15/01/2017 às 20h28min - Atualizada em 15/01/2017 às 20h28min

Comemorar as chacinas nos presídios!?

Comemorar as chacinas nos presídios!?
 
Paulo Lucio – Carteirinho
 
O ano de 2017 começou marcado por sangue.  No primeiro dia do ano, uma rebelião na Penitenciária Anísio Jobim, em Manaus, acabou com mais de 60 detentos mortos. Cinco dias depois, outro massacre, dessa vez na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, em Roraima, com 33 mortos. Dez dias depois,  novo massacre, sendo na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte com mais de 30 mortos.
 
Nos primeiros 15 dias do ano mais de 100 detentos foram mortos. Sendo de forma cruel. Vários deles foram decapitados, esquartejados e queimados. Uma verdadeira carnificina. A crueldade foi tamanha que dificultou o reconhecimento dos mortos. Muitos corpos ainda não foram identificados.
 
Essa onda de rebeliões nos presídios brasileiros ligou o alerta vermelho. Principalmente pelos comentários a respeito desses acontecimentos. Muitos comemoraram essas chacinas.  Com destaque para o comentário do secretário de juventude do Governo Temer, Bruno Júlio (PMDB), que disse: “Tinha é que matar mais”. Tinha que fazer uma chacina por semana”. Destaco também a publicação do Deputado Federal Major Olímpio (SD/SP) no facebook incentivando presos de outros presídios a fazer rebeliões e massacres que superem as mortes de Manaus e Roraima.
 
Vários amigos meus também comemoraram essas chacinas. Para eles, um preso morto é um bandido a menos. Mas na verdade é o contrário. Afinal, boa parte dos presos foram mortos, não por serem bandidos, mas por recusaram entrar para a facção criminosa ou por pertencerem à outra facção.
 
Essas mortes mostram aquilo que todos já sabem: facções criminosas comandando os presídios   Utilizando da barbaridade como tática para intimidar grupos rivais, autoridades do Estado e os próprios presos, que são obrigados a entrar para a facção. Logo, não temos motivos para comemorarmos essas mortes. Afinal, elas fortalecem ainda mais o crime organizado. Aumenta a quantidade de membros das facções.
 
O preso que morreu não vai mais cometer crimes. Já o preso que matou vai continuar cometendo crimes, sendo que agora contará com mais apoios, já que sua facção está cada vez mais forte e com mais membros. Atuando dentro e fora dos presídios.
 
Bandido bom não é bandido morto. Bandido bom é bandido recuperado. Por um sistema penitenciário mais humano e controlado pelo Estado e não pelas facções criminosas.  
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