ETARISMO – Preconceito contra pessoas por causa da idade –

(Hoje, 22/03/23, é divulgado que Patrícia Linares registrará BO quanto ao etarismo sofrido.)

Edson Gomes Santos

Alguns dias atrás foram divulgadas nos informes via internet as palavras trocadas entre três alunas do curso de Biomedicina numa faculdade em Bauru-SP, durante suas conversas virtuais, onde elas debochavam entre si de uma colega de curso, por ela ter 40 anos:

[...] mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”, disse uma delas e outra responde: [...] gente, 40 anos não pode fazer faculdade.

Em “resposta”, a aluna criticada, Patrícia Linares, diz ser “[...] um sonho de adolescência que nunca pude realizar porque tive várias interrupções de estudo. E agora não vou desistir, o sonho não morreu dentro de mim”.

Parabéns à Patrícia cujo exemplo, imagino, poderá despertar “sonhos de adolescência” em muitos brasileiros ainda desmotivados, sentindo-se “velhos” para retorno aos bancos escolares e ampliar seus conhecimentos dentro de uma faculdade.

Lembro-me do Dr. Dalmo Pires Bastos, médico – inclusive lecionou matemática no Ginásio, 1962/63 – retornando aos bancos escolares graduando-se em Direito, já casado e com filhos.

Quando trabalhei na Direção Geral do Banco do Brasil, em Brasília, inúmeros colegas com mais de 40 anos cursavam faculdades em cursos noturnos, não só visando ampliar conhecimento mas também se preparando para “voos” mais elevados na estrutura funcional do Banco, pois somente o estudo e formação superior poderiam lhes abrir tais oportunidades e “O saber [conhecimento] não ocupa lugar”, dito claro e objetivo, é uma afirmativa que se desejarmos realmente aprender, não depende da idade, e, sim, nossa FORÇA DE VONTADE.

Um pensador disse que [...] É dos jovens que vêm as possibilidades de transformação da vida. Eu já fui jovem e respeito os mais velhos. Mas será que aquelas três amigas têm noção de que nas mãos delas também estão as “transformações da vida”, talvez na própria Biomedicina; e ante a repercussão, foi divulgado que as três amigas se “desmatricularam” do curso e  Patrícia foi enaltecida pelos demais colegas de curso, além de simbolizar a persistência.

Quantos cursos superiores há em Leopoldina e região? Antigamente só cursava faculdade quem tivesse condições$$$ financeira$$$ pois as escolas estavam em Juiz de Fora, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, destinos mais favoráveis aos leopoldinenses.

Aos 52 anos, residindo em Juiz de Fora, retornei à “escola” num curso de Filosofia na UFJF; meu irmão, Eduardo, residindo no Rio de Janeiro, aos 68 anos, iniciou curso de Direito; e o interessante, para mim, foi a oportunidade de compartilhar os bancos escolares com “jovens” estudantes na faixa etária de 20 a 50 anos de idade, sendo experiência marcante e jamais fui “vítima” do etarismo.

Caros Leitores e Leitoras, quantos “jovens” com 40 anos ou mais vocês conhecem que estejam nos bancos escolares... em quaisquer níveis: do primário ao superior?... PARABÉNS a eles!!!

Talvez Patrícia devesse ter dito às três “colegas”: Tenho uma coisa que vocês não têm e nem sabem se um dia terão: MINHA IDADE.