O CANTINHO MUSICAL reservou este espaço para executar verdadeiras joias musicais , interpretadas DIVINAMENTE pela voz cristalina e suave dessa maravilhosa cantora que , com suas canções , eternizou seu estilo na MPB : ELIZETH CARDOSO : A DIVINA .
Elizeth Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1920 e faleceu em 7 de maio, 1990 . Foi uma cantora e atriz de grande renome . Conhecida como "A Divina". Nasceu no Rio de Janeiro. Seu pai era um seresteiro que tocava violão e sua mãe era uma cantora amadora. Elizeth Cardoso começou a trabalhar em tenra idade em várias atividades. Foi descoberta pelo Jacó do Bandolim em sua festa de aniversário de 16 anos. Jacó levou Elizeth Cardoso para a Rádio Guanabara onde, apesar da oposição inicial do pai, ela apareceu no Programa Suburbano com Vicente Celestino, Araci de Almeida, Moreira da Silva, Noel Rosa e Marília Batista em 18 de agosto, 1936. Uma semana depois ela foi contratada pela estação para aparecer em um programa semanal. Depois disso, Elizeth Cardoso continuou a realizar em vários shows com várias estações de rádio. Em 1960 ela teve seu próprio programa de rádio. Além do choro, Elizeth consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção ao lado de Maysa, Nora Ney, Dalva de Oliveira, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero , pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo ou fossa. O samba canção antecedeu o movimento da bossa-nova . Elizeth migrou do choro para o samba-canção e deste para a bossa nova gravando em 1958 o LP Canção do Amor Demais, de autoria de Vinícius de Moraes e Tom Jobim .
A partir de agora apreciaremos as canções que foram divinizadas por ELIZETH com a suavidade e afinamento de sua bela voz . Todos sabemos que Jacob do Bandolim tinha um apreço especial pela Divina . Ela era quase um ente da família . Após a morte de Jacob , seu filho , Sérgio Bittencourt , compôs uma canção que mostrava todo sentimento saudosista do pai, através da lembrança , entregando , com todo merecimento , à amiga Elizeth a música para gravar . “ NAQUELA MESA “ . [ “ / Naquela mesa ele sentava sempre / E me dizia sempre, o que é viver melhor. / Naquela mesa ele contava histórias, / Que hoje na memória eu guardo e sei de cor. / Naquela mesa ele juntava gente / E contava contente o que fez de manhã. / E nos seus olhos era tanto brilho, / Que mais que seu filho, eu fiquei seu fã. / Eu não sabia que doía tanto / Uma mesa no canto, uma casa e um jardim. / Se eu soubesse o quanto dói a vida, / Essa dor tão doída não doía assim. / Agora resta uma mesa na sala / E hoje ninguém mais fala no seu bandolim. / Naquela mesa tá faltando ele / E a saudade dele tá doendo em mim. / . “ ] .
A palavra saudade surgiu na língua portuguesa a partir do sentimento dorido das mulheres medievais , lamentando o afastamento de seus amantes expondo seus sofrimentos motivados pela ausência . Diante de todo conhecimento que a palavra saudade expressa , Chocolate e Elano Paula compuseram a bela canção que se tornou rótulo de Elizeth“ CANÇÃO DE AMOR “. [ / “ Saudade torrente de paixão /Emoção diferente / Que aniquila a vida da gente / Uma dor que não sei de onde vem / Deixaste meu coração vazio / Deixaste a saudade / Ao desprezares aquela amizade / Que nasceu ao chamar-te meu bem / Nas cinzas do meu sonho / Um hino então componho / Sofrendo a desilusão / Que me invade / Canção de amor, saudade ! / . “ ] .
Em um lampejo de sua intelectualidade poética , Vinícius de Moraes expressa em cada verso desta canção todo sentimento de perda da pessoa amada , com manifestações metafóricas , realçadas no maravilhoso canto de Elizeth . “ SERENATA DO ADEUS “ . [ “ / Ai, a lua que no céu surgiu / Não é a mesma que te viu / Nascer dos braços meus / Cai a noite sobre o nosso amor / E agora só restou do amor / Uma palavra, adeus / Ai, mulher estrela a refulgir / Parte mas antes de partir / Rasga o meu coração / Crava as garras no meu peito em dor / E esvai em sangue todo o amor / Toda a desilusão. / Ai, vontade de ficar mas tendo de ir embora / Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora / É refletir na lágrima um momento breve / De uma estrela pura cuja luz morreu / Numa noite escura, triste como eu./ . “ ] .
Nosso cancioneiro preserva muitas canções cujo tema é o ato da separação amorosa . Com muita sutileza poética , Haroldo Barbosa e Luís Carlos Reis construíram uma magnífica obra musical com belas abordagens metafóricas embutidas em cada verso , expressando uma mensagem de sentimento de perda e divinamente reforçada com a maravilhosa voz de Elizeth : “ NOSSOS MOMENTOS “ . [ “ / Momentos são iguais àqueles / Em que eu te amei / Palavras são iguais àquelas / Que eu te dediquei / Eu escrevi na fria areia / Um nome para amar / O mar chegou, tudo apagou / Palavras leva o mar / Teu coração praia distante / Em meu perdido olhar / Teu coração, mais inconstante / Que a incerteza do mar / Meu castelo de carinhos / Eu nem pude terminar / Momentos meus que foram teus / Agora é recordar../ . “ ] .
Sutilmente Marcos e Paulo Sérgio Valle compuseram uma linda canção centrada na paixão através de uma declaração amorosa manifestada em cada verso com um lirismo expresso em sua linha poética . Elizeth reforça , mais uma vez com seu belo canto , este grande sucesso “ PRECISO APRENDER A SER SÓ “ . [ “ / Ah, se eu te pudesse fazer entender / Sem teu amor eu não posso viver / Que sem nós dois o que resta sou eu / Eu assim tão só. / E eu preciso aprender a ser só / Poder dormir sem sentir teu calor / A ver que foi só um sonho e passou. / Ah, o amor / Quando é demais ao findar leva a paz / Me entreguei sem pensar / Que a saudade existe e se vem / É tão triste.... / Vem, meus olhos choram a falta dos teus / Estes teus olhos que foram tão meus / Por Deus entenda que assim eu não vivo, / Eu morro pensando / No nosso amor! / . “ ] .
Dolores Duran , contrapondo a fossa e o sofrimento de amor , desenvolve , também , momentos harmoniosos no tema que desfolha toda a beleza através de um desejo ardente de querer todas as maravilhas que envolvem a vida amorosa , ficando a cargo de Elizeth Cardoso uma bela e competente interpretação em “ A NOITE DO MEU BEM “ . [ “ / Hoje eu quero a rosa mais linda que houver / E a primeira estrela que vier / Para enfeitar a noite de meu bem / Hoje eu quero paz de criança dormindo / E o abandono de flores se abrindo / Para enfeitar a noite de meu bem / Quero a alegria de um barco voltando / Quero ternura de mãos se encontrando / Para enfeitar a noite do meu bem / Ah! Eu quero o amor , o amor mais profundo / Eu quero toda beleza do mundo / Para enfeitar a noite do meu bem / Ah! Como esse bem demorou a chegar / Eu já nem sei se terei no olhar / Toda pureza que quero lhe dar /.”]. A simplicidade poética de Luís Bonfá e Antônio Maria está expressa nesta linda canção em um belo demonstrativo de alegria e felicidade mesclado com um maravilhoso cenário natural .
Elizeth deu um toque de interpretação realçando ainda mais a satisfação em uma “ MANHÃ DE CARNAVAL “ . [ “ / Manhã tão bonita manhã / De um dia feliz que chegou / O sol no céu surgiu / E em cada cor brilhou / Voltou o sonho, então, ao coração. / Depois deste dia feliz / Não sei se outro dia haverá / É nossa manhã, tão bela afinal / Manhã de Carnaval. / Canta o meu coração / A alegria chegou / Na manhã tão feliz / Deste amor.../ . “ ] .
Esta canção composta por Antônio Maria e Ismael Netto é um demonstrativo da paixão entre a razão e a emoção , cadenciadas em cada verso com intenso lirismo , justificando o retorno do relacionamento entre os amantes . Elizeth ornamenta todo o tema com muita sensibilidade em“ A CANÇÃO DA VOLTA “ . [ “ / Nunca mais vou fazer o que meu coração pedir. / Nunca mais vou ouvir o que o meu coração mandar. / O coração fala muito e não sabe ajudar. / Sem refletir qualquer um vai errar, penar... / Eu fiz mal em fugir, / Eu fiz mal em sair do que eu tinha em você / E errei em dizer que não voltava mais, / Nunca mais. / E hoje eu volto vencida / Pedir prá ficar aqui; / Meu lugar é aqui! / Faz de conta que eu não saí. / O coração fala muito e não sabe ajudar. / Sem refletir qualquer um vai errar, penar... / Eu fiz mal em fugir, / Eu fiz mal em sair do que eu tinha em você / E errei em dizer que não voltava mais, nunca mais. / E hoje eu volto vencida pedir, / Pedir prá ficar aqui; / Meu lugar é aqui! / Faz de conta que eu não saí. / . “ ] .
Tom Jobim e Vinícius de Moraes , em uma bela manifestação poética , compuseram esta canção cujo tema é a necessidade de unificar a paixão em uma relação amorosa . Nas linhas do canto lírico há uma determinação em perpetuar o amor . Interpretada por Elizeth Cardoso com bastante maestria e sensibilidade demonstra que “ EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ “ . [ “ / Eu sei e você sabe / Já que a vida quis assim / Que nada nesse mundo / Levará você de mim; / Eu sei e você sabe / Que a distancia não existe / Que todo grande amor / Só é bem grande se for triste. / Por isso, meu amor, / Não tenha medo de sofrer / Que todos os caminhos / Me encaminham prá você ! / Assim como o oceano / só e belo com o luar, / Assim como a canção / só tem razão se se cantar, / Assim como uma nuvem / só acontece se chover, / Assim como o poeta / só é grande se sofrer, / Assim como viver / sem ter amor não é viver, / Não há você sem mim / e eu não existo sem você, / Não há você sem mim / e eu não existo sem você! . “ ] .
Esta canção composta por Vinícius de Moraes e Baden Powell tem seu eixo semântico no arrependimento de um ato que desfez uma relação amorosa e a preocupação em reatar os puros sentimentos com alguém que partiu implorando o perdão , através do “ APELO “ . [ “ / Ah! meu amor não vás embora, / Vê a vida como chora, / Vê que triste esta canção. / Ah! eu te peço não te ausentes, / Pois a dor que agora sentes / Só se esquece no perdão. / Ah! meu amado me perdoa, / Pois embora ainda te doa / A tristeza que causei; / Eu te suplico não destruas / Tantas coisas que são tuas / Por um mal que já paguei... / Ah! meu amado se soubesses / Da tristeza que há nas preces / Que a chorar te faço eu, / Se tu soubesses no momento / Todo arrependimento / Como tudo entristeceu; / Se tu soubesses como é triste / Eu saber que tu partistes / Sem sequer dizer adeus, / Ah! meu amor tu voltarias / E de novo cairias / A chorar nos braços meus. / . “ ] .
Meira e Augusto Mesquita são os compositores desta bela canção que expressa um desejo de aceitar a pessoa amada depois do abandono , pois o retorno aliviaria a angústia acentuada de uma grande saudade não permitindo a transformação em um “ MOLAMBO “ . [ “ / Eu sei que vocês vão dizer / que é tudo mentira que não pode ser / Porque depois de tudo que ele me fez / eu jamais deveria aceita-lo outra vez / Bem sei que assim procedendo / me exponho ao desprezo de todos vocês / Lamento mas fiquem sabendo / que ele voltou e comigo ficou / Ficou pra matar a saudade, / a tremenda saudade que não me deixou / Que não me deu sossego um momento sequer / desde o dia em que ele me abandonou / Ficou pra impedir que a loucura / fizesse de mim um molambo qualquer / Ficou desta vez para sempre / se Deus quiser! / “ . ] .
Encerraremos a demonstração de algumas obras entoadas pela DIVINA com uma composição de Noel Rosa que , já tomado por uma tuberculose aguda e prevendo seu fim , resolveu procurar sua amada e teve grande decepção ao encontrá-la com outro nos aposentos dela . Entristecido , como todo condenado tem direito a um último pedido , compôs esta maravilha de canção , interpretada na voz suave e afinada de Elizeth Cardoso , chamada “ ÚLTIMO DESEJO “ . [ “ / Nosso amor que eu não esqueço / E que teve seu começo / Numa festa de São João / Morre hoje sem foguete / Sem retrato e sem bilhete / Sem luar , sem violão / Perto de você me calo / Tudo penso e nada falo / Tenho medo de chorar / Nunca mais quero o seu beijo / Mas meu último desejo / Você não pode negar / Se alguma pessoa amiga / Pedir que você lhe diga / Se você me quer ou não / Diga que você me adora / Que você lamenta e chora / A nossa separação / Às pessoas que eu detesto / Diga sempre que eu não presto / Que meu lar é um botequim / Que eu arruinei a sua vida / Que eu não mereço a comida / que você pagou pra mim / . “ ] .
“ QUANDO O DEDO DE DEUS APONTA PARA UMA PESSOA ESPECIAL : “ EIS O MILAGRE CONSUMADO “ . ELIZETH CARDOSO FOI ROTULADA COMO “ DIVINA “ , PORQUE SEUS LINDOS CANTOS , SUAVES E HARMONIOSOS , TRAZIAM IMPRESSÕES DIGITAIS DE UM DEUS PODEROSO . MILAGROSAMENTE UMA VOZ PENETRAVA COM MUITA SATISFAÇÃO NA ALMA DE TODOS QUE ACREDITAVAM NO SOBRENATURAL “