18/05/2020 às 20h18min - Atualizada em 18/05/2020 às 20h18min

VIAJANTE, DESDE CRIANÇA – Leopoldina-MG – Anos 1960 –

Edson Gomes Santos
Acredito que as pessoas nascem com tendências e “expectativas” de vida traçadas num “plano de vida não-material”, e, de acordo com o ambiente onde nascem ou em que sejam criados,  tais “projetos” podem ou não se realizar.

Minha primeira viagem sem meus pais foi ao sítio de meus avós maternos, Antonio e Lenira, aliás, Tonico e Niroca, lá na Vargem Linda de Leopoldina. ...quem me levou?  “ELE”.  Minhas primeiras férias na fazenda da Tia Daída, lá em Santo Antonio do Aventureiro, quem me levou?  “ELE”.   Seu irmão mais velho, que tinha medo de viajar sozinho para a fazenda da Tia Daída, a quem “recorria” como companhia?  “A ELE”.   Viajar era com “ELE”.

Parece que ELE nasceu viajando.  Na sua juventude, visando aprimorar seu inglês, correspondia-se com uma japonesa e com uma chilena, para quem mandava e de quem recebia selos e outros “mimos” daqueles países.   Ouvia e correspondia com a Rádio Canadá, de quem recebia folderes, bottons e outras divulgações mais.

“Viajava” ante os belos selos japoneses e chilenos; pelas  paisagens canadenses que enfeitavam os folderes; na sua coleção de flâmulas comemorativas diversas; na sua coleção de caixas de fósforo (de papelão) de propaganda; enfim, ELE começara a “conhecer o mundo” através daquilo que os anos de 1950 poderiam lhe proporcionar.

“Atiçado” por um convite de seu primo Ary a visitá-lo, ELE começou a buscar as alternativas.  Detalhe: “Ary morava e trabalhava em Foz do Iguaçu, para onde, naquele final dos anos 1950, era extremamente difícil e caro viajar.” 

Obstinado, ELE buscou e conseguiu uma carona num dos vôos do CAN-Correio Aéreo Nacional, saindo do Rio de Janeiro. Documentação toda preparada, vai ELE para o Rio de Janeiro e, em lá chegando, constata que o vôo fora antecipado e partira no dia anterior.   Tudo perdido, menos a obstinação por VIAJAR.

“Viajava” nas músicas dos “lps” que seu pai comprara juntamente com uma aparelhagem de som “hi-fi”, quando o primo René Vitral mudou-se para o Rio.  “Viajava” no Dicionário Prático Ilustrado, editado em Portugal pela Lello & Irmãos, que sua mãe para ele comprara, com o dinheiro auferido em costuras, confecção de cintos, caseado de roupas e aplicação de ilhoses.   “Viajava” nas férias para fazendas dos tios Maninho, Nikita, Anjinho, e, em seus retornos, “prestava contas” ao seu financiador, seu pai, centavo por centavo, devolvendo-lhe eventual sobra de dinheiro.    

“Viajou” para o Rio de Janeiro lá pelos idos de 1961 e por lá ficou ...até hoje.  Quando ELE partiu, partiu também o coração de sua mãe, com quem ouvia todos os dias às 6 horas da manhã, as belas músicas sacras que eram tocadas nos alto falantes da Catedral de Leopoldina.  Cada nota tocada era uma lágrima escorrida dos olhos da, saudosa, MÃE.

ELE, meu irmão EDUARDO, continua viajando, viajando, viajando por esse mundo afora.  ELE merece!  ELE fez por onde!  ELE nasceu para viajar e conhecer novos lugares, até porque ELE é VIAJANTE, DESDE CRIANÇA!
Edson Gomes Santos – Divinópolis-MG - 2009   
  
 
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