Desenhista, chargista, cronista, fotógrafo, escultor... na verdade um curioso
Baseado em fatos surreais
Luc Luciano
E ali tô eu de novo no agora nem tão cheio ponto de ônibus da Carlos Luz. Eram 16 horas da tarde, como diria o Edinho da Rádio. Não era calor o que sentia os presentes, era desespero. Uma vizinha, servente de escola, saiu do lerê lerê às 14h, mas como só tinha ônibus às 16:30, estava ali no banco feito frango no rolete. Não sei se saia dela mais suor ou mais “elogios” a quem definiu os horários.
Ao lado um compridão cheio de timdóida querendo saber o horário do ônibus pra “Cataguáis”. Tinha acabado de passar um, mas ele ocupado com a meiota não viu.
- Isso aqui tá bagunçado! disse o bendito.
Depois dele me perguntar pela terceira vez pelo ônibus resolvi sair dali. Depois pegaria outro ônibus. Fui a uma loja.
Cercado por um mala querendo saber a cor da mula sem cabeça, acabei demorando. Voltei depois das 18h. O Ponto tava cheio. Pessoal voltando pra casa e outros indo para as escolas. O sol tinha ido embora, mas o calor dos infernos não. Uma crente dizia que era “o fim” chegando. E eu torcendo pro ônibus chegar antes do fim.
E lá na esquina apontou o de Piacatuba. A vontade era de pegar até ônibus errado só pra sair dali. O ônibus encosta e êis que escuto do outro lado: “É pra Cataguáis?”. Era ele. O compridão numa ventania que só vendo. Depois de encher o ouvido dos presentes, pensando ser um banco, senta numas caixas de compras e começa a discutir com o trocador que queria guardá-las no bagageiro.
A dona das compras brava igual uma onça:
- Eu devo ter posto fogo na cruz! Sai daí infeliz!
Depois de alguma balangação de beiço, o Leopoldina Turismo sai pra Piacatuba. O compridão aparentemente sossega.
Vão chegando mais alunos da UEMG/Polivalente, Luiz Salgado Lima e Unipac. E isso já me faz antever o “fim” que a crente disse.
E lá vem o Viação Paraibuna e um moleque cutuca o compridão:
- Ou! O Cataguases chegou!
- Hêin? Chegou? Então tá chegado.
- Você não vai nele?
- Eu não. Só queria sabê as hora.
Antes que eu entenda o papo, chega o ôns para o Pirineus.
Pra não perder o costume, o tumulto se forma na porta da Arca de Noé. Depois do Tarifa Zero então, virou uma estufa. Se não morrer na viagem, você paga os pecados que nem cometeu ainda. Espero todos entrarem. E nem sei como, consigo passar pela roleta. Já fico na porta de saída para qualquer emergência.
Pra variar, na Praça do Urubu descem três e sobem vinte.
Uma bitela segurando uma vara de cortina berra:
- Esse morro é muito Ingride pra subir com tanta gente.
- Desce então e empurra o ônibus que já diminói o peso. Responde um magrinho encrenqueiro que acabou de subir.
- Isso é gordofobia! Gritou um no fundo.
A bitela concorda e vai pra cima do magrinho.
- Ééé... Se eu procurar um adêvogado cê tá no sal.
- Cê divia procura é um regime.
- Aqui o regime oh! E ela ameaça com a vara da cortina.
Depois de umas rateadas o ônibus chega no Chafariz e desce metade da plateia junto com a atração, o magrinho e a bitela, que na confusão acabou trocando a vara da cortina pela bengala do Jorge Cego.
Sentado na praça, Tetéu que não fica nada a dever ao compridão solta seu bordão:
-Maiiiix qui doideira hein!
ESSA VAI PRA HISTÓRIA:
"O bicho tá pegano na Faxa de Gás." Ouvida na Praça do Urubu, segundo José Eduardo Alvim
"Ou morre de calor, ou morre quando a conta da Energisa chegar." Junior Buonincontro no Facebook
"A casa tem dois quartos, uma sala, e uma cozinha e uma varanda do lado de fora." Anúncio em Leopoldina. Existe varanda do lado de dentro?
