07/09/2023 às 07h57min - Atualizada em 07/09/2023 às 07h57min

No “Caldeirão” da Política, estamos no “Lar Doce Lar” ou no “Lata Velha”?

“O tokenismo é uma prática que envolve a inclusão superficial ou simbólica de indivíduos de grupos minoritários em determinados contextos, como forma de aparentar diversidade, igualdade ou inclusão, sem efetivamente promover mudanças estruturais ou oportunidades reais de participação e poder”.
 
A proximidade das comemorações da “Independência do Brasil” nos impulsiona ao dever cívico inerente a qualquer cidadão. Minhas experiências de outrora no “Ginásio Leopoldinense” (Escola Estadual Professor Botelho Reis) tornam indissociáveis minha atual qualificação técnico-profissional ao compromisso com minhas raízes.
 
Na dicotomia PROGRESSISTA versus CONSERVADOR (ou Esquerda X Direita – leia como quiser), importante alertar que nossa querida Leopoldina, não obstante governada por representante da direita (ou ultra-direita?) filiado ao ‘inclassificável’ Partido Liberal; o eleitorado no último pleito manifestou com expressiva maioria seu engajamento com as pautas combativas ao lamentavelmente produzido politicamente nos últimos 06 anos no Brasil, ou seja, os cidadãos Leopoldinenses participaram da derrocada do modelo “liberal-militar”, diante do inegável fracasso de seus prometidos resultados.
 
Entender criticamente nosso país demanda muita empatia com as massas e; avaliando toda complexidade do cenário institucional – diante da superlativa desconstrução – necessário se faz contextualizar o conceito de TOKENISMO para descortinar toda manipulação e falsidade das Elites Locais – evidenciada em tempos contemporâneos.
 
Como exercício de cidadania, eu convido cada Leopoldinense a pesquisar os patronímicos (‘nomes de família’) dos Governos nos quase 170 anos de existência da atual ‘apenas da Zona da Mata’ (Leopoldina era conhecida como Atenas da Zona da Mata, destacando-se juntamente com Juiz de Fora – a Manchester Mineira, pelo pioneirismo no desenvolvimento) e verificar que nosso inegável retrocesso deve-se, em grande parte, à manutenção de uma oligarquia política responsável pelo atualíssimo e pejorativo adjetivo “rabo de cavalo” (‘que só cresce para baixo’).
A nova política revelou como já poetizava CAZUZA: “uma versão nova de uma velha história” e a investida de ‘Outsiders’ (mutatis mutandis, ‘pessoas não ligadas à política’) merece maior atenção; já que Estes, têm utilizado práticas do Tokenismo para dar a aparência de efetividade de políticas públicas – o que uma simples e despretensiosa análise já é capaz de desmistificar.
 
Explicando a metáfora do título: O Programa “Caldeirão”, em episódio intitulado “Lar Doce Lar”, um dos quadros mais tradicionais, no qual o apresentador praticava um assistencialismo elementar, com o apoio de patrocinadores, ajudando alguma família a reformar, muito superficialmente, a sua casa; sem perder de vista o quadro “Lata Velha”, objeto de muitos litígios após a exibição, dos quais destacamos o Opala que foi transformado em uma picape e o proprietário do veículo chegou a processar a emissora por ter lhe entregado um Chevrolet Caravan fraudado. Infelizmente, é essa associação que faço ao perceber o contundente Autoritarismo tentando aproximar-se, à sua maneira, de determinadas pautas – das quais, nem de longe se identifica ou defende; manifestamente, pelo objetivo de conservação de poder e objeção da ascensão dos verdadeiros representantes do Povo ao regular e formal exercício da política.
 
Assim, os reais PROBLEMAS ESTRUTURAIS (salário médio mensal dos trabalhadores formais apenas 1,8 salários mínimos; apenas 20,9 % da população ocupada; 33% da população com renda per capita de ½ salário mínimo – dentre tantos...) do Município de Leopoldina, em verdade, padecem de efetiva solução e a utilização falseada de um mero cenário cenográfico como resolutividade dos anseios da sociedade organizada não será capaz de ludibriar a sabedoria popular.
 
Em última análise, parafraseando, os movimentos sociais representados no Grito dos Excluídos neste 07 de setembro de 2023, esta modesta manifestação cultural reverbera a utilidade pública de qualificação da participação social na pós-modernidade para enfrentamento da desinformação e autonomia do senso crítico da coletividade.
 
Edmundo Gouvêa Freitas é Leopoldinense; Mestre em Hermenêutica e Direitos Fundamentais (Universidade Presidente Antônio Carlos), Especialista em Direito Processual Contemporâneo (Faculdade Estácio de Sá Juiz de Fora), Pós-Graduando em Processo Estrutural (ESUMP-MPGO), Bacharel em Direito (Universidade Salgado de Oliveira), Coordenador da ESA – Escola Superior de Advocacia (36ª. Subseção da OAB/MG), Professor Externo da Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT), Árbitro e Mediador, Advogado Sênior e Consultor Jurídico.
 
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