06/08/2023 às 10h19min - Atualizada em 06/08/2023 às 10h19min
A tal simplicidade...
Helenice Fonseca
Numa caminhada matinal de um domingo qualquer, eu e meu esposo, paramos numa banca de jornal, destas que se viam nas praças, e uma revista pendurada na lateral da banca nos chamou a atenção pelo nome e pela capa: VIDA SIMPLES - DESCOMPLIQUE. A ilustração da capa era um banquinho de madeira simples e muito simpático que traduzia exatamente a ideia da simplicidade. Por algum tempo continuamos a comprar mensalmente a revista naquela banca... até um dia que a banca fechou. Certamente haveria (e há) a versão digitalizada da tal revista, mas nunca despertou em nós o interesse de continuar acompanhando as publicações pelo computador. Isto foi em 2005... 18 anos atrás, o que me obriga a fazer uma correção: meu esposo ainda era um “quase namorado”, estávamos bem no início do relacionamento... nos conhecendo.
Lá em 2005 a internet já era uma ferramenta importante para o trabalho, as redes sociais estavam começando a surgir e os celulares eram apenas telefones móveis com recurso de despertador e agenda.
De lá pra cá, o mundo acelerou absurdamente, a internet deixou de ser uma ferramenta importante e passou a imprescindível, não fazemos nada, absolutamente NADA sem a internet. As redes sociais passaram a ser um dos principais meios de comunicação entre as pessoas. O comercio eletrônico parece estar “engolindo” as lojas físicas. Sites e aplicativos te “vigiam” o tempo todo e espionam seus interesses, suas pesquisas, seus acessos, para enfim te “mapearem” através do tal algoritmo e invadirem a sua tela com propagandas, ofertas e uma infinidade de mensagens e mails inúteis. Enfim, a internet não tem nada de simples!
Estamos no mundo digital, temos, literalmente, na palma das mãos informações e notícias do mundo inteiro em tempo real. Podemos visitar museus, cidades, monumentos, pontos turísticos do mundo inteiro e tudo isto pela tela de um celular que cabe no bolso de trás do seu jeans.
E cabe ainda neste bolso uma infinidade de áudios e vídeos com aulas de yoga, meditação, culinária, jardinagem, corte/costura, bordados, maquiagem, pintura e tantos outros inimagináveis. Não precisamos mais ter aquela coleção de discos do Chico, tampouco o toca-discos... nem mesmo aquelas estantes enormes do chão ao teto da sala com livros e enciclopédias (lembro aqui a década de 80, a enciclopédia Barsa – Edição Especial com a lomba impressa em ouro vendida de porta em porta por uma pequena fortuna). Tudo isto e muito mais está acessível nas benditas telas que estão o tempo todo a nos acelerar o dia. É um caminho sem volta!
Mas, ao final de cada semana meu sonho de consumo ainda é aquele banquinho de madeira na varanda de casa.
“Viver é uma paixão do início, meio ao fim
Pra quê complicação, é simples assim”
(Lenine)
