No noticiário deparo com a declaração do prefeito de Betim, Vitorio Medioli, empresário de origem italiana naturalizado brasileiro, proprietário, dentre outros negócios, da Transportadora Sada e do jornal O Tempo, sugerindo e afirmando que deveria ser dada “independência” aos estados do Nordeste Brasileiro pois eles “nada produzem” e consomem a riqueza gerada pelos demais Estados.
No noticiário Sr. Vitorio aparece abraçado a Jair Bolsonaro, cujo governo – segundo divulgado na grande imprensa - contemplou o grupo empresarial do prefeito de Betim com contratos governamentais de mais de R$ 480 milhões em suas diversas áreas de atuação.
Infelizmente o preconceito enraizado na mentalidade brasileira de que os nordestinos são preguiçosos... não gostam do trabalho... são “inferiores” aos demais cidadãos... conversam e falam de modo “cantado”... “contaminou” o Sr. Medioli... e que pena, pois ele, vindo da Itália foi “abraçado, naturalizado e agregado” ao povo composto por todos nós, brasileiros, independentemente de região, cor, credo, ou qualquer outro fator excludente da cidadania.
São Paulo, capital, é a maior cidade sul-americana e, segundo os historiadores, seu progresso é devido em grande parte ao trabalho dos migrantes nordestinos que para lá se mudaram em busca de melhores condições de trabalho, de vida, e, mesmo assim, lá eram discriminados.
O fato é que os estados do Nordeste sofrem com as secas e a má distribuição de chuvas, situações que geraram a “indústria da seca” que nada mais era que o florescer do oportunismo político dos coronéis visando angariar recur$o$ governamentais para “combater a seca” e 90% dos recursos obtidos “irrigavam” os patrimônios financeiros e políticos deles, em detrimento da minimização das necessidades dos nossos sofridos irmãos-cidadãos nordestinos.
O famoso açude de Orós, no Ceará, foi construído na época do Império visando minimizar efeitos da seca e estimular criação de peixes; em Mossoró, Rio Grande do Norte, além do sal gema, é produzido camarão marítimo... em pleno sertão; Bahia é precursora na produção de petróleo no Brasil, poço petrolífero comercial de Candeias (1941); em Petrolina, Pernambuco, são produzidas uvas de castas viníferas e vinhos de alta qualidade; na fruticultura em Juazeiro, Bahia, uvas Itália rendem até 2 safras e meia anualmente; mineração e produção de urânio no Ceará; enfim, os Estados nordestinos contribuem, SIM, para a economia nacional.
Já o Sr. Medioli, ante suas importâncias política, econômica e empresarial, só contribui para solidificação do preconceito contra os nordestinos que, infelizmente, vem sendo “reativado” de uns tempos para cá e ratificado pelo Presidente da República ante os resultados da eleição presidencial 2022, pois ele não conseguiu maioria dos votos dos nordestinos.
Caso os brasileiros tivessem preconceito contra os cidadãos italianos, será que aceitariam [passivamente] um indivíduo preconceituoso contra cidadãos nordestinos-brasileiros adquirir cidadania brasileira, como a que foi concedida ao Sr. Vitório Medioli?
... Do Além, Ruy Barbosa, Ariano Suassuna, Fernando Brennand, Ledo Ivo, Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda, Rachel de Queiroz, dentre grandes nordestinos, fraternalmente abraçam o ítalo-brasileiro, VITORIO MEDIOLI... apesar de ele ser preconceituoso.
