25/05/2020 às 11h53min - Atualizada em 25/05/2020 às 11h53min

ÁS DO VOLANTE – Rio de Janeiro-RJ – Anos 1980 –

Edson Gomes Santos
Hoje, ter uma carta de habilitação é um fato tão corriqueiro que aqueles ou aquelas que não a têm parecem mais um ET recém chegado ao mundo Terra.

Nos anos 1950 somente os ricos tinham automóvel em suas garagens e sabíamos quem eram seus donos, sendo que de alguns deles sabíamos até a placa, como era o caso do Chevrolet preto, 4 portas, 1947(?), placa 88.21.88 ...do delegado José Gomes Domingues.

Mas, a partir dos anos de 1960, o panorama começa a modificar eos DKW, Fusca, Aero Willys, Simca, Jipe, Rural Willys, Renault Dauphine, Renault Gordini, Toyota Bandeirante, Kombi, C-10, Chevrolet Amazonas, etc., começaram a ser “popularizados”, ainda que de acesso restrito aos ricos e a uma classe média em ascensão.

O sistema de consórcio de veículos foi criado em 1962, por iniciativa de funcionários do Banco do Brasil de uma agência do interior de São Paulo, visando tornar possível a aquisição de veículos porquanto, àquela época – início da indústria automobilística brasileira – inexistiam linhas de crédito para tais aquisições.

Quanto à exigência de carta de habilitação, somente “pegou” no início dos anos de 1970, com a instituição de exame psicotécnico; exame de vista mais rigoroso; teste de alfabetização; teste de legislação e sinais de trânsito; além, é claro, do exame de direção ...onde, a tal da baliza era o terror dos habilitandos e motivo de muitas reprovações.

Mas, tempo vai tempo vem, chegamos aos anos de 1980, quando, num daqueles anos do decênio, ocorreu o fato ora relatado.

- Minha cunhada, Regina Lúcia, sempre foi uma pessoa dinâmica e, tão logo casada, apressou-se em obter sua carta de habilitação, pois, residindo no Rio de Janeiro, já nos anos de 1970, e “motorizada”, tal documento era essencial para suas atividades pessoais, maternais e laborais.

Em pouco tempo de direção ela já dava show em muitos marmanjos por aí, tal era sua habilidade na condução quer do Doginho, do TL, do Fusca, do Opala, ou de qualquer outramachinna que se lhe pusessem nas mãos ...e suas vizinhas no prédio onde ela e meu irmão moravam tinham-na como referência de mulher-macho ...no volante, é claro.

Uma das suas vizinhas iniciou aulas em autoescola; sempre comentava com Regina sobre sua evolução na arte da choferagem, visando obter, claro, o total apoio e estímulo da veterana.

Amiga habilitada; aprovação festejada; eis que Regina entra na garagem do prédio; estaciona seu carro; vê a vizinha tentando entrar numa apertada vaga; o marido dela “coordenando” a manobra; nada de ela conseguir estacionar o carro; o marido quase perdendo a paciência; daí Regina, solidária, aproxima-se do marido da amiga:

- Fulano, que surpresa agradável ver a Fulana mostrar seus dons de motorista, dentro de pouco tempo ela será um Ás do Volante.

O marido, desolado, replica: “Tomara, poiscomo está não passará de um AS...NO VOLANTE”.

Com um riso “interno”, Regina se afasta e constata como real o receio do marido da amiga.
 
 
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