10/10/2014 às 10h34min - Atualizada em 10/10/2014 às 10h34min

Um fato, duas versões.

Fato confirmado é que, há décadas, sob a eficiente coordenação do Betão (Alberto Teixeira de Almeida), criador e usuário do refrão “Vai entrar?”, a maioria dos funcionários burocráticos e pequena parcela dos externos da Prefeitura de Leopoldina se animaram com a perspectiva de ganhar na Loteria Esportiva.

Esperançosos, passaram a jogar em todas as semanas, pois os sonhos se tornaram mirabolantes na medida em que se ouviam notícias de vultosas somas embolsadas alhures por ganhadores sortudos.

O entusiasmo aumentou quando se soube o alto valor pago a um único ganhador em rodada pretérita: a turma passou a sonhar com sucesso idêntico e resolveu se cotizar e fazer jogos “cercando” todos os resultados possíveis.

Chegou, enfim, a data histórica: 13 pontos na Loteca. Euforia geral !

Ostensiva ou discretamente, “se fizeram planos para a aplicação do prêmio”:

- Vou fechar negócio que já estava entabulado para comprar um sítio !

- Vou largar meu emprego na Prefeitura !

- Vou adquirir táxi novo para meu pai !

De repente, aliás, não mais que de repente, a euforia deu lugar à decepção, pois pela primeira vez o prêmio saiu para centenas de milhares de apostadores deste mundão chamado Brasil, inclusive para centenas de Leopoldina.

O rateio entre os funcionários municipais não lhes ressarciu o valor jogado.     

Apenas um ou outro jogador, sem saber da “tragédia”, virou noite comemorando, a ponto de comprometer boa parte de seu salário.

Quem saiu perdendo também foi a Prefeitura, pois, psicologamente abalados, vários dos “ganhadores” apresentaram, por algum tempo, queda na produção laborativa.

Sem confirmação testemunhal, há outra versão, mais divertida:

Assim que se confirmou o acerto no resultado de todos os 13 jogos, a turma partiu incontinenti para a comemoração, tendo sido escolhido, com rapidez supersônica de comunicação, o bar do Onalde Ribeiro, na Rua Tiradentes.Era tanta gente que o local se tornou pequeno para abrigar todos. De princípio a calçada e logo a seguir também a

Rua Tiradentes ficaram lotadas de gente comemorando. Gentilmente, a PM fechou o trânsito no trecho da rua invadido.

Depois de alguns “aperitivos” a que não estava habituado, o Claudiomiro Soares Policiano se colocou desinibidamente a exibir seus até então desconhecidos dotes inatos de cantor lírico, mas como não os aprimorou, misturava notas musicais, impedindo que os ouvintes concluíssem se ele era barítono ou tenor. Os demais, esbanjando alegria, se limitavam a realizar floreios vocais, formando um coral festivo.

O Sebastiãozinho (Sebastião Paulo de Freitas Ramos) cercava quem pelas imediações aparecesse, entregava-lhe um copo para um brinde, convidava para ficar na festa e anotava, em folha própria, o nome do novato como convidado seu.

Um ganhador, que vivia às turras com a esposa, repetia: “vou fazer com a patroa a viagem que não fiz quando nos casamos”. Outro, cujo prazer maior era falar mal da sogra, se tornou anjinho e anunciava: “vou azulejar a copa, a cozinha e o banheiro da casa da minha querida sogrinha !”

Posteriormente, quando se divulgou que milhares de apostadores haviam também feito os 13 pontos, a frustração foi massacrante, principalmente pelos muitos que ainda estavam de ressaca pelo abuso alcoólico da extensa comemoração que varara a noite.

Até hoje, quando lhes vem à mente a recordação da vitória, aos “ganhadores” só resta rir dos fugazes momentos em que se julgaram novos milionários.

Dinheiro, no caso, só sobrou – e fartamente – para o Onalde Ribeiro.

 

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