18/03/2023 às 10h54min - Atualizada em 18/03/2023 às 10h48min

Pedro Augusto vai dormir no ponto?

Paulo Lúcio Carteirinho
Foto: Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Leopoldina
 O transporte público é um problema antigo em Leopoldina: poucos ônibus circulando, ônibus lotados, tarifa cara, atrasos e até mesmo falta de ônibus.  Por mais que a população reclamasse nada era feito, afinal, como havia apenas uma empresa responsável pela realização do serviço, a mesma,  ameaçava encerrar suas atividades fazendo com que todos acabassem concordando com jeito que estava funcionando. Como diz o ditado popular: “ruim com ela, imagina sem ela”.
 
Isso fez com que o setor público ficasse refém de um modelo viciante. Vira e mexe o prefeito se via obrigado a atender interesse da empresa fazendo sucessivos aumentos no valor da passagem visando manter a realização do serviço.

Entre 2020 e 2022 tivemos no governo Pedro três aumentos: em 2021 a passagem passou de R$ 2,45 para R$ 2,75;  em 2022, de R$ 2,75 para R$ 3,00; no mesmo ano outro aumento, de R$ 3,00 para R$ 3,30.
 
Mesmo com os sucessivos aumentos no valor da passagem a única empresa responsável pela realização do serviço alegava que o negócio estava dando prejuízo e que não tinha como manter o serviço, ao ponto da empresa deixar de pagar os funcionários que iniciaram uma greve.
 
Para mim essa greve era mais um locaute, servindo para  pressionar o prefeito a realizar mais um aumento no valor da passagem. Mas dessa vez o prefeito Pedro Augusto não cedeu, manteve o valor da passagem e exigiu da empresa a realização do serviço. Como não ocorreu, o prefeito acabou tendo que tomar medidas jurídicas pondo fim no contrato com a empresa.  
 
A princípio a cidade ficou sem ônibus circulando, na verdade já estava há uma semana, desde início da greve. Isso fez com que a prefeitura improvisasse, colocando veículos próprios e até contratando alguns ônibus e vans para realizar o serviço, sendo inclusive de graça.  
 
Alguns  acharam que a prefeitura assumiria de vez o serviço implantando passe livre,  mas isso acabou não acontecendo. Pressionado, tendo que apresentar uma solução para o problema, o prefeito Pedro Augusto enviou para a Câmara um projeto de lei autorizando duas empresas realizarem a prestação do serviço em caráter emergencial. O projeto foi aprovado por unanimidade.

Logo em seguida, um novo decreto aumentando a passagem, que  passou de R$3,30 para R$3,50, quarto aumento do governo Pedro, totalizando aumento de R$0,75 desde que assumiu a prefeitura. Por fim, prevaleceu o mesmo remédio: aumento da passagem.
 
Talvez o aumento do valor da passagem faça com que o serviço torne-se lucrativo e com isso empresas queiram realizá-lo. Mas não podemos nos limitar a somente isso. O buraco é mais embaixo. O transporte público precisa ser repensado, inclusive, em 2020 cheguei a escrever algo a respeito, sugerindo a criação do projeto de Integração entre as linhas de ônibus, mas que não foi dada muita atenção.
 
Não estou querendo dizer que minha ideia deva ser  implantada, até porque não sou especialista no assunto. Mas mesmo alguém sem muito conhecimento sabe que precisamos mudar o modelo do serviço. Ter duas ao invés de uma empresa não vai resolver muito  o problema do transporte público, afinal, o modelo continuará o mesmo. O projeto de integração é um modelo interessante que vem sendo implantando em várias cidades. Algo a se pensar para Leopoldina.  Precisamos aprofundar nesse debate e espero que o prefeito Pedro Augusto não durma no ponto e  aproveite essa crise criada para  apresentar  algo novo  que venha  melhorar o serviço.  
 
Do contrário, ano que vem ele estará fazendo mais um decreto aumentando o valor da  passagem. Ano que vem talvez não, afinal é ano eleitoral e acho pouco provável um político tomar medida impopular em ano eleitoral. Mas sendo reeleito, que tudo indica que será, uma das suas primeiras medidas será aumentar o valor da passagem. Afinal, não procurou formas para aperfeiçoar e até reduzir custos.
 
Então, Pedro Augusto vai perder a oportunidade de mexer de vez no transporte público? Vai dormir no ponto?  Espero que não.

 
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