07/09/2023 às 19h31min - Atualizada em 07/09/2023 às 19h29min

Carlos Massaranduba: “Vou dar porrada”!

Paulo Lúcio Carteirinho
 Essa semana teve um caso lamentável na política de Leopoldina, um discurso  infeliz do vereador Carlos André (PSD), realizado durante a sessão da Câmara onde o vereador ameaçou agredir  fisicamente o prefeito Pedro Augusto (PL).

Vale destacar que tal fala aconteceu nas vésperas da Feira da Paz, momento em que a cidade organiza sua tradicional festa, que tem como  finalidade a união dos povos, pregando a convivência amistosa entre as pessoas.

O discurso de Carlos André fez-me lembrar de um personagem do Casseta e Planeta, Carlos  Massaranduba, que resolvia seus conflitos na base da porrada. Tinha até um famoso bordão: “Vou dar porrada!”.

Além dessa parte da porrada, vários trechos da fala do vereador foram infelizes. Como por exemplo, quando ele diz que o prefeito pode gritar com os funcionários das suas fazendas,  mas com ele não. Como assim um patrão pode gritar  com seu funcionário? Não deve gritar com ninguém.  

Mas o  que mais chamou minha atenção no discurso  foi o final, quando ele diz: “que morra prefeito” – bem, eu entendi isso. Essa foi a gota d’água, afinal, ele desejou a morte de uma pessoa. O vereador deveria se retratar imediatamente, mas até o momento não falou nada.

A agressão por si já é uma coisa grave, inclusive, punível com prisão como prevê o artigo 147° da nossa Constituição: “Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico de causar-lhe mal injusto e grave: Pena –detenção, de um a seis meses ou multa”.

Esse tipo de comentário não pode ser de forma alguma aceitável, deve ser repudiado pela sociedade, ainda mais partindo de uma autoridade, que deve dar exemplo.

Infelizmente, muitos acham que vão resolver seus conflitos por conta própria, fazendo justiça com as próprias mãos, o que é erro, afinal, não resolve nada e ainda cria mais confusão.

Nossa maior conquista foi o Estado Democrático de Direito,  que permitiu organizar a sociedade em cima de leis que visam justamente impedir a selvageria.  Gosto de usar um exemplo que ajuda entender melhor o ponto de evolução que chegamos, onde até os animais têm direitos. Agredir um cachorro ou o abandonar  e você poderá ir preso. Carlos André convive com a vereadora Elileia e sabe muito bem disso.

Como podem ver, se até os animais têm direitos, imagina então os seres humanos. O vereador está enrolado e acredito que será penalizado judicialmente, até porque o prefeito, como disse em vídeo, entrou com medidas judiciais.

Além do problema com a justiça, o vereador vai enfrentar problemas com a política. A Mesa Diretora da Câmara aplicou uma censura pública, que ao meu ver é mais para dizer que fez algo, que não passou em branco. Mas talvez não fique só nisso, até porque o caso ganhou notoriedade, passando inclusive em canal de TV Aberta, circulando por todo o Estado de Minas Gerais, com a internet chegou a vários lugares do Brasil e até fora dele. Foi se o tempo em que uma fala na Câmara ficasse só registrada nos anais da Casa.

Pode ser que não fique só nessa censura pública, até porque, qualquer pessoa pode fazer uma denúncia contra o vereador. Caso por ventura surja alguma denúncia  a Câmara terá que abrir uma comissão processante para avaliar se ele feriu o decoro parlamentar, podendo perder seu mandato. Nesse caso, assume  seu suplente, que é o ex-vereador Waldair Costa.

Como podem ver, esse caso não está encerrado. Tem muita coisa para acontecer. Até o momento o vereador está quieto, talvez venha se pronunciar na próxima sessão da Câmara, que ocorrerá na próxima segunda-feira. Vamos aguardar as cenas do próximo capítulo.
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