02/12/2015 às 11h37min - Atualizada em 02/12/2015 às 11h37min

36 – Expedicionários Leopoldinenses – Os Prisioneiros e os Presídios

Luja Machado e Nilza Cantoni

Publicado no jornal Leopoldinense de 16 de novembro de 2015

Com o número anterior, o Trem de História encerrou a relação dos Expedicionários Leopoldinenses na certeza de que o assunto não foi esgotado, mas que se conseguiu prestar uma pequena homenagem pela passagem dos 70 Anos do final da Segunda Guerra Mundial.

 Resta, para encerrar o assunto, falar um pouco sobre os prisioneiros de guerra, o final da Guerra e o retorno da tropa o Brasil.

            Pouco se fala sobre os campos brasileiros de detenção de prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial. Mas eles existiram e em número bem maior do que se possa imaginar.

            A partir da efetiva entrada na Guerra, o Brasil tratou de criar espaços para prisão de tripulantes de embarcações aprisionadas e de cidadãos alemães, italianos e japoneses suspeitos de atos favoráveis aos seus países de origem.

            Os pesquisadores Diego Antonelli e Leandro dos Santos, na reportagem[1] “A cobra realmente fumou”, de 10 de agosto de 2015, contam que “Depois que o Brasil declarou guerra ao Eixo, o governo federal determinou que todo comércio de imigrantes (alemães, italianos e japoneses) fosse fiscalizado. Os rádios foram lacrados para não sintonizar emissoras estrangeiras. Muitos se viram intimados a comparecer a uma das Delegacias de Ordem Política e Social (DOPS). Foram detidos todos aqueles que falassem seu idioma natal e possuíssem rádios, armas, revistas ou livros em outro idioma que não o português”.

            Assuntos ligados a estes presídios, e à Segunda Guerra Mundial de uma maneira geral, não foram divulgados até recentemente em razão de “uma lei que proibia consultas ou pesquisas por 50 anos[2]”.

            Mas hoje, com base em informes disponíveis na grande rede[3], pode-se relacionar mais de uma dezena dessas prisões espalhadas por vários estados brasileiros, tais como: Minas Gerais: Pouso Alegre - onde foram reunidos os presos militares e os 62 marinheiros do navio Anneleise Essberger – presídio onde trabalhou o Expedicionário Leopoldinense, Luiz Leonel Ignácio da Silva; Pará: Tomé-Açu, que recebeu principalmente japoneses[4]; Pernambuco: Chã de Estevam, que abrigou empregados alemães da Cia Paulista de Tecidos, atual Casas Pernambucanas; Paraná: Curitiba e Ponta Grossa; Rio Grande do Sul: Daltro Filho; Rio de Janeiro: Ilha das Flores, no município de Niterói, onde os prisioneiros de guerra foram misturados aos detentos comuns, numa violação às leis internacionais; Santa Catarina: Joinvile, onde duas centenas de pessoas foram alocadas num hospício desativado e, Oscar Schneider, onde um hospital foi transformado em colônia penal; e, São Paulo: Bauru, Pirassununga, Ribeirão Preto, Guaratinguetá e Pindamonhangaba.

            O Trem de História de hoje fica por aqui. Na próxima viagem ele trará o final da Segunda Guerra Mundial que este ano completou seu septuagésimo aniversário. Até a próxima edição.


[1] ANTONELLI, Diego e SANTOS, Leandro. A cobra realmente fumou. Disponível em Acesso em 17 out. 2015

[2] RIBEIRO, Keila e SALGUEIRO, Isabela. Brasil teve campos de concentração em 1942. Disponível em < http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u43301.shtml> Acesso em 14.06.15.

[3] Noite Sinistra. O Brasil também teve campos de concentração na Segunda guerra Mundial. Disponível em

  Acesso em 14.06.15.

[4] Tomé-Açu surgiu como povoado com a implantação da Companhia Nipônica de Plantação do Brasil em 1929, na Fazenda Bela Vista, quando chegaram as primeiras famílias que se dedicaram ao plantio do arroz e hortaliças.  Em 1933 chegam, pelas mãos de mais imigrantes japoneses, as primeiras mudas de pimenta-do-reino que fizeram da cidade a maior produtora mundial da especiaria. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial ali se instalou um dos presídios de imigrantes, principalmente japoneses, vistos como possíveis agentes infiltrados. Com o fim da Guerra, as terras da antiga Fazenda Bela Vista foram transformadas na Colônia Estadual de Tomé-Açu. Hoje, além da pimenta-do-reino, Tomé-Açu se destaca por ser grande produtora de polpa de frutas.

 

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