07/07/2016 às 11h19min - Atualizada em 07/07/2016 às 11h19min

78% dos leitores autorizariam a família a doar órgãos após a sua morte e 7% já autorizaram

A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização de familiares.

Luiz Otávio Meneghite
Com o título Você autorizaria a sua família doar seus órgãos, após a sua morte? , o jornal Leopoldinense promoveu uma enquete da qual participaram 201 pessoas. O objetivo foi saber como pensam os nossos leitores a respeito do assunto.  O resultado foi agradavelmente surpreendente, pois 78% dos leitores disseram que autorizariam a família a doar órgãos após a sua morte e 7%  disseram que já autorizaram, enquanto apenas 15% apontaram que não autorizariam.

Com a autorização de Thaís Restom e Edgard Léda, ambos da Ex Libris Comunicação Integrada, transcrevemos o texto a seguir produzido por eles, que aborda o tema com profundidade.

A legislação brasileira sobre o processo doação transplante estabelece que somos todos doadores de órgãos desde que após a nossa morte um familiar (até segundo-grau de parentesco) autorize, por escrito, a retirada dos órgãos. Portanto, não basta você querer ser um doador de órgãos. Sua família também precisa saber. São eles que vão autorizar os médicos a fazer o transplante da sua vida para outras vidas. Diga em casa, diga para seus amigos, diga para todo mundo que você quer ser um doador. Qualquer pessoa pode doar órgãos. Nenhuma religião é contra a doação. Pelo contrário, toda religião apóia o amor aos outros, que inclui o ato de doar-se. Para um transplante de órgãos, só importa a compatibilidade entre você e as várias pessoas que esperam um coração, um pulmão, um rim. Uma vida. Não é necessário nenhum registro em documento. Basta deixar a família avisada. Ela vai considerar isso como último desejo e autorizar a doação. Parte das famílias que não autoriza a doação dos órgãos de um ente querido age assim por desconhecer a opção do falecido.

Mais de 40% da população recusa doar órgãos de familiares no Brasil

Poucas pessoas sabem, mas o Brasil é destaque no contexto mundial de doação de órgãos e tecidos, principalmente por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Porém, a alta taxa de recusa familiar para doação de órgãos é um problema grave no país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 40% da população brasileira não aceita doar órgãos de parentes falecidos com diagnóstico de morte cerebral, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Segundo o médico Leonardo Borges de Barros e Silva, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), os motivos para a recusa familiar são diversos: desde crenças religiosas que impedem a realização da doação, até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, que faz com que muitos familiares acreditem que a condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá. “Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica – conhecida também como morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções que mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O coração permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das córneas, pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observa o especialista.

Autorização - O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor ou contra à doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode ou não favorecer o consentimento após a morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve prevalecer”, explica o médico Leonardo Borges de Barros e Silva.De acordo com números do Ministério da Saúde, em 2015, mais de 23 mil transplantes foram realizados no Brasil, sendo a córnea o tecido mais transplantado. No ano passado, o transplante de rins foi o mais realizado, seguido pelos de fígado, coração e pulmão. Mas, enquanto algumas famílias ainda têm receio de autorizar a doação dos órgãos de parentes falecidos, cerca de 40 mil pessoas, entre crianças e adultos, estão na fila de espera por um transplante no Brasil.

Doar órgãos: um gesto de herói - Para tornar essa importante discussão mais abrangente, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Faculdade de Medicina da USP, realiza o Projeto “Gesto de Herói – o poder de doar vida”, exposição itinerante sobre doação de órgãos. A ação tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação e transplante de órgãos e, principalmente, de colocar esse tema em pauta nas discussões familiares. Além da exibição de depoimentos reais de familiares de doadores falecidos e pacientes transplantados, os visitantes da exposição contam com painéis explicativos sobre o processo de doação e transplante de órgãos e, ainda, a presença especialistas em doação e transplante para esclarecer as principais dúvidas.

Veja no infográfico com o resultado da enquete promovida pelo jornal Leopoldinense:


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