“ É ELA A DEUSA DA PASSARELA “ “ BEIJA-FLOR , MINHA ESCOLA , MINHA VIDA , MEU AMOR “ “ OLHA A BEIJA-FLOR AÍ , GENTE , CHORA CAVACO ! “
O Cantinho Musical traz para a passarela de nossas publicações a mais jovem e vitoriosa Escola de Samba da Baixada Fluminense que , com muita disposição dos sambistas de sua comunidade e uma organização exemplar com a batuta de um chefe , abrilhanta anualmente o desfile das escolas de samba do Grupo Especial , sendo ultimamente a agremiação que mais torcedores conseguiu pintando seus corações de AZUL E BRANCO : “ BEIJA-FLOR“ .
Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor , popularmente referida como Beija-Flor de Nilópolis , é uma escola de samba brasileira do município de Nilópolis, no Rio de Janeiro . A Beija-Flor de Nilópolis nasceu nas comemorações do Natal de 1948. ... Em 1977, Aniz Abraão David assume a Presidência e projeta a Escola de Samba de Nilópolis como uma das mais famosas do mundo. Um grupo formado por vários sambistas nilopolitanos resolveu formar um bloco que recebeu o nome de Beija-Flor . A escola não conseguiu manter-se entre as grandes agremiações, só voltando a aparecer e, de forma definitiva no antigo Grupo 1, a partir de 1974 . Querendo tornar-se competitiva, a escola mirou nos Acadêmicos do Salgueiro que era a escola de maior sucesso e bicampeã do carnaval naquele momento, e foi lá buscar os trunfos que mudariam sua história. Contratando Joãosinho Trinta e Laíla, a dupla levou muito conhecimento adquirido nos vitoriosos carnavais do Salgueiro, bem como integrantes e destaques da escola tijucana para Nilópolis. O resultado não poderia ser outro a não ser um histórico tri-campeonato e a quebra pela primeira vez na história da hegemonia das quatro grandes no carnaval (Mangueira, Portela, Salgueiro e Império Serrano). De lá pra cá a escola construiu uma trajetória de absolutos sucessos e carnavais inesquecíveis com momentos que ficaram para sempre na história carnavalesca brasileira.
Passemos neste instante a apresentar alguns sambas-enredo que deram vida ao desfile da BEIJA-FLOR na Passarela do Samba tornando-a em toda apresentação basicamente a favorita para vencer a competição dentre muitos belos concorrentes . O seu primeiro sucesso em que se tornou campeã foi em 1976 com o samba-enredo composto por Neguinho Do Vale cadenciando um tema bem popular que envolve o cotidianamente o carioca narrando a história do “ jogo de bicho “ : “ SONHAR COM REI DÁ LEÃO “ . [ “ /Sonhar com anjo é borboleta / Sem contemplação / Sonhar com rei dá leão / Mas nesta festa de real valor, não erre não / O palpite certo é Beija-flor (Beija-flor) / Cantando e lembrando em cores / Meu Rio querido, dos jogos de flores / Quando o Barão de Drummond criou / Um jardim repleto de animais / Então lançou... / Um sorteio popular / E para ganhar / Vinte mil réis com dez tostões / O povo começou a imaginar... / Buscando... no belo reino dos sonhos / Inspiração para um dia acertar / Sonhar com filharada... é o coelhinho / Com gente teimosa, na cabeça dá burrinho / E com rapaz todo enfeitado / O resultado pessoal... É pavão ou é veado / Desta brincadeira / Quem tomou conta em Madureira / Foi Natal, o bom Natal / Consagrando sua Escola / Na tradição do Carnaval / Sua alma hoje é águia branca / Envolta no azul de um véu / Saudado pela majestade, o samba / E sua brejeira corte / Que lhe vê no céu / . “ ] .
Em 1978 este samba-enredo, composto por Gilson / Mazinho / Neguinho Da Beija-Flor, fez parte do tricampeonato da escola cujo tema versava sobre um fato histórico , ligado à narrativa onde exalta os valores culturais do povo africano segundo “ A CRIAÇÃO DO MUNDO NA TRADIÇÃO NAGÔ “ . [ “ / Bailou no ar / O ecoar de um canto de alegria / Três princesas africanas / Na sagrada Bahia / Iyá Kalá, Iyá Detá, Iyá Nassô / Cantaram assim a tradição Nagô / (Olurun) /Olurun! Senhor do infinito! / Ordena que Obatalá / Faça a criação do mundo / Ele partiu, desprezando Bará / E no caminho, adormecido, se perdeu / Odudua / A divina senhora chegou / E ornada de grande oferenda / Ela transfigurou / Cinco galinhas d'Angola e fez a terra / Pombos brancos criou o ar / Um camaleão dourado / Transformou em fogo / E caracóis do mar /Ela desceu, em cadeia de prata / Em viagem iluminada / Esperando Obatalá chegar / Ela é rainha / Ele é rei e vem lutar / (Ierê) / Iererê, ierê, ierê, ô ô ô ô / Travam um duelo de amor / E surge a vida com seu esplendor / . “ ] .
JoãosinhoTrinta tomou uma atitude ousada em levar para avenida um tema polêmico em 1989 com um samba-enredo composto por Betinho / Glyvaldo / Osmar / Zé Maria · A linha de raciocínio temático de joãosinho era um choque na sociedade sobre o luxo e a pobreza , criticando e demonstrando, através da imaginação, o traço diferenciador existente na mistura de classe no carnaval : “ Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia “. [ “ / Reluziu... É ouro ou lata / Formou a grande confusão / Qual areia na farofa / É o luxo e a pobreza / No meu mundo de ilusão / Xepa de lá pra cá xepei / Sou na vida um mendigo / da folia eu sou rei (bis) / Sai do lixo a pobreza / Euforia que consome / Se ficar o rato pega / Se cair urubu come / Vibra meu povo / Embala o corpo / A loucura é geral / Larguem minha fantasia / Que agonia... Deixem-me / Mostrar meu carnaval / Firme... Belo perfil! / Alegria e manifestação / Eis a Beija-flor tão linda / Derramando na avenida / Frutos de uma imaginação / Leba - laro - ô ô ô ô / Ebó lebará - laiá - laiá – ô / Reluziu... / . “ ] .
Em 1987 , a Beija-Flor , com um samba-enredo composto por Gilson Dr / Mazinho , apresentou na passarela , como verdadeiro espetáculo , uma bela homenagem ao teatro irradiando durante toda a trajetória do desfile e usando na letra de seu samba uma intertextualidade de uma canção representando “ As Mágicas Luzes da Ribalta“ . [ “ / Ao descerrar a cortina / O palco se ilumina / Tudo é brilho, luz e cor (luz e cor) / Mergulhei na poesia / Drama, riso e fantasia / Num cenário multicor / Surgiu de uma era distante / Esta arte fascinante / Que ao mundo inteiro deslumbrou / Com encanto e magia / O teatro irradia / A mais pura emoção / E hoje / Esta beleza infinita / Acontece na Avenida / É a minha escola a sensação / E lá no céu / Uma estrela brilhou / Anunciando a alegria (bis) / Que a passarela contagia / Com beleza e esplendor / Para que chorar o que passou / Lamentar perdidas ilusões / O meu povo vibra (bis) / Cheio de euforia / Extasiando os corações / . “ ] .
Em 1992 com um samba-enredo composto por Dinoel Sampaio / Itinho / Neguinho Da Beija-Flor , a Beija-Flor homenageou a mais importante invenção do século em uma bela referência à televisão que desde a sua descoberta tem a função de informar , alegrar e registrar através da imagem um acontecimento em sua tela midiática , levando temas maravilhosos para divertir os telespectadores durante sua programação : “ Há um Ponto de Luz na Imensidão “ . [ “ / Um ponto de luz surgiu, oi! / Na magia desta invenção / Descortinando o infinito / Preto e branco ou colorido / É imagem na televisão / Baila, cristalino, irreal / O poder da criação / Trazendo encantos e culturas / Na simplicidade de um botão / Que rei sou eu, que rei eu sou / Ô ô ô ô / Que rei sou eu, que rei eu sou / Vivendo neste mundo de esplendor / Revivendo, oi / As belezas naturais /O céu, a terra, o mar / E no lindo Pantanal / A lenda diz que a mulher / Vira um belo animal / A cada ponto é uma arte que reluz / É o teu futuro que me seduz / Clareando humanidades / Serás a guia / Criatura iluminada eu serei / Enriquecido de sabedoria / Olê, lê, ô, vamos cantar / É TV anunciando / A Beija-flor está no ar / . ] .
Há neste samba-enredo de 2007 composto por Carlinhos Do Detran / Cláudio Russo / Gilson Dr. / J. Velloso , uma mistura originária da relação racial narrada sobre a visão histórica da origem do negro com sua chegada ao Brasil , desfilando em um misticismo respeitoso e tradicional os deuses formadores de estágios de suas culturas e seus heróis que lutaram pela liberdade como verdadeiros destaques dos acontecimentos ocorridos: “ Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasiliana “ . [ “ / Olodumarê, o deus maior, o rei senhor / Olorum derrama a sua alteza na Beija-flor / Oh! Majestade negra, oh! mãe da liberdade / África: o baobá da vida ilê ifé / Áfricas: realidade e realeza, axé / Calunga cruzou o mar / Nobreza a desembarcar na Bahia / A fé nagô yorubá / Um canto pro meu orixá tem magia / Machado de Xangô, cajado de Oxalá / Ogun yê, o Onirê, ele é odara / É Jeje, é Jeje, é Querebentã / A luz que bem de Daomé, reino de Dan (bis) / Arte e cultura, Casa da Mina / Quanta bravura, negra divina / Zumbi é rei / Jamais se entregou, rei guardião / Palmares, hei de ver pulsando em cada coração / Galanga, pó de ouro e a remição, enfim / Maracatu, chegou rainha Ginga / Gamboa, a Pequena África de Obá / Da Pedra do Sal, viu despontar a Cidade do Samba / Então dobre o Run / Pra Ciata d`Oxum, imortal / Soberana do meu carnaval, na princesa nilopolitana / Agoyê, o mundo deve o perdão / A quem sangrou pela história / Áfricas de lutas e de glórias / Sou quilombola Beija-Flor / Sangue de Rei, comunidade (bis) / Obatalá anunciou / Já raiou o sol da liberdade / . “ ] .
Em 1977 , A Beija-Flor emocionou muito com um tema cantado na cadência do samba-enredo composto por Luciano Da Beija-Flor / Savinho Da Beija-Flor que versa sobre um saudosismo dos velhos carnavais simbolizado na melancolia da vovó que a faz relembrar momentos maravilhosos vividos com a mais bela expressão dos blocos e bailes em uma época em que havia grande admiração e fascínio pelo carnaval : “ Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egipciana “ . [ “ / Caiu dos olhos da vovó / (Lalaiá, laiá) / Uma lágrima sentida / Lembrando imagens de criança / Do velho tempo que passou / O seu pranto é colorido / Nas vivas cores da televisão / Que hoje assiste recordando / Formosos ranchos / e grandes sociedades / No esplendor da noite / Como era lindo a presença do dia / A corte egipciana / Enredos de nostalgia / Não chore não vovó / Não chore não / Veja quanta alegria dentro da / recordação / Relembre a graça do entrudo / E o fascínio do baile de Veneza / Lá em Roma Pagã / Para festejar a primavera Colhiam frutos e faziam orgia / Que começavam ao / romper do dia / E vinha um rei / Num belo carro naval / Alegrando a saturnália / Inventando o carnaval / (De lá pra cá) / De lá pra cá / Tudo se transformou / Mas a vitória da folia ficou / No encanto do meu povo / que brinca / Sambando quando samba a / Beija-Flor / (Vovó) / . “ ] .
Começa em 1974 os temas sobre a propaganda do regime vigente , exaltando os feitos do lema “ pra frente, Brasil “ , que , na concepção de alguns críticos , tratava-se de encomenda do Executivo , para divulgação do trabalho estruturado pelo sistema que na época era comandado por grupo militar . Nesse ano a Beija-Flor desfilou cadenciada pelo samba-enredo composto por João Rosa / Walter De Oliveira : “ Brasil Ano 2000 “ . [ “ / É estrada cortando / A mata em pleno sertão (bis) / É petróleo jorrando / Com afluência do chão / Sim, chegou a hora / Da passarela conhecer / A ideia do artista / Imaginando o que vai acontecer / No Brasil no ano 2000 / Quem viver verá / Nossa terra diferente (bis) / A ordem do progresso / Empurra o Brasil pra frente / Com a miscigenação de várias raças / Somos um país promissor / O homem e a máquina alcançarão Obras de emérito valor / É estrada cortando / A mata em pleno sertão (bis) / É petróleo jorrando / Com afluência do chão / Na arte, na ciência e cultura / Nossa terra será forte sem igual / Turismo, o folclore altaneiro / Na comunicação alcançaremos / O marco da potência mundial (bis) / . “ ] .
No centenário da libertação dos escravos , várias escolas desenvolveram o tema como uma grande homenagem à raça negra , e a Beija-Flor , no ano de 1988 , não poderia deixar de desenvolver com muito orgulho um enredo representativo para a História do Brasil : “ Sou Negro, do Egito à Liberdade “ . [ “ / Vem amor contar agora / Os cem anos da libertação / A história e a arte dos negros escravos / Que viveram em grande aflição / E mesmo lá no fundo das províncias do Sudão / Foram o braço forte da nação / Eu sou negro / E hoje enfrento a realidade / E abraçado à Beija-flor, meu amor / Reclamo a verdadeira liberdade (já raiou) / Raiou o Sol, sumiu / E veio a Lua (bis) / Eu sou negro, fui escravo / E a vida continua / Liberdade raiou / Mas a igualdade não (não, não, não) / Resgatando a cultura / O grande negro revestiu-se de emoção / (Ih! A Mãe Negra!) / Oh, Mãe Negra faz a festa / O povão se manifesta / Cantando para o mundo inteiro ouvir / Se faz presente a força de uma raça / Que pisa forte na Sapucaí / Dunga Tara Sinherê / Êre rê rê rê (bis) / Êre ré rê rê / . “ ] .
Para encerrar toda a demonstração musical que se fixou na galeria de sambas da Beija-Flor , selecionamos um tema que faz uma abordagem sobre a descoberta do Brasil . Em 1984 , com o samba-enredo composto pelos irmãos Nego e Neguinho da Beija-Flor , a escola levou para a avenida um lindo cenário que narra toda uma trajetória do descobrimento do Brasil , apresentando , com muito orgulho , a formação de raças que contribuíram para a grandeza da nação “ O Gigante em Berço Esplêndido “ . [ “ / Navegando rumo as Índias / E sonhando com riquezas / Caravelas portuguesas / Os Deuses, outros caminhos destinaram / Ecoou / Terra a vista um grito emocionante / Era o berço do gigante / Esbanjando esplendor / Índios, selvas, mitos / E os negros com a forca e magia / Fizeram pulsar com alegria o coração / De uma criança nação / Mas na ânsia de crescer / Do berço fértil se afastou / O seu olhar marejou o sofrer / Em lagrimas que servem de lições / E o gigante é o nosso povo / Reconstruindo um Brasil novo / Cheio de vida organizando mutirões / E tem fuzuê alegrando o patropi / No samba lê lê / Vamos cantar e sorrir / ] .
O Cantinho Musical espera que esta pequena apresentação de alguns sambas-enredo que marcaram época nos desfiles da Beija-Flor coincida com os gostos de nossos leitores e especialmente daqueles que têm a “ Agremiação do Colibri “ no fundo de seus corações !
“ O SÍMBOLO DE UM MINÚSCULO PÁSSARO NÃO TRADUZ A GRANDEZA DE UMA AGREMIAÇÃO DE SAMBISTA , MAS EMBELEZA O CENÁRIO COM UMA SUTILEZA E COM IMENSO CARINHO QUANDO O COLIBRI “ BEIJA A FLOR “ . SÃO DOIS TERMOS COMPOSTO EM UMA ÚNICA EXPRESSÃO QUE REPRESENTA O “ A M O R “ NO ATO DO BEIJO E O “ FLORESCER “ DE UM B E L O VEGETAL , ORNAMENTANDO A BELEZA DA ESCOLA NILOPOLITANA ! “