19/11/2023 às 17h19min - Atualizada em 19/11/2023 às 17h19min

Montenári, eu, Vitalino e o E.T. de Leopoldina

Luc Luciano

Luc Luciano

Desenhista, chargista, cronista, fotógrafo, escultor... na verdade um curioso

Luciano Baía Meneghite
Não tinha muita ligação pessoal com Luiz Carlos Montenári, poucas vezes conversei pessoalmente com ele. Meu pai sim tinha amizade antiga, além da ligação profissional, como escrevi no texto sobre seu falecimento.  

Montenári sempre me elogiava em seus programas, principalmente pelas charges. Inclusive ele foi “vítima” algumas vezes. Uma única ocasião demonstrou aborrecimento por uma crítica política que lhe fiz, mas nada de pessoal.  Sempre reconheci seu grande talento, apesar das limitações impostas pela cegueira. Mesmo quando errava não via como intencional, mas por falta de melhor assessoramento.

Mas o que quero lembrar é de dois casos engraçados que ele noticiou e eu fui o culpado.

Um deles quando numa transmissão de carnaval há 20 anos o deixei emocionado. O famoso carnavalesco Vitalino Duarte, doente, estava internado em Juiz de Fora e viria a falecer pouco tempo depois. Montenári postado na Praça General Osório transmitia e comentava os desfiles junto com a equipe da Rádio Jornal. Mesmo cego, “enxergava” detalhes curiosos que outros não se atentavam. Durante o desfile do bloco “Gigantes da Usina”, o boneco gigante do Vitalino se aproximou de Montenári e lhe estendeu a mão como fazia o Mestre Vitalino verdadeiro; isso no momento exato em que falava da alegoria. Avisado por algum assessor, Montenári cumprimentou o boneco e ficou impressionado pela coincidência meio sobrenatural. Tanto que no dia seguinte voltou a comentar o fato no ar.  Acontece que nada tinha de sobrenatural. Carregando o boneco estava eu com um fone de ouvido e um radinho de pilha ouvindo a transmissão para me orientar sobre o desfile. Nunca contei isso a ele.

O E.T.

Montenári em seus programas falava de tudo ou quase tudo e até casos ditos sobrenaturais eram notícia. Já foi na busca de suposto Disco Voador que depois foi dito se tratar de balão meteorológico. Pouco depois da suposta aparição do E.T. de Varginha e de casos de “Chupa-cabras” em diversos pontos do Brasil, cobriu a morte misteriosa de vacas no distrito de Tebas, também atribuída ao ser misterioso. Eis que em um programa Montenári noticia o aparecimento de um Extraterrestre no morro da Unipac. Mas neste caso ele foi informado do que se tratava. E passou mais de uma semana esculhambando o E.T.


- Era só o que .faltava. E.T aparecendo lá em cima na UNIPAC. Será que tava fazendo Faculdade? Bando de vagabundos assustando alunos. Foram mais ou menos assim as falas de Montenári.

A verdade é que eu havia feito um boneco de um E.T para o carnaval e emprestei a um primo e um amigo, ambos com uns 15 anos e “sugeri” a brincadeira. Ou seja, fui o mentor intelectual do crime que agora já deve estar prescrito. Enquanto um segurava o boneco na beira da estrada, o outro batia o flash de uma câmera velha que também emprestei e causava o efeito especial da aparição do bicho. Deixando claro que alertei para não assustarem motoristas ou pessoas idosas. Uma viatura apareceu e quase leva preso o E.T. Em outra ocasião prenderam alguns bonecos de Judas na Cohab Velha, mas aí não tive culpa nenhuma.

 Achei um exagero uma das alunas chamar a Polícia para uma brincadeira boba e sem maiores consequências, mas depois ri do acontecido e da repercussão dada pelo programa de rádio de maior audiência de Leopoldina.
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