17/05/2023 às 16h45min - Atualizada em 17/05/2023 às 16h45min

CARTAS – Ontem, hoje e “amanhã”?

Edson Gomes Santos
Atualmente, como a maioria das pessoas, recebo “cartas” uma contendo boleto bancário, outra a fatura do cartão de crédito, mais outra um aviso de multa, enfim, tão somente avisos de responsabilidades ou mensagens institucionais.

Carta, do grego khartés, folha de papiro para escrita, gerou derivado latino charta, aportando no português como carta, tornando-se fonte e espelho de uma época como meio de comunicação utilizado entre as pessoas; as novas tecnologias arrasaram com suas forma e fama, deixando de encurtar distâncias físicas e emocionais pessoais através das cartas, restando-nos, hoje, somente as cartas/comunicações institucionais.

Em setembro/22 estive em Leopoldina e, na Feira da Paz, encontro com uma prima a quem eu havia escrito e destinado uma carta em junho que, após saudoso e revigorante abraço, diz:

 - Recebi sua carta, certifiquei quem remeteu e, antes de abrir o envelope, pensei: Uma carta!... Hoje não escrevemos cartas como antigamente.

Nada contra os novos meios de comunicações pessoais, uso-os, porém não tenho dúvidas de que ao comunicarmos com pessoas queridas por meio de cartas, extensas ou não, estamos transmitindo sentimentos àquelas pessoas em cada letra, palavra, frase e texto redigido, sentimentos tais, não tenho dúvidas, aflorarão no coração de cada uma delas nas leituras.

Nos meus guardados tenho cartas a mim dirigidas por amigos, amigas, irmãos, irmã, pais, namoradas, algumas com quase 60 anos e, cada vez que resgato algumas delas para releitura, transporto-me àqueles tempos a cada palavra transitada pelos meus olhos e as realoco no coração das lembranças... é delicioso curtir tais momentos... revigoram... relembram... reportam-me àquelas pessoas, muitas delas já não presentes no Plano Material e então, delas, resgatamos nossas SAUDADES e FELICIDADE por havê-las conhecido.

Algum tempo atrás, tentando localizar amigo que não vejo há quase 50 anos, lanço seu nome no Google e me aparece um artigo jornalístico da Tribuna de Santos- SP onde meu amigo Gilberto é o personagem lá focado, como um irredutível... escritor de cartas.

“Purista”, ele escreve suas cartas à mão; tem uma CP – Caixa Postal – na agência dos Correios próxima da sua residência; apesar de não abrir mão dos recursos modernos à sua disposição para comunicações diversas, considera-se um baluarte na “defesa” das cartas.

Tudo indica que a comunicação manuscrita entre as pessoas tende ao caminho do desuso, tornando-se, no futuro, algo como que démodé e incompatível com as “novas” formas de comunicação.

Elaborando este texto, vêm-me à mente o hábito do meu pai se comunicar com minha mãe através de bilhetinhos, hábito tal que inspirou-me escrever a crônica Os Bilhetinhos de Amor, já publicada no Leopoldinense.

Quanto às cartas, neste mês de abril/23 já escrevi três delas a pessoas amigas.

Então, Leitores e Leitoras, que tal escreverem uma carta para alguém que tem parte integrante em sua Vida, colaborando para as cartas manuscritas não morrerem?
                                                                                                      
                                                                            
    
 
 
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