07/01/2024 às 15h58min - Atualizada em 07/01/2024 às 15h58min

MARÇO, 31, 1964 – REVOLUÇÃO (???)

Edson Gomes Santos
Carlito Rosa, José Erly Tassari, Gilberto Silva Pinheiro, ???, Eduardo Gomes Santos, Flávio Tomasco Albuquerque e Olímpio Aragon Pinheiro.
Revendo um dos meus álbuns de fotografias, deparo com a foto que ilustra este texto, onde estão leopoldinenses que àquela ocasião prestavam serviço militar e ante o “movimento revolucionário de 31 de Março” estiveram de prontidão, acampados no entorno do Maracanã, no Rio, vindos da Região Militar de Juiz de Fora.

Dentro de 3 meses, 31/03/2024, sessenta anos terão passados desde aquele dia do dito “movimento revolucionário”, deflagrado por direitistas, igreja, empresários e militares, com a finalidade de anular mais um governo federal brasileiro... pelas armas.

Àquela época eu, com 15 anos, não tinha qualquer noção da extensão e implicações que adviriam daquele “movimento revolucionário”, aspectos que foram-me sendo clarificados e esclarecidos à medida em que eu amadurecia, buscava informações e adquiria visão mais ampla sobre as causas e efeitos daquele “movimento”.

A partir daquela data o Brasil, brasileiros e brasileiras ficaram sob tutela militar durante 21 anos, até que em 1985 os militares, enfraquecidos e em baixa moral, não tiveram escolha senão “abandonar o barco” e se recolherem à caserna.

Foi um período ditatorial, agravado em 1968 com a edição do AI-5 – Ato Institucional 5 – cujo texto “formalizou” o viés ditatorial e permitindo TUDO ao General de plantão na Presidência da República, desde fechar o Congresso, cassar mandatos, nomear senadores, nomear governadores, até poder DETERMINAR PENA DE MORTE, em algumas situações. 

Chocava saber dos tormentos sofridos por cidadãos e cidadãs leopoldinenses cujos filhos e filhas caíram vítimas nas mãos dos torturadores – militares ou não – impondo-lhes sequelas físicas e psicológicas permanentes, estendendo-se tais situações a famílias Brasil afora.

Se algum dedo-duro não gostasse de você e te denunciasse como comunista, sua próxima parada seria em Juiz de Fora, num dos porões militares, para “prestar esclarecimentos” e cair na tortura, conforme muuuiiitos anos depois confirmado através das investigações.

Houve um leopoldinense – asmático - que foi denunciado por receptação de veículo, levado para JF, interrogado e deixado nu num cômodo pequeno, com água até o meio da canela, ar condicionado ligado, sofrendo, para depois de toda tortura, constatar-se que nada havia de irregular com ele... apesar das crises asmáticas sofridas e, segundo ele, debochadas.

Tudo isso e muito mais hoje é História, disponível via internet para consultas e pesquisas com profundidade sobre como e o que foram aqueles 21 anos de regime militar.

Mas... passados 33 anos da saída dos militares e retorno das eleições diretas em todos os níveis políticos, eis que em 2018 das urnas emergem, democraticamente eleitos, Presidente e Vice Presidente da República, dois militares... e isso, claro, é outra História.
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