Não só professor, bem como escritor, cidadão, esposo e, sobretudo, leopoldinense por opção, dedicação e AMOR, é, sem dúvidas, um ser humano de íntegra cepa, daí estando eu em Leopoldina em julho último, deparo com ele na esquina da Tiradentes com Cotegipe e após cumprimentá-lo, iniciamos prazerosa conversa em que recordei de quando ele chegou a Leopoldina, no já distante ano de 1966, época em que eu estudava no Ginásio, cursava a 4ª série, porém eu não tinha detalhes de como ele “aportou” e detinha curiosidade em saber como foi.
Ele, com aquele amável e simpático sorriso, relata que estudava em Roma e num período de férias dirigiu-se à França para aprimoramento do idioma no Instituto Aliança Francesa, ocasião em que conheceu a leopoldinense Dionéia Batista, professora de francês no Ginásio que lá também estava estudando.
Tempos depois, retornando ao Brasil já com a finalidade de lecionar e estando em Juiz de Fora para início da docência, resolveu visitar a amiga Dionéia que o levou a manter contado com o Diretor do Ginásio, Monsenhor Guilherme, ocasião em que lhe foi apresentada proposta mais vantajosa que a de Juiz de Fora e ele aceitou.
De lá para cá, decorridos 57 anos, ele casou, constituiu família, evoluiu profissional e intelectualmente, transmitiu conhecimentos para milhares de alunos e alunas, galgou postos mais elevado na docência, dirigiu faculdade, enfim, uma vida repleta de merecidas e vitoriosas vivências, sendo um dos fundadores e membro ativo da ALLA.
Como professor, contou-me algumas passagens vivenciadas e como Diretor de faculdade em Cataguases, narrou um “caso” que denota, além de suas habilidades docentes, ele deter a capacidade de gerar fino humor e ante sua autorização verbal, registro aquele “caso”:
Versado e “letrado” em latim, ele recebe convite de um dos Juízes de Direito da Comarca de Cataguases no sentido de elaborar um curso para juízes, promotores e advogados, visando ministrar-lhes aulas sobre o idioma latino com foco na sua utilização no Direito, cujo objetivo maior seria o aprimoramento daqueles profissionais.
- Professor Melo, diz o juiz, pretendemos um curso sobre latim focado no Direito, cabendo ao senhor delineá-lo e estabelecer os preços para os participantes... preço que o senhor definir.
Por questão de indisponibilidade de tempo ele recusa o convite porém, após duas tentativas e ante a insistência dos interessados, ele resolveu delinear conteúdo, forma e duração do evento; solicitou quantos e funções dos futuros alunos; constatando haver desembargadores, juízes, delegados, promotores, advogados dentre os interessados, sua “veia” de humor logo se fez presente e em contato com o Juiz-organizador, indagou:
- Prezado, ante o naipe e funções dos futuros alunos e em caso de vocês não gostarem do curso e resolverem não pagar por ele, a que instância deverei me dirigir para receber meus proventos, sabendo eu estar “cercado” por todos os lados?
Pois é... bom humor, simpatia, competência, solidariedade e tudo isso agregado à História de Leopoldina através desse sul-mineiro – leopoldinense por opção e adoção – querido e amado por todos aqueles que com ele tiveram e tem oportunidade de conviver.