02/02/2023 às 11h07min - Atualizada em 02/02/2023 às 11h07min

Domi habuit unde disceret (Teve de quem aprender em casa)

Luiz de Melo Sobrinho
Mons. Chamel, ou Padre Antônio, como sempre foi carinhosamente chamado, descendente de uma família libanesa de consistente tradição religiosa, desempenhou, com muito zelo e dedicação, ao longo de 60 anos, sua sagrada função sacerdotal. Sempre pronto e disponível para atender a quem dele precisasse.
 
Sua formação sólida começou em casa, onde se respeitavam os princípios altaneiros da dignidade humana. E se aprimorou com a Latinidade, a Filosofia e a Teologia que o Seminário lhe proporcionou. Desde cedo, percebeu a cintilação da cultura clássica e a premência de acertar o passo pelo caminho da verdade e da justiça. E aprendeu a harmonizar os ditames da cultura com os hábitos rotineiros da vida prática. Detentor de invejável potencial de adaptação, sempre soube, facilmente, colocar-se no nível de seu interlocutor, facilitando uma conversa amena, fluente e agradável. Daí, a admiração e estima que se tinha por ele. Sua grandeza humana se revestia da simplicidade que o momento sugeria e que a todos encantava.
 
No seu habilidoso procedimento de aprender, ensinar, viver e conviver, cumpria-se fielmente a passagem de Eclesiastes "Quid addit sapientiam addit et laborem" (O que aumenta no saber aumenta no trabalho). Padre Antônio jamais foi de guardar a cultura na e para a mente como algo decorativo. Sabia, com simplicidade e elegância, inseri-la no afazer de dia a dia. 
 
A Diocese perde e os diocesanos perdemos uma fonte segura de saber e cultura, uma presença amiga e reconfortante, um conselheiro afável, simples, objetivo e confiável. Mas, em compensação, ganhamos um santo que, no reino da eternidade, há de zelar por nós. Ele cumpriu os requisitos e praticou, em alto grau, as virtudes cristãs, tornando-se detentor inconteste das prerrogativas de um santo. 
 
Fisicamente, não o temos mais entre nós. Mas, por seu legado de inestimável significado humano, ele permanece em nossa vida "ad perpetuam personae memoriam". (Para a eterna lembrança de sua pessoa).
                                   
 
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