10/04/2024 às 15h12min - Atualizada em 10/04/2024 às 15h12min

Tempo de mãe e de vó

Helenice Fonseca
Tive avós (materna e paterna) presentes até a minha vida adulta, de modo que meus filhos tiveram bisavós por um bom tempo e até mesmo a minha neta conheceu e conviveu, na primeiríssima infância, com a trisavó.

Tenho ótimas lembranças da infância com minhas avós, sobretudo com a avó paterna – Maria. Ela era do feitio da Dona Benta, personagem de Monteiro Lobato, em todos os sentidos. Contava histórias, ensinava fazer biscoitos, crochê, roupas de boneca, levava a gente para passear, fazia pasteis, deixava a gente desmanchar o penteado para refazer o coque nos seus cabelos brancos, longos e finos, enfim... coisas de vó. Ela não tinha a casa dela propriamente dita e passava temporadas na casa de cada filho, de modo que estabelecia 5 moradas anuais. Não havia um cronograma pré-estabelecido e a estadia em cada casa variava de acordo com a necessidade de cada filho/nora. A estação do ano também poderia influenciar. Já era assim, mesmo antes de eu nascer.

Com a vó Tereza, mãe de minha mãe, foi um pouco diferente, tínhamos contato semanal e me lembro dela nos fazendo vestidos, bainha nas calças compridas, fazia pequenos ajustes nas roupas, copiava modelo de revistas e até fantasia de carnaval ou roupas de festa junina. Na nossa infância (minha e de minhas irmãs) a vó Teresa era uma jovem senhora, mãe de 13 filhos, sendo minha mãe a filha mais velha e o filho mais novo nascido depois de mim. Ou seja, ela teve filhos depois que já tinha netas, de tal modo que eu conheci a D. Terezinha sendo vó e mãe ao mesmo tempo. Sua altura não passava de 1,50m, era pequena no tamanho e gigante na coragem... teve os 13 filhos de parto normal.

Eu fui mãe aos 22 anos e avó aos 40, e percebi claramente a diferença entre os dois universos e como a vó Tereza foi ainda mais guerreira ao ter filhos e netos simultaneamente. Ela não teve a disponibilidade de ser a vó tão presente quanto a vó Maria... ela ainda tinha filhos pequenos!!!

A vida de mãe é exaustiva, é tensa... nos esgota ao final do dia! Isto sem falar nas noites intranquilas de sono interrompido pelos mais variados motivos. Esta vida é para as jovens que conseguem se recuperar rapidamente de uma noite em claro. Já a avó tem a seu favor a vivência, a sabedoria daquela que já passou pelas turbulências da vida e sabe manejar bem o leme e conduzir o barco para mares mais calmos, sem pressa e com segurança.

Se por um lado a vida nos cobra a experiencia de vida para ser uma boa mãe, por outro a natureza nos cobra a energia da juventude para acompanhar o pique das crianças. Entender e aceitar que há o tempo de ser mãe e o tempo de ser vó, pode ser uma dádiva!!!
 
Helenice Fonseca
09-04-2024
 
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