13/11/2022 às 08h25min - Atualizada em 13/11/2022 às 08h23min

​O que muda na política de Leopoldina após as eleições de 2022?

Paulo Lúcio Carteirinho
 Toda eleição muda o tabuleiro político, afinal, alguns grupos ganham e outros perdem. Nessa eleição a esquerda se saiu melhor, afinal, o presidente eleito, Lula, é de esquerda. Dessa forma, em Leopoldina podemos dizer que o PT, liderado pela Cláudia Conte, foi o grupo mais fortalecido nessa eleição. Vimos isso nas urnas, Lula massacrou Bolsonaro em Leopoldina – 60% a 40%.

Mas o PT de Leopoldina não sai vitorioso só por causa da vitória de Lula, mas também pela quantidade de deputados federais e estaduais que o partido fez. O PT fez a segunda maior bancada do Congresso, 68 deputados. Sendo o partido que mais elegeu deputados estaduais em Minas, 12 no total, e o segundo partido que mais fez deputados federais, 10 ao todo.  

Muitos desses deputados petistas têm assessores em Leopoldina e mandaram muitas emendas e recursos para cá, o que explica a quantidade de votos que eles tiveram na cidade, mais de 10% dos votos.  Reeleitos vão mandar ainda mais recursos, o que fará com que o partido fica ainda mais forte na cidade.

Do outro lado, do lado da direita, apesar da derrota a nível nacional eles se saírem bem. O PL, partido de Bolsonaro e do prefeito Pedro Augusto, que até então era do centrão, virou nessa eleição o partido com maior bancada no congresso. Fez 99 deputados federais, sendo que em Minas Gerais fez 9 federais e  11 estaduais. Outro ponto a destacar foi a vitória da direita no Estado de Minas Gerais, reelegendo, no primeiro turno, o governador Zema.

Dessa forma, os grupos, do PT e do prefeito Pedro Augusto, saíram fortalecidos. O grupo do Pedro leva uma vantagem por ter a máquina municipal na mão, além do apoio do governo do Estado. Por outro lado, têm alguns petistas mineiros cotados para assumir alguns ministérios importantes, confirmando,  essa correlação de força fica equilibrada.  
 
O grupo do Zé Roberto não ganhou, nem perdeu. Afinal, mesmo não elegendo seu filho, Robertinho, teve uma excelente votação, não só na cidade, mas na região. Em Leopoldina mais de 50% dos votos. Dessa forma, podemos dizer que não chega ser uma derrota, pois o grupo mostrou força.

Agora é aquilo, quando você vem com candidatura própria e perde você acaba perdendo apoio político, tendo em vista que política se faz com eleitos e você não tem apoio de nenhum deles. Com isso não consegue receber emendas e fazer intervenções políticas.
 
Falando em perder apoio político, o grupo do Ricardo da Paf Pax foi pra mim o grupo que mais saiu derrotado nessa eleição, tendo em vista a não reeleição do Júlio Delgado, que era o padrinho político do grupo. Se não bastasse isso, tem também a questão partidária. O grupo era formado por diversos partidos, sendo o principal o PSB, liderado pelo Ricardo. Mesmo o partido tendo Alckmin com vice de Lula não se saiu bem nessa eleição. Fez apenas 17 deputados federais, sendo nenhum em Minas. A nível estadual fez apenas um deputado estadual, mas que não tem ligação com o grupo do Ricardo, que inclusive apoiou, na sua grande maioria, Robertinho. Na verdade o grupo se dividiu, parte apoiou Fernando Pacheco de Cataguases, parte candidatos do PT e candidatos de outros partidos.
 
Como podem ver, o grupo do Ricardo sai fragilizado dessa eleição. O grupo era formado por diversos outros grupos locais e partidos, onde além da crise do PSB, o grupo têm problemas com outros partidos que formavam o grupo. É o caso do PV, liderado por Rodrigo Pimentel. Aqui tem um problema duplo. Primeiro pelo fato do PV está na federação com o PT, dessa forma, não poderá concorrer contra o PT caso ele tenha candidatura própria, sendo obrigado a caminharem juntos. O segundo problema é que Rodrigo Pimentel está cotado para assumir a presidência da Câmara, para isso terá que ter apoio do governo, logo vai se aproximar do grupo do Pedro, isolando Ricardo e vai ter que decidir mais para a frente com quem vai caminhar.

Essa questão partidária é também problema para o grupo do Zé Roberto. Robertinho, que tudo indica será candidato caso seu pai não seja candidato, está filiado no Rede e não pode sair do partido. Afinal, ele é o primeiro suplente do partido e pode assumir o mandato caso ocorra algum problema com os deputados eleitos de seu partido: morte, licença, afastamento, cassação, perda do mandato... Caso Robertinho deixe o partido   abrirá mão da suplência e não terá como ser deputado nessa legislatura, o que não é nada bom, ainda mais para quem investiu muito dinheiro na campanha.

Acontece que o Rede é um partido de esquerda, inclusive está federado junto com o PSOL, onde ambos vão compor o governo Lula. Caso queira sair candidato pelo partido terá que ter aval da esquerda, passando por negociação com o PT. Isso pode ser ruim, sendo um empecilho, como também pode ser bom, podendo   inclusive juntar toda a oposição. Com falei anteriormente, o PT já tem apoio do PV e do PCdoB que formam a federação, ou seja, três partidos já estão basicamente juntos.  Caso o Rede e PSOL juntem ao grupo, já passam ser cinco partidos, o que faz uma frente e tanta.

Difícil a será unir tantos grupos rivais, mas para derrotar o grupo do Pedro só será possível se toda a oposição se unir, pois  ele está fazendo um excelente mandato e não será tão fácil derrotá-lo, ainda mais se o candidato for o próprio Pedro. Agora, se o candidato for outro, como seu sobrinho, José Eduardo, ou alguém do grupo, pode ser que a oposição tenha mais chance e inclusive tenha até uma terceira ou mais via.  

Apesar de que não vejo muitas vias, não só pela questão do grupo do Pedro ser muito forte, mas pela conjuntura política que cada eleição que passa diminui a quantidade de partidos. Inclusive, muitos tendem acabar, se unir ou federar e isso faz com que tenhamos cada vez menos grupos. Isso é um problema maior para os grupos do Bené Guedes, Paixão, Brênio, Kélvia... .

Como podem ver essa eleição já mexeu no tabuleiro político e vai mexer ainda mais. Tendo uma nova mexida eu retorno para contar.
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