18/10/2023 às 12h21min - Atualizada em 18/10/2023 às 12h21min

Vocação para Educação IV

Dora Stephan
Já faz algum tempo escrevi para este jornal três artigos exaltando a vocação para a educação que Leopoldina possui. Hoje volto a escrever, motivada por uma notícia muito auspiciosa. A Professora Lavínia Rosa Rodrigues, magnífica reitora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), assinou, recentemente, documento que sela a cessão de uso de imóvel localizado, na Fazenda Fortaleza, às margens da BR-116, no bairro Fortaleza, em Leopoldina. O prédio pertence ao Patrimônio da União, vinculada ao Ministério da Economia. A cessão de uso foi autorizada pela Superintendência de Patrimônio da União, em Minas Gerais.

É digno de registro que a primeira destinação do imóvel foi para a Educação, pois lá funcionou a antiga Escola de Formação de Professores, um dos grandes feitos históricos na área educacional em Leopoldina. A cidade sempre se destacou neste setor, no qual, não raro, foi pioneira. Para ilustrar, o avô de meu saudoso marido Luiz Antônio Costa Moreira, o senhor Pedro Costa, formou-se em Odontologia aqui. Para se ter uma ideia de quanto tempo faz isso, a minha sogra, Dona Maria Costa Moreira, filha dele, tem 106 anos. Basta fazer as contas.

Gosto de lembrar também que funciona aqui o Conservatório Estadual de Música Lia Salgado, cujo número de alunos ultrapassa 1.500 e mais de 150 professores ensinam a tocar praticamente todos os instrumentos. O conservatório é um verdadeiro espetáculo, contando com grupos de corais, orquestras etc.

Ao visitar Leopoldina há cerca de dois anos, o ex vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, irmão de um dos maiores músicos mineiros, Fernando Brant, ficou encantado com o Conservatório. Disse, na época, que o considerava um dos maiores de toda Minas Gerais, estado onde a música ocupa lugar de destaque. Esta história me foi contada pelo atual prefeito do município, Pedro Augusto Junqueira Ferraz.

Bom, mas voltemos ao tema central do artigo que hora escrevo. O novo prédio, que ainda precisa passar por uma grande reforma, irá possibilitar a abertura de novos cursos de graduação, bem como de pós-graduação - num primeiro momento, especialização e mestrado. Além disso, oferecerá mais conforto ambiental à comunidade acadêmica e propiciará a ampliação de atividades de Pesquisa e Extensão, áreas que, juntamente com o Ensino, formam o tripé de uma Universidade.

Vale ressaltar que a oferta de cursos se dará de forma gratuita, uma vez que a UEMG é uma universidade pública e gratuita e, o mais importante, de qualidade. Para comprovar esta última característica, basta dizer que na unidade Leopoldina, o corpo docente, é formado praticamente de professores efetivos e com titulação de doutor, a maioria, e mestre.

O fato de oferecer um ensino gratuito democratiza o acesso de pessoas que, se tivessem que pagar, certamente não poderiam se qualificar para enfrentarem um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e excludente. 75% do público das unidades da UEMG de todo o estado é formado por alunos advindos da escola pública.

Antes mesmo da inauguração da nova sede, já no próximo ano a UEMG Leopoldina passará a oferecer o curso de Bacharelado em Administração, de forma presencial, e o curso de pós-graduação de Gestão em Saúde, na modalidade EAD. Também está previsto mais um curso de graduação em EAD, que irá se somar ao já existente, na área de Administração Pública, cuja primeira turma se formará no final deste ano.

A principal forma de ingresso na UEMG nos cursos de Licenciatura em Pedagogia - já existente - e Administração - em fase de criação - é através de vestibular próprio, a ser realizado no início do ano vindouro.

Com a oferta de novos cursos, de imediato, e da nova sede, futuramente, Leopoldina atesta, mais uma vez, sua vocação para a Educação. A conquista da nova sede é fruto do trabalho insistente e persistente do atual diretor da UEMG de Leopoldina, professor Rodrigo Fialho Silva, que contou com o total respaldo da reitoria da instituição em BH, e dos demais gestores e professores da unidade local. As tratativas para a obtenção do prédio começaram em 2018, portanto, há cinco anos. A mudança de governo federal, a quem pertence o prédio fez com que o trâmite demorasse ainda mais, até que tudo se ajustasse novamente.

Para que as obras de reforma sejam concretizadas e Leopoldina ganhe uma universidade forte, pública, gratuita e de qualidade, com possibilidade de abrigar vários cursos de nível superior e, mais do que isso, compatível com sua inequívoca vocação para a educação, será necessário unir forças. Os governos estadual e municipal precisarão estar juntos nesse intento. Deverá prevalecer o compromisso com uma educação de alto nível e não a mesquinhez política da parte de qualquer uma dessas instâncias governamentais. O cálculo não deve ser político e sim educacional!
 
Dora Stephan
Jornalista e Professora da UEMG/Unidade Leopoldina
 
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