03/07/2017 às 08h55min - Atualizada em 03/07/2017 às 08h55min

Os cinco princípios básicos da doutrina espirita

3 - Crença na Comunicabilidade entre “vivos e mortos” (parte 1)

Maurício Teixeira
Quem nunca ouviu uma boa história de um morto que tenta se comunicar com um vivo?
Quem nunca ansiou por sonhar com um amor que já tenha “morrido” e poder matar a saudade que estraçalha o coração?
Ao fazermos estas perguntas, compreendemos que a grande, imensa maioria das pessoas não somente anseia por um sonho desses, como acredita piamente que este amor que já partiu, pode comunicar-se com elas.

O que nos surpreende é que esta mesma maioria de pessoas, ao iniciarmos diálogo sério sobre este assunto, a comunicabilidade entre vivos e mortos, torce o nariz, desconversa ou, simplesmente ignora, fugindo.

As causas desta fuga vão desde a religião que este professa ser contra até o interesse do mesmo não coadunar com o assunto.
Alguns dizem que este tipo de comunicação não acontece por que não aceitam e, assim, não pode ser e pronto!

Ora de duas, uma: a comunicabilidade entre vivos e mortos existe ou não. Em ambos os casos, é lei divina e não cremos que Deus tenha perguntado a uma dessas pessoas a sua opinião para formular tal lei. Então não podemos valorizar suas opiniões a este respeito. 

Outras pessoas apoiam-se numa citação bíblica onde Moisés, o patriarca, no livro Deuteronômio cap. XVIII, vv. 10, 11 e 12, proíbe, terminantemente, tal comunicação.
Mas pensemos bem sobre isso: somente se proíbe o que existe e está acontecendo! Este fato vem, na realidade, somente corroborar com a veracidade deste fenômeno, pois, inibir um acontecimento que não existe é tão irracional quanto proibir um cego de ver a luz do sol.

Outro aspecto a analisar é o da situação vigente à época, que era muito complicada, pois o povo hebreu acabara de ser liberto de longa escravidão no Egito, onde convivera por séculos com os costumes egípcios e, por aculturação, os incorporara aos seus próprios, dentre estes a comunicação com os mortos e esta prática tornou-se comum entre os compatriotas de Moisés.
Como seu povo estava em reformulação de sua identidade, o Iluminado legislador optou por coibir esta e outras práticas alienígenas e que distorciam as origens hebraicas, usando, para isso, a força da autoridade de Deus.

O que não compreendemos é o motivo pelo qual esta lei ainda é usada e outras tantas, tal como a do apedrejamento para adúlteros, foram reformuladas ou totalmente esquecidas.
Como diziam os antigos: “o pau que bate em Chico, bate em Francisco! ” E se isso não acontece é por que os interesses de um dos lados estão sendo preservados em detrimento aos do outro.

Bastaria um pouco mais de boa vontade, por parte dos detratores, para que se chegasse à realidade sobre este assunto.
Buscando o Evangelho de Nosso Senhor, Jesus Cristo, vemos o Mestre, volta e meia, dialogando com espíritos e muitos destes sendo chamados de demônios, do grego daimon (espírito) e nada vinculado a satanismo.

Outro episódio marcante é o diálogo que o próprio Senhor estabelece, no monte Tabor, com os espíritos Moisés, o mesmo legislador que houvera proibido este tipo de comunicação, e Elias, outro patriarca Hebreu.

Mas se os exemplos do Mestre não forem suficientes, proporemos, com Allan Kardec, àqueles que insistem em dizer que esta realidade não existe, uma série de perguntas as quais se analisadas maduramente e respondidas racionalmente, sem achismos e considerações tendenciosas, os levarão a uma única resposta.

Colocando-se em terreno neutro e partindo do ponto que a alma é imortal, respondam, demonstrando “por A+B”:

1º que o ser pensante, que existe em nós durante a vida, não mais pensa depois da morte;
2º que, se continua a pensar, está inibido de pensar naqueles a quem amou;
3º que, se pensa nestes, não cogita de se comunicar com eles;
4º que, podendo estar em toda parte, não pode estar ao nosso lado;
 5º que, podendo estar ao nosso lado, não pode comunicar-se conosco;
6º que não pode, por meio do seu envoltório fluídico, atuar sobre a matéria inerte;
7º que, sendo-lhe possível atuar sobre a matéria inerte, não pode atuar sobre um ser animado;
8º que, tendo a possibilidade de atuar sobre um ser animado, não lhe pode dirigir a mão para fazê-lo escrever;
9º que, podendo fazê-lo escrever, não lhe pode responder às perguntas, nem lhe transmitir seus pensamentos.

E conforme Allan Kardec explica:

“Quando os adversários do Espiritismo nos provarem que isto é impossível, aduzindo razões tão patentes quais as com que Galileu demonstrou que o Sol não é que gira em torno da Terra, então poderemos considerar-lhes fundadas as dúvidas.

Infelizmente, até hoje, toda a argumentação a que recorrem se resume nestas palavras: Não creio, logo isto é impossível. Dir-nos-ão, com certeza, que nos cabe a nós provar a realidade das manifestações. Ora, nós lhes damos, pelos fatos e pelo raciocínio, a prova de que elas são reais. Mas, se não admitem nem uma, nem outra coisa, se chegam mesmo a negar o que vêm, toca-lhes a eles provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis. ”
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