19/11/2020 às 09h49min - Atualizada em 19/11/2020 às 09h49min

O GERENTE AINDA “SUBGERENTE” – Brasília-DF - Anos 1970 –

Numa das conversas que mantive com o Dr. Nelsinho, ex-colega BB em Leopoldina, narrei o caso a mim relatado pelo personagem principal, Luizinho, quando atuávamos no DESEC-BB, em Brasília.

Antigamente, no dia a dia duma agência BB, o Gerente tratava do financeiro e representativo; ao Subgerente cabia cuidar do “restante”, principalmente a gestão do pessoal; para exercer tal função os subgerentes às vezes agiam como “sargentões”; galgando posto superior – Gerência – alguns demoravam mais tempo para deixar de agir como “sargentões”; não assumiam, de imediato, a ascensão ao “oficialato”; e este caso contempla um “daqueles”.

Assume a agência um Gerente de primeira investidura; reúne-se com os funcionários, apresenta-se, expõe e traça as metas de trabalho; enfoca a disciplina, horários, CIC (a bíblia normativa do BB), etc.; demonstrando que continuava “pensando” como subgerente.

Passam-se os dias; ele “ocupa” o espaço do subgerente da agência; agia como se detivesse ambos cargos; percorria a agência com uma caderneta onde anotava suas observações quanto às condutas dos funcionários: horários das entradas;... nunca os das saídas; folhas de ponto na Gerência; tempos utilizados nos intervalos para lanches; etc.

Estendendo seu controle sobre os “tempos & movimentos” dos funcionários, passou a controlar e registrar os tempos e “vezes” gastos quando das utilizações...dos sanitários, e é claro que os funcionários, em off, começaram a ridicularizá-lo e fazer chacotas sobre o “controlador” que, no seu errôneo entendimento, imaginava estar “abafando” e impondo a disciplina correta via tais controles que, no fundo, para quase nada serviriam.

Certo dia Luizinho vai trabalhar porém, estando com uma leve disenteria, necessitou utilizar os sanitários mais vezes do que o sarGerentão entendia como “normal”.

Na primeira vez, ok!... Na segunda, o sarGerentão percebe a “reincidência”, e fica de olho!

Na terceira vez e após Luizinho adentrar nos sanitários, o “controlador” corre prá lá também e, com a caderneta nas mãos, fica à “espera da conclusão da visita”.

Luizinho, semblante aliviado, abre a porta do sanitário, dá de cara com gerente e este indaga:

- O que o senhor está fazendo aí?  Já é a terceira vez que vem ao sanitário!!!

Luizinho, irônico como ele só, dá um sorriso maroto; vira de costas; desafivela o cinto; desabotoa a calça; abaixa a cueca; e, de bunda “pro” inquisidor, diz:

- Estou com caganeira; não tem como segurar muito tempo; na cueca deve ter algum resíduo; quanto ao cheiro, é só chegar ali no vaso; e, se quiser um exame mais detalhado, eu posso abrir minha bunda e você ver as assaduras que a caganeira provocou...

Num choque de realidade, o gerente “desperta” quanto ao seu ridículo procedimento e, balbuciando, só conseguiu dizer... Tá bem!... Vira-se e, meio cabisbaixo, retorna à Gerência.

“Vitorioso” e sob olhares dos colegas, Luizinho, com um irônico sorriso nos lábios, retoma seu trabalho.

Assim Luizinho me contou.  Aqui transcrevo.

Edson Gomes Santos, Divinópolis, 07/2020
 
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