08/10/2022 às 07h59min - Atualizada em 08/10/2022 às 07h57min

O que as urnas de Leopoldina mostraram?

Paulo Lúcio Carteirinho
Tivemos uma eleição muito polarizada entre esquerda e direita em todo o território brasileiro, inclusive, com eleições decididas em primeiro turno em muitos estados. Dos 27 estados, 15 decidiriam no primeiro turno, dentre eles Minas Gerais. A eleição nacional por muito pouco não foi decidida no primeiro turno. Lula que ficou em primeiro obteve 48,43% dos votos.
 
Trazendo esse debate para Leopoldina, por aqui também tivemos polarização entre esquerda e direita. Na eleição presidencial  Lula (PT) ganhou disparado, teve mais da metade dos votos, sendo  17.698 (57,84%) votos contra 10.855 (35,47%)  votos de Bolsonaro (PL). Notamos a polarização quando comparamos a diferença de votos entre o segundo para o terceiro, que foi Simone Tebet (MDB) que teve 893 (2,93%) votos, seguido de  Ciro (PDT)  com 833 (2,72%) votos.
 
A vitória de Lula mostra que Leopoldina a nível nacional é mais esquerda do que direita. Porém, a nível estadual foi o contrário, Zema (Novo) ganhou de Kalil (PSD). Política tem dessas contradições.  Zema  teve mais da metade dos votos, sendo 14.278 (53,69%) votos,  contra 10.943 (39,89%)  votos de Kalil. O terceiro lugar, Carlos Viana (PL), obteve um pouco mais de mil votos, o que mostra que também tivemos polarização a nível estadual.
 
O curioso é que na disputa para o senado o candidato apoiado pela esquerda, Alexandre Silveira (PSD), foi o mais votado em Leopoldina. Obteve 11.295 (42,86%) votos, contra  7.656 (29,05%) votos de Cleitinho (PSC), apoiado pela direita, que   acabou eleito senador.

No tocante a eleição para deputado federal a direita ganhou disparado, até porque teve candidato próprio da cidade. José Eduardo Junqueira Ferraz, sobrinho do prefeito Pedro Augusto, concorreu pelo União Brasil e teve 13.011 (44,55%) votos em Leopoldina. O segundo colocado, também de direita, foi o deputado federal Misael Varella (PSD), que é de Muriaé e obteve 2.274 (7,79%) votos. A surpresa foi a votação de Nikolas Ferreira (PL), candidato mais bem votado em todo o Brasil, com mais de um milhão de votos, sendo que 1.773 (6.07%) dos votos obteve em Leopoldina, sendo o terceiro mais bem votado na cidade. Ele que não tem nenhuma ligação com Leopoldina ou região mas que ficou na frente de muita gente daqui, como Júlio Delgado (PV) que foi o representante da “esquerda” com mais votos em Leopoldina, teve 1.390 (4,76%).
 
Na disputa para deputado estadual a esquerda ganhou, até porque teve candidato próprio da cidade, o “companheiro” Roberto Brito, filho do ex-prefeito Zé Roberto, que  teve 16.470 (56,90%) votos. Robertinho concorreu pelo REDE, junto com o PSOL. Eu até pensei que o fato dele concorrer por um partido de esquerda atrapalharia sua votação, afinal, ele e seu pai são de direita, inclusive em 2018 ele concorreu pelo PSL, partido que era de Bolsonaro.
 
Sair de um partido da direita e ir para um partido da esquerda não atrapalhou em nada Robertinho, que inclusive aumentou sua votação. Ele, que em 2018 teve 20.746 votos, nessa eleição teve 28.051 votos, 7.305 votos a mais. A esquerda fez bem para Robertinho, infelizmente ele não foi eleito, mas conseguiu algo que ficará registrado para sempre na política de Leopoldina, que foi fazer a extrema direita leopoldinense votar na chapa do PSOL. Com direito a voto e apoio de um  advoGADO bolsonarista raiz. Eu vivi para ver isso.
Graça a esse votos, além de outros da extrema-direita leopoldinense, a chapa REDE/PSOL fez 3 deputados: 2 do REDE  e 1 do PSOL. Um detalhe, a eleita pelo PSOL foi Bella Gonçalves, feminista e lésbica. A Rede bolsonarista leopoldinense votando na esquerda foi a maior surpresa dessa eleição.
 
Encerro por aqui, no próximo artigo irei tratar exclusivamente das candidaturas  locais, como foram seus desempenhos, quais grupos  perderam e ganharam e o que muda  na conjuntura política para as eleições de 2024.

 
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