10/08/2023 às 23h10min - Atualizada em 10/08/2023 às 23h10min

Zema separatista!?

Paulo Lúcio Carteirinho
Charge feita por Luciano Baía Meneghite
Estou estudando para o concurso de professor de História, do Estado de Minas Gerais, que vai ocorrer em outubro desse ano. Revendo alguns conteúdos vi que muita coisa do passado parece se repetir nos dias de hoje. Como diz um ditado: “A história se repete”.

Uma coisa que me fez fazer analogia com os dias de hoje foi a Guerra do Peloponeso. Conflito que aconteceu no final do século V a.C.,  na Grécia Antiga, sendo uma guerra civil entre os gregos.  

Aproveito para contar um pouco dessa história. A Grécia Antiga era formada por várias cidades-estado. Não havia um regime político único, cada cidade-estado tinha sua própria organização política, sendo governadas por monarcas,  cada cidade tinha seu  próprio rei, leis,  deuses... .

Até havia uma união entre os gregos, mas isso ocorria quando necessário, principalmente, quando eram ameaçados por inimigos estrangeiros. Como aconteceu nas Guerras Médicas, onde os gregos se uniram para derrotar os persas. Aproveito para deixar dicas de dois filmes que tratam dessas guerras: “300”  e “300: A ascensão do Império”. O primeiro mostra a luta por terra, com destaque para os soldados espartanos e o segundo mostra a luta no mar.

Os gregos venceram as Guerras Médicas e isso só foi possível devido a união deles, que ocorreu  através da Liga dos Delos. Passada essa guerra, essa liga continuou, sendo com muita influência da cidade de Atenas, uma das maiores e mais fortes cidades gregas, que começou intervir em outras cidades-estado,  derrubando monarcas,  colocando nos seus lugares oligarcas que o apoiavam ou até mesmo tomando algumas cidades-estado.

Isso fez com que muitas cidades-estado se unissem contra a Liga de Delos, criando a Liga do Peloponeso, que dá nome a essa guerra. A Liga de Peloponeso era formada por várias cidades-estado, com destaque para Espartas. Por quase 30 anos os gregos guerrearam entre si. A Liga do Peloponeso se saiu vitoriosa, mas a Grécia acabou perdendo, afinal, essa guerra a enfraqueceu, virando alvo fácil para inimigos estrangeiros, inclusive anos após essa guerra a Grécia acabou invadida pela Macedônia, liderada pelo rei Felipe II, pai de Alexandre o Grande.

Essa história é boa, mas o que ela tem a ver com os dias de hoje? Pois bem, vou explicar. Recentemente, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, fez comentários criticando a região Nordeste, que é formada por vários Estados. Para o governador mineiro, a região nordeste é igual uma vaquinha que produz pouco, enquanto a região Sul e Sudeste são vacas que produzem muito.  

Quem acompanha política sabe que Zema estava se referindo a disputa tributária tendo em vista que estamos discutindo a Reforma Tributária e cada região tenta tirar proveito. Mas tal fala também soou como discurso separatista, o qual vira e mexe ressurge. Vários grupos defendem até hoje a divisão do Brasil, separação de algumas regiões, as quais deixariam de fazer parte do país, formando novo (s) país (es).  

Vale destacar que isso já foi tentado várias vezes, mas sempre fracassou, porém a ideia separatista ainda persiste e a fala de  Zema a alimentou. Inclusive, após a fala do governador, uma série de publicações  foram feitas nas redes sociais, onde separatistas não só aplaudiam Zema, mas  também pediram a construção de um muro,  como o que separa os Estados Unidos do México, no caso aqui, separando o nordeste do Brasil.

A fala do governador foi muito infeliz, pois além de alimentar essas ideias separatistas, ele reforça a xenofobia e o racismo,  criando divisões dentro de um mesmo povo, fazendo quase que uma guerra civil, como aconteceu com os gregos.

Quem saiu derrotado disso é o Brasil. É inaceitável querer falar em separação do país, inclusive é crime previsto na Constituição Federal. Mesmo que tal separação não ocorra, é inaceitável uma região falar mal da outra, como se uma fosse mais importante que outra. Mas vamos supor que queiramos destacar uma região, se fosse para fazer isso, o justo seria destacar a região nordeste, afinal, foi lá que deu origem ao Brasil.  Minas Gerais surgiu muitos séculos depois, no terceiro ciclo econômico, o ciclo do ouro.  

Zema deveria estudar um pouco mais sobre o Brasil antes de querer falar mal do Nordeste. Até porque ele pensa em vir candidato a presidente e com esse discurso contra o integração do Brasil,  sua vaca foi para o brejo. Não que eu seja um separatista, mas dessa gente temos que nos separar.  
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