02/03/2020 às 06h59min - Atualizada em 02/03/2020 às 06h59min

E agora Cláudia Conte?

Recentemente, o Partido dos Trabalhadores (PT) completou 40 anos de existência. Mas o clima  não está pra festa. A legenda que por quatro vezes ganhou a presidência da República, chegou a fazer governador em Minas Gerais,  uma grande quantidade de prefeitos e vereadores, vem perdendo espaço na política nos últimos tempos. Por outro lado, o PT continua como uma das  maiores forças política do país. Tem a maior bancada no congresso e foi o partido que mais  elegeu  governadores.
 
Visando recuperar espaço na política, o partido se prepara para as eleições de 2020. O objetivo é eleger um bom número de prefeitos e vereadores. A orientação da direção do partido é no sentido de ter candidatura própria. Como disse o presidente do PT de Minas Gerais, o deputado estadual Cristiano Silveira: “Time que não joga, não tem torcida”. Dessa forma, o PT vai colocar seu time em campo.
 
Em Leopoldina, a direção local vem se organizando para lançar candidatura própria. Coisa que não acontece desde 2004, quando a professora e ex-vereadora Iolanda Cangussu foi candidata. Nessa eleição Zé Roberto foi reeleito, obtendo 13.950 votos,  Bené Guedes  ficou em segundo com  11.844 votos e Iolanda em terceiro com   3.835 votos.
 
O PT foi muito criticado nessa eleição. A oposição na época responsabilizou a candidatura de Iolanda pela vitória de  Zé Roberto.  Depois desse ocorrido, o PT não lançou mais candidato. Apoiou  candidaturas da oposição. Por duas vezes lançou o vice-prefeito: 2008 Dr. Marco Antônio foi vice de Zé Newton e 2012 Dr. Marco Antônio vice de Marcinho Pimentel.  Na última eleição, O PT apoiou Breno Coli.
 
Depois de anos abrindo mão de candidatura, o  partido resolveu disputar novamente a eleição. Torce para que haja novamente  a união da oposição. Dessa vez, apoiando sua chapa. Mas está muito complicada essa unificação. Tendo em vista que nessa eleição não terá a polarização. Já que o prefeito Zé Roberto está fora da disputa. A eleição ficou aberta. O que explica a quantidade de pré-candidatos (8) até o momento. Uma delas é a do PT: Cláudia Conte.
 
Depois de 16 anos sem disputar, o partido novamente lança uma  mulher e professora. O partido aposta na força da mulher. Cada dia que passa as mulheres vêm ganhando espaço na política. Vale destacar que elas são  maioria da população. De acordo com o censo de 2010, dos 51.040 habitantes de Leopoldina: 26.584 são  mulheres e  24.456 homens. O censo de 2017 mostra um aumento da população para 52.587 habitantes. Não encontrei os números detalhados, mas as mulheres continuam sendo maioria.
 
Com uma população de maioria mulher, o partido acredita que a candidatura de uma mulher pode atrair os votos do público feminino e lhe garantir uma certa vantagem.  Porém, tudo indica que teremos mais candidaturas de mulheres. A vereadora Kélvia é também pré-candidata. Caso  confirmem essas duas candidaturas, tende a dividir os votos femininos entre elas.  O que será  ruim para ambas.  
 
O PT aposta também nas novas regras eleitorais. Nesse ponto o partido sai na frente dos demais pré-candidatos. Já que alguns nem partidos ainda têm, outros têm mas não sabem se terão legenda. Dos que têm partido, a maioria não está organizado, funcionando através de comissões provisórias. O PT é um dos poucos partidos que tem diretório formado. Senão me falha memória, acho que só o PT e o PSC – do prefeito Zé Roberto – é que tem diretório. Outra vantagem do PT é a quantidade de filiados. Para essa eleição isso conta muito, principalmente para disputa no legislativo, onde volto a repetir:  os partidos não poderão coligar, será cada um por si. Isso tende a diminuir bastante a quantidade de partidos. Já que é muito difícil montar uma chapa para vereador.  
 
Na última eleição 26 partidos participaram, dessa vez deve o número deve cair pela metade, isso se não for menos.  Lembrando que os partidos têm até o dia 5 de abril para montar seu quadro de filiados. Só poderá ser candidato quem até essa data estiver filiado a algum partido.
 
Partido que tem pré-candidatura tende a atrair maior número de lideranças. O que ajuda na eleição para vereador. Ao lançar pré-candidatura, PT aposta que conseguirá atrair bastante lideranças e com isso repetir o feito de 2012, quando elegeu três vereadores: Paturi, Celestino e Oldemar.
 
Outra aposta do PT é na questão do novo. Esse sentimento está muito forte nessa eleição, tendo em vista  a ausência do Zé Roberto, o falecimento de Marcinho Pimentel e “aposentadoria” de Bené Guedes. Os “figurões” da política  estão fora. O único   remanescente  é Breno Coli.
 
A ausência desses figurões  na eleição abriu espaço para nomes novos. Cláudia Conte é uma dessas novidades. Até então desconhecida no meio político.  Eu mesmo não a conhecia. Tomei conhecimento de quem era depois que seu nome começou a ser noticiado como pré-candidata. Mas a maioria tomou conhecimento do nome dela depois de uma enquete virtual.
 
Não ser conhecida na política tem seu lado bom e ruim. Ruim, pois o partido terá que trabalhar mais pra emplacar seu  nome, mas em época de redes sociais fica muito mais fácil fazer isso.  Cito como exemplo Willian Bonitinho – “Virado no Jiraya”,  utilizando as redes sociais se tornou rapidamente  numa das pessoas mais conhecidas na cidade.
 
O lado bom de ter um nome novo é que tem menos rejeição. E de  rejeição o PT entende bem. É o maior problema do partido. O antipetismo ainda está muito forte. Porém, em Leopoldina menos. Vale lembrar que Haddad ganhou de Bolsonaro em Leopoldina nos dois turnos, fato que ocorreu em poucas cidades do Brasil  -fora do Nordeste. A deputada federal  Margarida Salomão do PT foi a segunda mais votada na cidade. Dilma Rousseff não ganhou para senadora, mas em Leopoldina foi a mais votada. O ex-governador Fernando Pimentel, que nem pro segundo turno foi, também teve uma boa votação em Leopoldina.
 
As boas votações da esquerda em Leopoldina animam o PT. Porém, é bom destacar que existem outras pré-candidaturas que disputam esses votos. Da esquerda e do centro.  É o caso do Godelo (PCdoB), Ricardo da Paf Pax (PSB), Marco Antônio (PRB) e Rodrigo Pimentel (PV).
 
Esses pré-candidatos dividem votos com o PT. Como disse acima, um dos desafios é unificar a oposição e construir a terceira via. A qual o PT espera que seja em torno dele. Para isso terá  que vencer o “antipetismo” que existe na cidade, não por causa dos problemas nacionais, como citei acima eles não afetaram as votações do PT, a questão é mais pessoal, problema com egos e brigas antigas.
 
A questão do ego pode atrapalhar a construção da terceira via. Nomes com mais bagagem política, como Godelo, Marco Antonio  e Rodrigo Pimentel, tendem a não querer abrir mão para nomes novos. Como disse Romário: “Chegou agora e já quer sentar na janela”.
 
Esse é um dos desafios não só de Cláudia Conte, mas também de Marcos Paixão e Ricardo da Paf Pax, os estreantes na política.  Todos eles sabem que precisarão de apoio. Até mesmo para conseguir  um bom vice. O desafio é unificar novamente parte da oposição.  Resta saber se Cláudia Conte vai conseguir isso. No caso do Dr. Marco Antônio acredito que ela consiga, já que é cunhada dele. Mas e os demais? Será que Cláudia Conte vai conseguir unificar a oposição?  A  pergunta que não quer calar: E agora Cláudia Conte?

 



 
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