que a ideologia e partido prejudica está enganado. Se analisarem a votação daqueles que foram eleitos, principalmente, os mais votados, vão ver que eles ganharam justamente por questões ideológicas e partidárias.
 
Nikolas Ferreira, que foi o mais votado do Brasil, com mais de 1 milhão e meio de votos, teve em Leopoldina 1.773 votos, isso representa 6% dos votos. Em Cataguases teve 4.580 votos (12%). Sendo fruto do voto ideológico. Cito também como exemplo a votação dos candidatos do PT, sempre muito bem votados, devido ao partido possuir uma militância forte nas cidades.
 
Falando em militância, o grupo do Ricardo Paf Pax conseguiu muitos votos para o Júlio Delgado. Em 2018, Júlio teve em Leopoldina apenas 158 votos, nessa eleição 1.390 votos. Isso é fruto da organização do partido e do grupo. Mesmo tendo uma boa votação, 51.923 votos, ele não foi reeleito. Devido àquilo que citei acima, menos partidos, menos candidatos, mais votos vão precisar. 
 
Como podem ver, quem quiser ser eleito daqui pra frente vai ter que ter muitos mais votos que antes. É possível candidatos de Leopoldina terem votos fora da cidade.  Para isso terão que abandonar esse discurso bairrista simplista, ter ideologia e principalmente, um partido organizado na cidade e região. Terão que apresentar para os eleitores motivos para votarem nele. Até hoje eles não me deram motivos para isso.
 
No meu próximo artigo comentarei como as eleições de 2022 podem influenciar as eleições de 2024.
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