28/01/2024 às 18h45min - Atualizada em 28/01/2024 às 18h45min

EXILADOS DO FEIJÃO CRU – Flávia Gomes Ramalho

Edson Gomes Santos
Revendo meus “guardados” de memória, cerca de 15 dias atrás lembrei-me da Flávia, filha do alemão José Ramalho e Maria José Gomes Ramalho, irmã do Anderson Ramalho, netos de Dª Maria Fischer, pessoas tais compondo família da qual ternas recordações convivem comigo e, como hoje o Google nos informa de tudo, lancei o nome dela, sendo respondido com uma página do Almanaque do Arrebol datada de 2015, publicação do Elias Abrahim Neto, cuja seção denominada Exilados do Feijão Cru daquela edição contemplou dados biográficos da Flávia.

Não sei há quanto tempo ela reside em Portugal, sendo a última vez que nos encontramos foi em 1998 quando atuei na gerência do BB-Leopoldina e ela visitava seus pais, ocasião em que fui convidado a, com ela e familiares, curtir um bom vinho português, acompanhado com um legítimo exemplar do queijo de leite de ovelha, o famoso queijo da Serra da Estrela... momentos inesquecivelmente saboreados.

Em Leopoldina, seu pai, Ramalho, foi referência de empreendedorismo, tendo comandado a Tyresoles, fundado a Aramil e implantado Concessionária Fiat lá pelos 70, além de tudo isso, Ramalho era um requintado apreciador de um bom scotch, “correndo” à boca do povo de que após esvaziadas as garrafas dos legítimos scotch, Ramalho as quebrava, pois assim tirava a oportunidade de algum mal intencionado aproveitar a “sagrada” garrafa e enchê-la com uísque nacional ou, até, com um falso uísque paraguaio.

1974 – Estando em Leopoldina visitando meus familiares, encontrei-me com Flávia e dentre os papos ela me indaga se eu gostava de uísque pois ela estava com um litro de scotch à venda, ao que respondi preferir Rum Bacardi em virtude de o preço ser acessível ao meu então poder de compra e uísques de grife, para mim, tinham custos estratosféricos.

... Então, diz ela, hoje à tarde nos encontramos na praça para eu te mostrar o scotch e você decidir se me compra ou não, e eis que à tarde nos encontramos, ela me apresenta uma caixa roxa, escrito Pinwinnie Royale Premium Scotch, dentro, envolvo num saco de tecido arroxeado e decorado com um brasão, uma garrafa daquela especiaria escocesa, para mim totalmente desconhecida.

Curioso, indago como ela obteve tal joia ao que me responde: “Furtei” lá da adega do papai... assustei-me, claro, ante a possibilidade de ser tomado por receptador, recusando a compra sob alegação de que se era furto, não me interessava.

Flávia, naquela sincera e gostosa gargalhada, me diz: Seu bobo e assustado, o furto é de filha para pai e antes do ato, perguntei a ele se poderia “furtar” uma das garrafas e vender para pessoa amiga curtir o que é uma bebida de categoria, ao que papai disse não haver problema, porém escolhendo uma das garrafas que tivessem duplicata e assim o fiz.

Posso confirmar sua história com seu pai? - Sim, disse ela. ... Assim o fiz; Ramalho confirmou e ensinou-me como apreciar scotch’s de categoria; com carinho guardei a garrafa; 22 anos depois abri, saboreei e relembrei do “furto” da garrafa de scotch; fato hoje em prosa registrado, sabendo-se que uma garrafa daquela, hoje, atinge preços de até R$ 1.600,00/unidade.
                                                                                                 Edson Gomes Santos, jan/2024

(Soube que Flávia está em Leopoldina e pretendo visitá-la, antes do seu retorno a Portugal)       
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