02/03/2016 às 08h34min - Atualizada em 02/03/2016 às 08h34min

A CULPA É DO KIKO

No Rio de Janeiro, agora no primeiro mês de 2016, era manhã em que não chovia e o tênue sol não convidava à praia.
Já tendo lido até as propagandas do jornal, resolvi “bater pernas” e, aproveitando, pesquisar, quase que por diversão, o preço de um único medicamento a mim receitado na véspera.
Na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, perto de minha morada carioca, há, pelo menos, 20 (vinte) farmácias.  Caneta e papel à mão, desjejum bem feito, fui cumprir minha “árdua” missão.
Numa das farmácias ouvi a boçal afirmativa “se você encontrar preço mais baixo em outro lugar, volte aqui que lhe faremos o mesmo preço”. Quando me dei conta já havia retrucado: “se vocês tem preço menos salgado, por que não o informaram de uma vez? Por que motivo eu voltaria aqui para lhes dar a preferência? Se podem vender por menos, digam logo o menor preço”.

Em outra farmácia, o vendedor, alto e esguio, olhando-me de cima para baixo, parecendo estar aborrecido ao ver minhas anotações, abriu o catálogo de preços, fez contas em máquina portátil de calcular e, já com cara de bonzinho, informou “o preço é xis, mas com um desconto que vou lhe dar, vai sair por y”. E, parecendo sentir-se superior, completou “se você fosse cliente cadastrado poderia lhe fazer um preço melhor ainda”.

Havia também variações no preço se o pagamento fosse em dinheiro ou no cartão; em nenhum lugar se aceitava cheque.
Fim da novela: o mesmo medicamento, com a mesma dosagem de miligramas e com a embalagem contendo a mesma quantidade de comprimidos, apresentou preços que tiveram oscilação de mais de 200 %, isto mesmo, mais de duzentos por cento! Então, tendo que decidir entre pagar R$ 26,99 (quase 27 reais) e R$ 8,62 (menos de 9 reais), que decisão quem me lê pensa que tomei? Decidi que, quando não houver urgência, sempre vou olhar preço em mais de um lugar.   

Alerta: “nem sempre a gasolina de menor preço é a melhor opção”.
As pessoas, às vezes, ficam pensando que seu carma é ter pouca sobra de dinheiro, mas nunca se lembram de ter calma e pesquisar preços. Quanto menos se tem, mais falta. Li, não sei onde e transcrevo: “a pulga mais gorda dá no cachorro mais magro". 

Se o hábito de pesquisar preços se tornasse realidade em todas as pessoas, e para toda espécie de compra, possivelmente, no fim do mês, far-se-ia considerável economia financeira. A comodidade, entretanto, sempre comanda as ações dos seres humanos. “Olho vivo” é necessidade.

É preciso tomar cuidado com a malandragem.  Tradicionalmente, há pelo menos 70 anos, vendem-se ovos em cartelas que comportam 12 ovos, isto é, uma dúzia. Agora, no Rio, em mais de um lugar, vi cartelas fabricadas para conterem apenas 10(dez) ovos. O preço não aumenta, mas a quantidade diminui. E os ovos ficam expostos sob uma placa antiga em que apenas se muda o preço e ali se lê “ovos, dúzia x reais”. Então, a tal dúzia é de dez ovos.

Em Leopoldina, belo banner anunciava um vistoso cheeseburger, em que não apenas a alface e o tomate, mas também o bife de carne moída e o queijo sobravam pelos lados. Uma pessoa faminta, diante do belíssimo e até excitante visual,vendo o suculento e saudável cheeseburger, poderia até ser levada a querer lamber o banner, mas, no meu caso, apenas me preparei para degustar a “oitava maravilha do mundo”quando ela chegasse até mim. Feita a encomenda por telefone, o que chegou não correspondia à visão que eu tanta apreciara no banner. Decepcionado, e com a certeza de que quem me vendeu não estava de sacanagem, telefonei,comentando que, ao contrário do que enxerguei no comercial, a carne e o queijo estavam diminutos e nem apareciam nas bordas. Ouvi: “não tenho culpa,  pois a carne e o queijo são sempre do mesmo tamanho e os ingredientes são sempre iguais. A padaria é que fez o pão muito grande e, então, a culpa não é minha, a culpa é do Kiko”.
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