04/12/2023 às 16h42min - Atualizada em 04/12/2023 às 16h42min

Clima de Natal

Bernardo Guedes
Com a proximidade do Natal, recentemente o presidente Lula através do seu Twitter pediu que as famílias brasileiras se perdoassem pelas brigas políticas. Como resposta recebeu alguns comentários rechaçando a ideia.

Penso que tais brigas na verdade se afloram muito também por problemas mal resolvidos no passado, comunicação mal feita e falta de compreensão do jogo político, o mais real de todos.

Problemas dentro de um círculo que dificilmente determinado familiar conseguiu agir com autenticidade. Ou que também por medo do seu superior hierárquico, não conseguiu exprimir a convicção, fruto de sua educação e ser considerado um atrevido. O conhecimento liberta, e, na medida que as pessoas têm mais acesso à informação, a expressão “na minha casa mando eu” vai perdendo o sentido.

O aplicativo WhatsApp divulgou nota afirmando que o brasileiro é quem mais manda mensagem de áudio no mundo. Um dado que preocupa, uma vez que as pessoas estão perdendo o hábito de escrever, sob o fundamento de que é mais rápido e mais fácil gravar a própria voz. Comodidade à parte, acredito que não seja só comigo, mas a percepção é que determinados áudios são verdadeiros podcasts, razão de grande ansiedade. Em situações urgentes percebo que os mais jovens abrem mão de uma ligação para insistir no recurso da gravação que poderá ser usado fora de contexto, rasgando o princípio constitucional da não autoincriminação.

Já parou para pensar que a pessoa que irá receber o áudio pode não querer receber? Que não será falta de educação se ficar sem resposta, pois para ela é inconveniente gravar enquanto está caminhando na rua ou porque simplesmente não gosta da sua voz? E que é muito chato quando em um grupo de amigos ou família com mais de 100 (cem) integrantes surja uma imposição política através de centenas de áudios porque só vale a verdade de cada um? É como se fosse uma briga de rua generalizada só que sem chegar as vias de fato num ambiente digital, aonde a maior perda é no laço afetivo.

Salmos 115:16 traz o seguinte: “Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.” Se os bons não ocuparem os espaços destinados à política, que serão aqueles que irão liderar, os maus ocupam. Só que para alcançar o poder o bom no caminho de espinhos poderá ter que fazer concessões e alianças necessárias ao bem comum. Não é porque o bom aceitou conversar com alguém que não tenha um passado limpo, que ele irá se sujar. Mais fácil ele se manchar no meio do caminho por deslumbramento, do que pelo diálogo.

Quem te conhece de verdade estará contigo até o final, independente de qualquer coisa. Natal é tempo de perdão e um momento de revermos que nossa missão aqui é temporária. Não há razão para engessar sentimento por conta de uma convicção que outrora possa mudar. Por isso, perdoe. Um Feliz Natal e um Próspero Ano-Novo.
 
 
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