13/11/2020 às 10h51min - Atualizada em 13/11/2020 às 10h51min

Amor ao livro

O destino dos livros seria o esquecimento sem a intermediação dos livreiros e dos bibliotecários porque  o livro não tem pernas para andar sozinho.

O livreiro deve ser um incentivador da leitura, um apóstolo do saber.

Dizem que, por causa da televisão, as pessoas estão lendo menos. Não sei. Televisão e livro são veículos diferentes.
Na televisão eu não posso parar num quadro, como no livro eu me detenho numa página para relê-la e meditar no que li.

Não posso na TV fazer algo como escrever notas marginais ao texto.

Não posso colocar a televisão debaixo do travesseiro, como que para continuar a leitura durante o sono.

Televisão eu não folheio.

Televisão eu não levo comigo para o banco da praça, ou para o consultório médico enquanto espero minha vez de ser atendido.

Nem posso fazer algo como abrir uma página ao acaso, ou ler um trecho para a esposa, a avó ou a namorada. 

A televisão quer me dominar, não sou sujeito, sou objeto.

O livro é dócil companheiro, conversa comigo.

O livro não grita, não cassa minha liberdade, não quer fazer de mim um autômato.

De televisão eu posso gostar. 

Amar, amar mesmo, só o livro eu posso amar.

Não obstante a disparidade entre o público televisivo e o público que frequenta o livro, a influência dos textos produzidos pelo invento de Gutenberg impressiona e espanta.

Não foi sem razão que, no decorrer da História, os livros foram censurados, apreendidos e queimados pelos déspotas.

Devo a uma bibliotecária grande parte do amor que adquiri pelos livros. 

Eu a chamava de Dona Telma.  Era a responsável pela Biblioteca Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, minha cidade natal. 

Indicava-me e aos colegas os bons livros. 

Transmitia aos frequentadores de nossa Biblioteca Pública o gosto que ela própria tinha pela leitura. 

Ensinava-nos a conservar os livros com capricho, cuidado e carinho.

Sempre gostei de ganhar livros e doar livros.

Recebo o presente de um bom livro como quem recebe um tesouro.

Sou também um divulgador de livros.

Mandei livros de minha autoria e de autores capixabas para bibliotecas públicas de todos os municípios do Espírito Santo e de todos os Estados da Federação.

Tudo isto está registrado no meu computador.

Se é mania não sei.

Mas como é bom cultivar manias que não fazem mal a ninguém.
 
P. S. – É livre a publicação deste artigo em jornais.
          É livre também a transmissão do texto, de pessoa para pessoa.   
 
 João Baptista Herkenhoff           
 Juiz de Direito aposentado (ES) e escritor
 Email – [email protected]

 
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