19/05/2017 às 19h53min - Atualizada em 19/05/2017 às 19h53min

É T I C A - 1

“Todos os dias faço de mim o que sou” Robert Thurman

Edson Gomes dos Santos
Diariamente lemos ou ouvimos notícias da Lava Jato, de crimes contra o patrimônio público, praticados por políticos, empresários, funcionários públicos, etc., tais como:

“Temer citado 43 vezes na Lava Jato”;  ”Aécio delatado - mais uma vez - em depoimento de executivo de construtora, por propina na construção da Cidade Administrativa”; “Cocaína do helicoca do Perrella não tem dono”; Serra recebeu R$ 23 milhões, depositados na Suíça”; “Eduardo Cunha se diz inocente(!!!)”; “Mulher do Cunha continua usufruindo dos US$ e R$ das negociatas do marido”; “Gilmar Mendes dá mais um pitaco político, para engrandecer o STF”; “Jucá quer estancar a Lava Jato”; “Sérgio Moro – absolutista – investiga, acusa, julga e condena os “seus prisioneiros”  se eles não abrirem os bicos para denunciar ...petistas (E outros partidos, seletivamente? ...Não vem ao caso); etc., etc., etc. (!!!).

Sobre quantos políticos, servidores públicos –federais, estaduais e municipais – já ouvimos denúncias de malversação de recursos públicos; propinas; superfaturamentos; corrupções e corruptores; oligarquias regionais; apadrinhamentos; nepotismos: etc., etc., etc.?
Haja dedos para contá-los.

“Somos novos a cada dia. Nossos pensamentos, intenções, atos, consciência e percepções estão sempre evoluindo, e a cada mudança emerge uma pessoa diferente. Você não é a mesma pessoa que era há 5 anos, nem há 5 minutos...” (Brian Weiss - Muitas Vidas Uma só Alma – cap. 11, fl. 151)

Nos nossos dia-a-dia não costumamos ponderar/sopesar – antecipadamente – quanto aos  aspectos positivos e negativos, seus ônus e consequências, decorrentes dos atos, atitudes e decisões que adotaremos/adotamos em cada momento vivido. Porém, quaisquer que sejam os seus resultados – registrados em nossas Histórias individuais - por eles seremos, ad aeternum, responsáveis.

Uma coisa é clara: “Diferentemente dos aspectos positivos, os aspectos negativos ficarão colados em nossos familiares e descendentes: pais, cônjuges, filhos, netos, bisnetos...”
Nos poucos exemplos que acima citados, TODOS, infiro, SEM EXCEÇÃO, tinham não só consciência como a intenção de locupletarem-se com dinheiro público, via enriquecimento ilícito e criminoso, além da quase certeza de impunidade legal tendo em vista a morosidade da Justiça brasileira. 

Mas...eles são os ladrões da pior espécie posto que escudados nos cargos públicos – eletivos ou não – traem os objetivos maiores para os quais foram eleitos ou designados: “Cuidar do Patrimônio Público– quer legal, quer material - em benefício do bem-estar coletivo e da Nação”.
Aí, chegamos ao x do problema: ÉTICA!!!

Continua...
                                                É  T  I  C  A  - 2
 
Por que a Ética é importante? 
 
“Porque (transgredir) a Ética não tem perdão, nem cumprimento de pena.  
Transgredir a Ética é (e será) uma mancha para sempre”.                       Stefen Kanitz
 
Visando ilustrar o “quanto custa” uma transgressão à Ética e devidamente autorizado pelo autor do texto, Stefen Kanitz, reproduzo na íntegra o artigo dele, publicado na revista Veja, Edição 1733, de 09.01.2002:
 
“Antigamente, moral e ética eram transmitidas às novas gerações pelas classes dominantes, pela aristocracia, pelos intelectuais, escritores e artistas.
Era uma época em que os nobres eram nobres, exemplos a serem seguidos por todos.
Hoje, isso mudou.

Nossas lideranças políticas, acadêmicas e empresariais não são mais “nobres”, nem se preocupam em transmitir valores morais às futuras gerações.
Nossa televisão só pensa em lucro, seus donos não têm nenhuma preocupação em ser respeitados pelos seus pares.

Não existe mais a noblesse oblige, a obrigação dos “nobres”, como antigamente.
Poetas brasileiros até enaltecem os nossos “heróis sem caráter”.
Hoje, quem quiser adquirir valores morais e éticos neste mundo “moderno”, terá que aprender as regras sozinho.
Portanto, para não perder mais tempo, vamos começar com a primeira lição.

Vou mostrar a importância de criar um código de ética com um exemplo real.
Um estudo de um caso.

Vou romancear os personagens para os proteger, mas a história é verdadeira:
- Um amigo de infância, o Zeca, casou-se com a garota mais linda de nossa turma.

Para piorar a situação tinha uma irmã mais nova e ainda mais bonita, de 16 anos.
Nosso comentário na época era que ele estava casando com a irmã errada, mas no fundo, estávamos todos morrendo de inveja.
Após dois anos de casado, o Zeca acabou transando com a cunhada.

E, óbvio, foi prontamente descoberto pela esposa.
Foi o escândalo da cidade. Só falamos disso por seis meses.
Ele se desculpou todo envergonhado dizendo: “Não sei o que passou pela minha cabeça, ela simplesmente se entregou”.
Fato mais comum do que se imagina, fruto de uma rivalidade não resolvida entre belas irmãs.

Muitos anos depois, cada vez que encontrávamos o Zeca, tentávamos disfarçar nosso sorriso malicioso.
Mesmo vinte anos se passando, toda vez que o encontro, a primeira imagem que me vem à mente é:
“Lá vem o Zeca, aquele que transou com a cunhada”.

Eu sei que isso é totalmente injusto de minha parte, afinal seu crime não durou mais que meia hora, e ele nunca voltou a repeti-lo.
Já sofreu e pagou seu pecado, se separou, perdeu metade do seu patrimônio e mesmo assim, vinte anos depois, nós ainda o estávamos condenando.
Pelas leis brasileiras, ele já teria cumprido a pena, seria perdoado e ponto final.

Esta é a diferença entre Leis e Ética.  Ética não tem perdão, nem cumprimento de pena. Transgredir a Ética é uma mancha para sempre. Um horror!  (grifo meu)
Por isso as gerações mais velhas criam uma moral e uma ética, uma religião, uma filosofia de vida.
Para ser transmitida às novas gerações para que elas não façam besteira que possam marcá-las para o resto da vida.

Transgredir a moral e a ética de sua comunidade traz penas bem mais severas que transgredir as leis de seu país.
Agora, ter uma religião e não seguir os preceitos que ela advoga, algo que ocorre com frequência, é o pior dos dois mundos:  “Aí você não procura uma ética melhor que o satisfaça nem segue a ética determinada por sua religião”.

Só (que) o caso termina ainda pior. Na semana passada ligou um amigo de meu filho e anotei o recado:

-“O Alfredo, filho do Zeca, te ligou”.
-“O Zeca, aquele que papou a cunhada”? – Disse meu filho com um sorriso malicioso.
Acho que ninguém de nossa turma tem hoje inveja do Zeca. Ele não somente pagou o preço, mas esse preço vai ser pago agora por seus filhos, netos e, talvez, bisnetos.
Posso até imaginar daqui a trinta anos um comentário desses:
-“Aquele não é o neto do Zeca, aquele que foi pego na cama com a cunhada”?
Os filhos, netos e bisnetos de nossos políticos, homens públicos, líderes e artistas que romperam com a ÉTICA terão que conviver com eterno tititi sobre seus pais e nunca saberão dos comentários ditos pelas costas. (grifo meu)
Se você tem uma religião e não a pratica, se você odeia as pregações de moralidade que seus pais lhe impõem, isso não o exime de procurar um sistema de referência melhor para sua vida, seja uma outra religião, seja uma conduta filosófica, seja um simples livro de auto ajuda. 
As consequências podem ser muito mais severa do que as leis impostas pelo Estado, como descobriu meu querido amigo Zeca, aquele que transou com a cunhada.
 
Prezado Leitor,
Ao terminar a leitura deste texto, indago se você identificou/reviu muitos “Zecas” que ficaram registrados em sua memória, tal qual ocorreu comigo?
 
Edson Gomes Santos – Divinópolis-MG – 02/2017                                       
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